Após a avalanche de novidades financeiras, regulatórias e, principalmente, tecnológicas ao longo de 2024, quais são os próximos passos a serem tomados pelas fintechs?
Antes de mais nada, é preciso destacar o quanto este é um segmento recente de atuação, moldado por necessidades ainda em constante transformação por parte das indústrias e dos clientes finais. Segundo o estudo Fintech Deep Dive 2024, realizado pela PwC Brasil e ABFintechs, 73% das fintechs foram fundadas nos últimos cinco anos e 51% estão alcançando apenas agora o ponto de equilíbrio financeiro. Mesmo assim, 55% delas projetam crescimento superior a 100% até o fim de 2024.
Entre as diferentes formas de atuação, as infratechs estão entre as fintechs mais bem-sucedidas. Em poucas palavras, infratechs integram uma infraestrutura completa a empresas de qualquer segmento de atuação, para que elas passem a oferecer serviços como os de banking, pagamentos e crédito sem precisarem se tornar uma instituição financeira, nem mesmo desenvolverem plataformas próprias de tecnologia ou se preocuparem com a parte regulatória.
O relatório Fintech 2025+, realizado pela consultoria da Oxford Economics, prevê inclusive que inovações em pagamentos digitais e comércio eletrônico internacional elevem, até 2030, os fluxos de pagamentos internacionais a cerca de US$ 290 trilhões.
Para se manter neste caminho de constante crescimento, quais são as tendências que podem servir de combustível?
Embedded Finance
O foco no mercado B2B (serviços “de empresa para empresa”) aumentou de 40% para 64% em 2024, e promete continuar como um dos principais focos de investimentos em inovação, segundo o estudo Fintech Deep Dive 2024.
Como destaque, as finanças integradas (Embedded Finance) já transformaram o setor financeiro ao incorporar serviços bancários em produtos e plataformas de empresas não financeiras, com apoio de conceitos como Open Banking, Open Finance e Banking as a Service (BaaS). Essa integração facilita o acesso e amplia a conveniência para usuários, superando as restrições dos bancos tradicionais.
O relatório Fintech 2025+ estima que o mercado global de finanças integradas atinja US$ 7,2 trilhões na próxima década, o dobro do valor dos 30 maiores bancos do mundo, enquanto a receita do BaaS deve crescer 240%, alcançando US$ 38 bilhões em 2027, segundo a Juniper Research, impulsionada pela conexão aprimorada entre marcas e clientes.
No cenário internacional, entre as diversas soluções financeiras oferecidas, os pagamentos instantâneos aparecem como um dos principais interesses de empresas internacionais no mercado brasileiro, que inovou ao implementar e difundir o Pix. Durante o evento Money20/20 2024, realizado em Las Vegas e intitulado o maior evento de fintechs do mundo, Gustavo Siuves, diretor comercial da Celcoin, destacou: “o Pix foi o nosso produto mais procurado, por ser disruptivo a empresas de fora do Brasil, trazendo uma interação com o cliente final nunca antes vista”.
Open Data
Especialistas em serviços financeiros e meios de pagamento veem o avanço do Open Banking para o Open Data como uma tendência que amplia o compartilhamento de informações dos clientes para além do setor financeiro, promovendo maior acessibilidade e transparência de dados. Essa transição permite que fintechs desenvolvam novos produtos e serviços, apesar dessa evolução depender de regulamentações robustas, investimentos em tecnologia e uma cultura social de colaboração e abertura para o compartilhamento de dados.
Regulatório
O contexto atual exige maior transparência e inovação, impulsionando o crescimento das soluções RegTech – tecnologias que ajudam empresas a cumprir regulamentações e garantir conformidade. Ainda segundo o relatório Fintech 2025+, estima-se que o mercado global de RegTechs, que movimentou US$ 12,82 bilhões em 2023, atinja US$ 86 bilhões até 2032, com destaque para fintechs disruptivas. Essas soluções incluem inteligência artificial para monitoramento de transações e triagem de sanções, combatendo fraudes e lavagem de dinheiro, e aprimorando processos de conhecimento do cliente.
Infratechs como a Celcoin inclusive oferecem soluções regulatórias como parte do seu portfólio em serviços de banking, pensado para transformar a complexidade regulatória em simplicidade operacional: as empresas contratantes mantêm o foco na expansão dos seus negócios, enquanto a Celcoin cuida de toda a conformidade com o Banco Central, Receita Federal e Secretarias de Fazenda, o que promete ser uma tendência.
Observando todo esse cenário, pode-se dizer que, apesar de representarem um mercado recente, as fintechs multiplicaram seu portfólio de serviços e sua receita em 2024, e que, nos próximos anos, certamente ainda estarão no centro do universo financeiro e tecnológico.