Projeto está entre os 10 finalistas do Solve For Tomorrow 2022, que está em sua 9ª edição brasileira e é voltado, exclusivamente, para alunos e professores da rede pública
Um grupo de três alunas da Escola Estadual Ângelo Scarabucci, na cidade de Franca, interior de São Paulo, está concorrendo à 9ª edição do programa Solve For Tomorrow Brasil com um projeto desenvolvido para remover agrotóxicos e outros resíduos de insumos agrícolas de água contaminada. O protótipo está entre os 10 finalistas do programa global da Samsung, que é conhecido por desafiar alunos e professores de escolas públicas a criar soluções que gerem impacto positivo na sociedade, com base na experimentação científica e/ou tecnológica por meio da abordagem STEM (sigla em inglês para Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática).
A ideia do protótipo surgiu quando o professor de biologia e orientador da equipe, Henrique Pereira, provocou a curiosidade da classe sobre a história, o contexto e a importância do café, responsável por grande parte da movimentação econômica da cidade. “Existe uma grande quantidade de agrotóxicos utilizados em plantações de café e, nos últimos anos, temos visto um aumento na utilização”, explica. As alunas decidiram trabalhar com a questão dos agrotóxicos após enxergar a problemática ambiental, já que o uso está relacionado a danos ao ecossistema, impacto negativo no lençol freático, risco aos animais e poluição de rios. “Os agrotóxicos usados em plantações podem contaminar a água que, muitas vezes, é consumida por pessoas da região. Então, nosso projeto tem o objetivo de tratar essa água antes de seu consumo”.
A proposta da equipe é filtrar a água contaminada utilizando frutos de Macaúba, uma palmeira muito presente na região. Por isso o nome do projeto: Macafiltro. Dentro desses frutos, existe uma estrutura chamada endocarpo, que as alunas transformaram em carvão. A ideia do projeto é usar esse carvão para a filtragem da água, uma vez que a cidade não conta com uma rede de tratamento em área rural e muitas pessoas consomem a água do rio ou de uma nascente.
“Essa água normalmente vai direto para a caixa d’água de residências rurais da região. E a intenção do projeto é tratar a água antes que ela chegue às casas, acoplando um filtro nos canos que as abastecem. A ideia do protótipo é produzir o filtro de cano PVC preenchido com o carvão da macaúba, triturando o carvão para que ele possa adsorver uma maior quantidade de substâncias durante o processo de tratamento. Por fim, a água teria que passar pelo filtro obrigatoriamente antes de chegar às residências. E por se tratar de um fruto pouco aproveitado e muito comum na região, o filtro desenvolvido pela equipe teria baixo
Alunas da Escola Estadual Ângelo Scarabucci, finalistas do Solve For Tomorrow 2022
As três alunas agora estão em processo de mentoria com a equipe do programa, que dá orientações sobre próximos passos e possíveis melhorias a serem aplicadas no protótipo. Para Henrique, a mentoria é uma forma de fazer com que as alunas trabalhem sob outras perspectivas. “Sabemos que o papel do mentor é mostrar o caminho, mas que o projeto é delas e ninguém vai fazê-lo por elas. Agora, elas foram incumbidas de aplicar essas transformações e trazê-las para a realidade do programa”.
“Estamos muito contentes em observar como o Solve For Tomorrow tem contribuído para uma melhora na qualidade de vida das pessoas. A água é um dos bens primordiais que a natureza nos dá e está diretamente ligada à saúde das pessoas. É inspirador como o conhecimento e a criatividade dessas alunas poderão trazer mais segurança à população local”, afirma Anna Karina Pinto, diretora de Marketing Corporativo da Samsung Brasil. “Na Samsung seguimos uma visão global de Responsabilidade Social da empresa, chamada de ‘Together for Tomorrow! Enabling People’, que busca capacitar futuras gerações para alcançarem seu pleno potencial por meio da educação”.
“Esse projeto mostra a potência que a escola tem de propor soluções para desafios reais da comunidade”, afirma Beatriz Cortese, Diretora Executiva do Cenpec. “Vale destacar, também, a importância da mentoria para o refinamento das propostas das equipes finalistas. Por meio dela, docentes e estudantes têm ainda mais contato com a aplicação prática da ciência e da tecnologia. Esse é, sem dúvida, um processo de aprendizagem muito valioso”.
Henrique conta que houve grande comoção com o anúncio de que as alunas foram selecionadas para mais uma etapa do Solve For Tomorrow 2022. “Uma das estudantes se emocionou bastante. Ela é muito dedicada e finalmente viu seu comprometimento gerando frutos. Participar de programas como esse pode ser trabalhoso, mas desperta a motivação de todos, inclusive de nós professores. Para mim, a educação nos dá a chance de mudar a realidade desses alunos. E além de falar, agora estamos mostrando isso a eles. A educação é o caminho para trazer bons resultados às vidas dessas meninas”, conclui.
Solve For Tomorrow
O Solve For Tomorrow está no Brasil desde 2014 e, na edição atual, tem uma programação diversa composta por webinars, workshops e mentorias para ajudar os participantes a alcançarem seus objetivos aplicando possíveis melhorias a seus projetos. No total, a iniciativa já envolveu mais de 168.559 estudantes, 36.420 professores e 6.049 escolas públicas. E em 2022, registrou um aumento de 65% no número de alunos inscritos, em comparação ao ano anterior.
A edição brasileira do Solve For Tomorrow conta com uma rede de parceiros, como a representação no Brasil da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO no Brasil), da Rede Latino-Americana pela Educação (Reduca) e da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI), além do apoio do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e a coordenação geral do Cenpec.
Para saber mais sobre o programa, acesse https://respostasparaoamanha.com.br/ ou acompanhe o Solve For Tomorrow nas redes sociais. A iniciativa está presente no Facebook, Instagram e YouTube.