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Antecipação de recebíveis no transporte contorna desafios

por admin

As dificuldades enfrentadas pelo mercado nos últimos dois anos fizeram com que as empresas passassem a procurar alternativas para incrementar o fluxo de caixa, movimentar o capital de giro e sustentar suas operações.

A alta nas taxas de juros e a inflação impactaram todos os setores, em especial transporte e logística, e a antecipação de recebíveis voltou a ser bastante utilizada em preferência aos empréstimos tradicionais.

Para se ter uma ideia do cenário desafiador, a taxa básica de juros, a Selic, fechou 2021 em 9,25% ao ano, o maior patamar desde julho de 2017, segundo dados do Banco Central. O reajuste em dezembro fez com que os juros subissem 7,25 pontos percentuais no ano passado, o avanço mais expressivo da série histórica.

Enquanto isso, o crédito ampliado contratado pelas empresas atingiu R$ 4,6 trilhões, de acordo com as últimas informações divulgadas pelo BC em novembro de 2021, influenciado principalmente pelo aumento de 1,3% em empréstimos e financiamentos.

E nesse contexto, a inflação também vem minando a capacidade das empresas. Com alta de 0,73% em dezembro, encerrou 2021 com aumento de 10,06%, a maior taxa acumulada desde 2015, quando foi de 10,67%, e extrapolando a meta de 3,75% definida pelo Conselho Monetário Nacional para o ano passado, cujo teto era de 5,25%. Os dados são do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Esse resultado de 2021 teve influência direta do grupo de transportes, que apresentou a maior variação (21,03%) e o maior impacto (4,19 pontos percentuais) no acumulado do ano. Para o gerente do IPCA, Pedro Kislanov, o segmento de transportes foi afetado principalmente pelos combustíveis. “Com os sucessivos reajustes nas bombas, a gasolina acumulou alta de 47,49% em 2021. Já o etanol subiu 62,23% e foi influenciado também pela produção de açúcar”.

Outro destaque nos Transportes foi o preço dos automóveis novos (16,16%) e usados (15,05%). “Esse aumento se explica pelo desarranjo na cadeia produtiva do setor automotivo. Houve uma retomada na demanda global que a oferta não conseguiu suprir, ocorrendo, por exemplo, atrasos nas entregas de peças e, às vezes do próprio automóvel”, completa Kislanov.

E para driblar esse momento, conseguindo crédito de maneira menos burocrática e com taxas menores que as linhas tradicionais, a antecipação de recebíveis se difundiu ainda mais.

Segundo José Fernando de Abreu, CEO da Lupeon, startup de gestão de fretes rodoviários, aéreos e de correios, a antecipação facilita o acesso ao crédito. “Com a alta de juros e da inflação, as empresas estão buscando outras formas de se financiar, e essa ferramenta voltou com força. Por isso, investimos em oferecê-la no setor logístico”, diz.

A Lupeon começou seu processo para ofertar a antecipação de recebíveis no início de 2021, envolvendo parceiros e integrando plataformas. A operação teve início em novembro, com R$ 2 milhões, valor que saltou para R$ 5 milhões em janeiro e, segundo a empresa, a previsão é antecipar R$ 50 milhões até o final do ano.

Como a startup concilia mais de 200 milhões em fretes mensalmente, o objetivo é alcançar ao menos 30% dessa movimentação dentro do sistema de antecipação.

De acordo com Fábio Barbosa, diretor de vendas e marketing da Lupeon, o sistema é de fácil acesso e teve uma resposta positiva do mercado. “Basicamente nós trabalhamos na gestão e auditoria de fretes. A indústria contrata a plataforma da Lupeon para auditar os CTes (Conhecimento de Transporte Eletrônico), e após essa validação, o transportador pode fazer a antecipação dos recebíveis.

A startup avaliou a necessidade das indústrias em terem que alavancar prazos de pagamento, que, consequentemente acabam inviabilizando a operação do transportador, “que termina indo atrás dos bancos ou em alguns casos até aliena seu caminhão. Com a antecipação, o transportador não precisa se endividar e dá a garantia do que tem a receber”, finaliza Barbosa.

Website: http://lupeon.com.br/

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