Desde os anos 1970, o mundo acadêmico passou a se preocupar cada vez mais com o problema ambiental, num círculo ainda restrito. De lá para cá, o tema ganhou a difusão na cultura pop: no cinema, na música, nos quadrinhos, nos telejornais, nas séries e nas novelas. Em 2004, o filme “O dia depois de amanhã”, considerado a maior bilheteria já registrada para uma obra sobre desastres naturais, gerou mais de US$ 500 milhões aos seus produtores. Ele trata de um cenário apocalíptico, mostrando personagens que tentam sobreviver a uma mudança climática repentina causada pela atividade humana. Foi um dos assuntos mais comentados daquela época, e ajudou a influenciar os debates sobre ambientalismo. Agora, quase duas décadas depois, o bilionário mercado de games, com imensa penetração, principalmente entre os jovens de todos os cantos do planeta, entrou definitivamente na luta pela conscientização ambiental.
A indústria de games firmou esta semana um compromisso para transmitir mensagens ecológicas, principalmente em relação ao problema das mudanças climáticas, nos roteiros de alguns de seus principais jogos. Os populares Angry Birds, Golf Clash, Subway Surfers e Transformers: Earth Wars fazem parte do projeto. O mercado global de games para computador é gigantesco. Movimentou no ano passado mais de US$ 120 bilhões, o equivalente a quase R$ 700 bilhões. A expectativa do setor é que esse número ainda cresça substancialmente este ano, já que, com o isolamento social, aumentou a procura por entretenimento em casa. Apenas no mês de março, que tradicionalmente não é um dos mais fortes para o setor, as vendas de games chegaram a US$ 10 bilhões. O Brasil é o décimo terceiro maior mercado do mundo, com uma movimentação de R$ 5,6 bilhões, gerados por mais de 75 milhões de jogadores.
A conscientização sobre a questão do aquecimento global e sua relação com o acúmulo de gases de efeito estufa, emitidos pela queima de combustíveis fósseis, é uma das medidas recomendadas pelo painel da ONU sobre mudanças climáticas, o IPCC, e consideradas pelos especialistas como fundamental para manter o problema bem dimensionado. Mesmo que os cálculos possam variar razoavelmente, há um consenso científico de que, conforme for avançando no século 21, os problemas acarretados pelas mudanças climáticas serão cada vez mais dramáticos, impactando a economia e a qualidade de vida de populações inteiras. Nessa situação, contar com o apoio de um mercado tão influente sobre um imenso contingente de pessoas, é um dos passos decisivos para algo não menos importante do que garantir o nosso futuro no planeta.
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