Na assinatura do Acordo de Paris, cada país se comprometeu com metas próprias para redução das emissões de gases do efeito estufa, como o dióxido de carbono (CO2), proveniente da queima de combustíveis fósseis, da indústria pesada e da devastação de florestas.
O Brasil possui potencial de mais de 80 bilhões em uma área inédita, que pode ainda contribuir para uma maior sustentabilidade do planeta e aumento da competividade industrial. “Este será um dos temas principais da Conferência do Clima (COP 26), que está reunindo mais de 190 países no período de 31 de outubro a 12 de novembro de 2021, em Glasgow, na Escócia, e que debaterá a regulamentação da chamada Pegada de Carbono e sua aplicabilidade prática nos países”, salienta Vininha F. Carvalho, editora da Revista Ecotour News (www.revistaecotour.news).
Segundo o Climate Watch, plataforma do World Resources Institute, o Brasil é o sexto maior emissor de gases de efeito estufa. A maior parte (44%) é relativa às atividades ligadas à mudança do uso da terra e desmatamento; 28% referem-se à agricultura e pecuária; e 24% à energia e indústria. Tal distribuição evidencia a premência de combater o desmatamento para que o País cumpra sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) perante o Acordo de Paris, que prevê reduzir as emissões de carbono em 37%, em 2025, e 43%, em 2030, tendo como referência o ano de 2005. A neutralização ocorreria em 2060.
Uma das estratégias para reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEEs) na atmosfera é capturar e converter o CO2 em novas moléculas, que podem ser transformadas em combustíveis, plásticos e uma variedade de outros produtos. Essa é a proposta do programa Carbon Capture and Utilization (CCU) do Research Centre for Greenhouse Gas Innovation (RCGI). “Financiado pela Shell e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), o centro mudou recentemente seu foco de atuação, e passou a desenvolver pesquisas que deverão ajudar o Brasil a retomar as metas do Acordo de Paris, ou seja, reduzir a emissão de gases em 37% até 2025 e 43% até 2030”, relata Vininha F. Carvalho.
A norma ISO 14064 fornece diretrizes para que as empresas calculem, tenham conhecimento e relatem suas emissões de GEE, identificando possíveis reduções e oportunidades de participação no mercado de Crédito de Carbono. Já o Greenhouse Gas Protocol estabelece estruturas padronizadas globais para gerenciamento e medição de gases de efeito estufa (GEE), com aplicação em setores públicos e privados, cadeias de valor e ações de neutralização e/ou redução.
De acordo com um estudo da Organização Meteorológica Mundial, a América Latina é projetada como uma das regiões do mundo onde os efeitos e impactos das mudanças climáticas, como ondas de calor, diminuição da produtividade agrícola, incêndios florestais, esgotamento de recifes de coral e os níveis extremos do mar, serão mais intensos.
A legislação preventiva, com estímulos em vez de apenas punições, será uma das bandeiras do Brasil na COP 26. Discutir mudanças climáticas globais é uma tarefa de sobrevivência e urgente para o planeta. Com o cálculo da Pegada de Carbono é possível traçar uma estratégia viável para redução e neutralização, como o uso de energias alternativas e plantio de árvores, por exemplo. Cada tonelada de redução de emissão de GEE é convertida em um certificado para a empresa ou país, chamado Crédito de Carbono.
O esforço político, entre chefes de Estado, empresas e ONGs, além dos contínuos investimentos em pesquisa, desenvolvimento de novas tecnologias, busca por novas fontes de energia renováveis e limpas é um grande desafio que será debatido neste encontro da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Esta inciativa visa assegurar que o aumento da temperatura média da Terra fique abaixo de 2º, motivo pelo qual o cálculo detalhado da Pegada de Carbono da indústria e o comprometimento com a redução das emissões de GEE são agendas cruciais para o cumprimento deste objetivo.
“A redução da queima de combustíveis fósseis que liberam grandes quantidades de dióxido de carbono na atmosfera precisa ser intensificada para impedir que o efeito estufa provoque o aquecimento global”, conclui Vininha F. Carvalho.
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