Com vendas a preços melhores, os exportadores brasileiros conseguiram um aumento de 20,5% nas exportações no primeiro semestre de 2022 em relação ao mesmo período de 2021, segundo análise da Fundação Getulio Vargas (FGV). Quando se fala em volume exportado, no entanto, o aumento foi de apenas 0,2%. Na comparação entre a primeira metade dos dois anos, relacionada às importações, o aumento foi 30,9%, com queda de 1,9% do volume de mercadorias que entraram no país.
No que se refere às importações, os preços também fizeram a diferença na conta final, mas com recuo de volume, o que garantiu um superavit na balança comercial – nos primeiros seis meses do ano – de US$ 34,3 bilhões. O valor, no entanto, foi inferior ao do primeiro semestre de 2021, que chegou a US$ 37 bilhões.
Até a terceira semana de julho, de acordo com o Ministério da Economia, a balança comercial brasileira já acumula superavit de US$ 38,10 bilhões, com redução de 7,8% em relação ao mesmo período do ano passado. No total, as exportações no primeiro semestre somaram US$ 181,10 bilhões, enquanto as importações somaram US$ 143 bilhões.
Para as empresas que pretendem entrar no mercado da exportação, precisam importar insumos ou, ainda, querem comercializar produtos importados, é preciso considerar as variações de taxas cambiais, que podem definir custos e margem de lucro. O administrador de empresas e consultor operacional de câmbio, Rafael José Pezzotti, explica que a negociação de melhores taxas depende do volume negociado, tanto para venda quanto para compra no exterior. “Quanto melhores e maiores forem as operações de importação e exportação, melhores serão as oportunidades de negociação com bancos ou corretoras de câmbio”, atesta.
Ele ressalta que com inflação alta e a desvalorização da moeda brasileira, empresas que dependem de importação ou exportação precisam estar atentas às notícias e acontecimentos relacionados às economias dos países envolvidos no negócio para tentar prever riscos. “Além disso, é necessário entender mais sobre mercado de câmbio e suas flutuações, para que consigam enxergar as boas oportunidades. Assim, a demanda aumentará e com isso as taxas atribuídas nas negociações vão se tornando cada vez mais vantajosas”, afirma Pezzotti, que tem 10 anos de experiência na área de Câmbio.
Outro conselho do profissional para quem faz negócios com o mercado externo é pesquisar taxas de spread – aquelas negociadas com bancos de câmbio sobre o valor da operação a ser fechada – mais competitivas. Rafael Pezotti explica que quanto maior for o número de operações a ser negociado, melhores serão as taxas de spread aplicadas.
“Com o crescimento de fintechs, startups, corretoras de câmbio e bancos mais modernos, as taxas de spread têm se tornado cada vez mais atrativas para os clientes face à competitividade para retê-los. Assim, uma boa taxa de spread aliada a um bom fechamento de câmbio, os lucros certamente serão melhores”, conclui.
O que mais se exporta e se importa no Brasil
As commodities ainda estão no topo das exportações brasileiras e foram responsáveis por 68,3% do que foi vendido para o exterior no primeiro semestre de 2022. Mas, até mesmo o volume de commodities exportado foi menor que no mesmo período do ano passado. O reajuste dos preços, como explicado acima, foi o que garantiu o resultado positivo da balança comercial.
O valor das não commodities negociadas no mercado externo também contribuiu para o desempenho brasileiro, segundo análise da FGV, e serviu para compensar a redução de volume das líderes de exportação (produtos agropecuários e minérios).
Já as importações se concentraram em não commodities, representando 89,7% dos produtos comprados no exterior. Fertilizantes e produtos da indústria da transformação estão entre as mercadorias que mais entraram no país. De acordo com o boletim do Ministério da Economia divulgado na terceira semana de julho de 2022, o crescimento nas importações foi influenciado pelo aumento das compras dos seguintes produtos:
– Óleos combustíveis de petróleo ou de minerais betuminosos (exceto óleos brutos) (128,7%), Adubos ou fertilizantes químicos (exceto fertilizantes brutos) (187,9%) e inseticidas, rodenticidas, fungicidas, herbicidas, reguladores de crescimento para plantas, desinfetantes e semelhantes (137,0%) na Indústria de Transformação.
Trigo e centeio, não moídos (32,1%), Milho não moído, exceto milho doce (77,5%) e frutas e nozes não oleaginosas, frescas ou secas (22,5%) na agropecuária;
– Fertilizantes brutos (exceto adubos) (197,2%), carvão, mesmo em pó, mas não aglomerado (52,0%) e Óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos, crus (65,2%) na Indústria Extrativa.
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