Presente na vida das pessoas, há não mais de duas décadas, as redes sociais estão sob permanente escrutínio. Se, por um lado, trouxeram muitas vantagens, contribuindo para facilitar e até mesmo criar uma série de novas possibilidades, elas também têm aspectos negativos.
Um deles é o fato de fazerem com que muitas vezes a fronteira entre o mundo real e o virtual desapareça. Essa situação já foi algumas vezes fruto de uma analogia moderna do Mito da Caverna, de Platão. Encantados pelas possibilidades e pelo mundo diante de seus olhos em dispositivos e telas, acabam presos numa realidade paralela, formada predominantemente por imagens.
Desde a criação da câmera frontal, e até mesmo antes dela, as selfies (embora antes tivessem outro nome) são uma das principais formas de expressão. Cerca de 24 bilhões de fotos são identificadas como selfies no Google Photos. E, é claro, emojis e filtros fazem parte do pacote. Os filtros e outras ferramentas de edição de fotos rapidamente se tornaram populares e com eles muitas das fotos postadas estão cada vez mais distantes da realidade.
Lei pode obrigar identificação de imagens alteradas
Preocupado com os efeitos e os riscos psicológicos que isso representa para a sociedade, um deputado britânico propôs uma lei que obriga anunciantes e editores a identificar imagens digitalmente alteradas. Se aprovada, ela também pode incluir o conteúdo compartilhado por influenciadores digitais. Ao defender a proposta no parlamento, ele argumentou que os filtros estão criando uma aspiração irreal e inatingível e mencionou celebridades que tornaram pública sua luta com a imagem de seus corpos e transtornos como ansiedade.
Uma pesquisa conduzida pelo Google revelou que fotos podem causar impacto negativo na saúde mental das pessoas, especialmente nos jovens, quando elas não têm consciência de que foram alteradas. Desde então, a empresa atualizou seus smartphones para que a configuração padrão dos recursos de retoques em imagens seja desligada.
Há poucas semanas, executivos do Facebook, TikTok e Snapchat compareceram à Comissão de Mulheres e Igualdade, do parlamento do Reino Unido, que avalia a proposta da lei. Eles defenderam o uso de filtros e ferramentas de edição de suas plataformas como um recurso de entretenimento.
O debate deve se prolongar até que se chegue a um consenso, assim como é visto em relação a questões que envolvem privacidade e concorrência no setor de tecnologia. Ao que parece, a sociedade está diante de um cenário similar aos dos filmes futuristas em que a realidade e o mundo virtual se confundem e é preciso encontrar o quanto antes soluções para evitar os efeitos negativos das redes sociais nas vidas das pessoas.
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