O risco político está em alta este ano e é uma das maiores fontes de apreensão em relação ao desempenho econômico global. A avaliação é da Coface, empresa que atua na área seguro de crédito, em seu mais recente estudo global Coface Country Risk, que abrange 160 países.
Para a Coface, não há dúvida de que 2024 será um ano tumultuado, com eleições em mais de 70 países, incluindo sete dos mais populosos do mundo, e abrangendo metade da população mundial, ou 55% do PIB global. A onda de eleições, recorda o levantamento, começou em janeiro em Taiwan e vai se estender até novembro, nos Estados Unidos.
O estudo lembra que da Índia ao México, passando pela Áustria, Tunísia, Indonésia e El Salvador, “as eleições fornecerão uma oportunidade para que ventos populistas varram todos os cinco continentes. Isso dará impulso extra a uma tendência que se enraizou nos últimos dez anos e mais: o aumento da agitação social e da instabilidade (geo)política”, diz o texto.
De acordo com Ruben Nizard, economista da América do Norte e Diretor de Risco Político da Coface, “com este calendário eleitoral supercarregado no horizonte, nosso mais recente índice de risco social e político destaca que a vulnerabilidade social e política está acelerando ao redor do mundo, criando incerteza e instabilidade em igual medida para nosso ambiente. A pontuação média global subiu para 38,6%, não muito longe do pico de 2021 (39,4%) após a crise da Covid-19, e acima dos níveis pré-Covid (média de 2016-2020: 36,9%). Nossos indicadores têm anunciado que estamos entrando em uma nova fase para esses riscos desde o início da década.”
Essa perspectiva foi um dos fatores que fizeram a Coface prever redução no crescimento do PIB mundial para 2,4% em 2024, depois de ter crescido 2,7% no ano anterior. Será o menor índice de aceleração desde 2011, com exceção da queda de 3,0% registrada em 2020, no pico da pandemia.
De acordo com Patricia Krause, economista-chefe da Coface América Latina, o ritmo menor da atividade econômica deve acontecer também no Brasil, com um crescimento de 2,0% em 2024, em comparação a 2,9% em 2023 e 3,0% em 2022. No continente, o quadro mais preocupante é, segundo ela, na Argentina, que deverá ter novo ano de recessão em 2024, em que pesem alguns resultados alcançados nos primeiros meses do governo Milei. Para Patricia Krause, esses números positivos registrados até aqui não são sustentáveis e não autorizam previsões otimistas em relação ao país.
No caso do Brasil, um dos principais pontos de atenção é a situação fiscal, principalmente pela provável elevação dos gastos públicos (incluindo programas sociais como o Bolsa Família e aumento real do salário mínimo), além da redução dos preços médios de commodities e despesas elevadas com juros.
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