Traçando um paralelo entre a crise financeira de 2008 (UOL), conhecida até então como a maior da história desde a grande depressão em 1929, e o enorme impacto econômico gerado pela crise pandêmica de Covid-19, em ambas, foram registradas mudanças profundas no mundo. Tais mudanças levaram empresas e corporações a repensarem toda a engenharia social das relações com sua mão de obra, cadeias de suprimentos, fornecedores e relações com seus clientes.
De acordo com Roger Mitchell Madeira, CEO da Learmachs, um escritório de operações internacionais sediado no Brasil, Estados Unidos e Chile, elementos como a consolidação do regime de home office são uma oportunidade para muitas empresas se reestruturarem e constituir operações mais eficientes e lucrativas no Brasil e fora dele.
Para o especialista, a forte desvalorização do real frente a outras moedas, é um elemento importante para as empresas estrangeiras considerarem a nação brasileira como um destino inteligente para suas operações. Nos piores momentos da crise atual, o dólar saiu da casa dos R$ 3,80 e chegou a R$ 5,65. Já o Euro passou de R$ 4,59 para R$ 6,89 (Banco Central).
“Um elemento considerado como importante no processo de tomada de decisão por gestores, é a comparação de salários. Se a moeda brasileira possui menor valor frente ao dólar, e os salários por aqui são menores do que os salários pagos em terras americanas, é mais rentável para uma empresa da América do Norte constituir operações no Brasil. Afinal, se o salário médio anual americano é de US$ 65.836 (Statista – 2019), e o salário médio anual brasileiro é de US$ 9.130 (Statista – 2019), o custo da mão de obra é muito mais em conta em nosso país.”
Há também um outro elemento muito importante nessa consideração, a isenção de ISS, PIS e COFINS na exportação de serviços por empresas brasileiras. A Lei 10.833 de 29/12/2003 (ler na íntegra) e a Lei 10.637 de 30/12/2002 (ler na íntegra), isentam companhias nacionais do pagamento desses três tributos, desde que exportem serviços para o exterior. Portanto, se a exportação de serviços não recolhe ISS nem PIS e COFINS, isso leva a uma margem de lucro até 14,65% maior, para toda empresa brasileira que venda serviços no exterior.
Para o especialista da Learmachs, as operações que apresentam as melhores oportunidades estão relacionadas à tecnologia, serviços e soluções online.
“Dentre as operações internacionais constituídas pela Learmachs, algumas foram para call centers brasileiros que locaram sua força de trabalho para operadoras de cartão de crédito estrangeiras, para plataformas de ensino de idiomas com instrutores bilíngues e trilíngues em regime de home office ensinando alunos de outros países, e para empresas de TI responsáveis pelo gerenciamento de plataformas tecnológicas de multinacionais americanas.”
Uma das demandas das empresas estrangeiras é que a transferência de serviços ocorra rapidamente. A justificativa é a de que a desaceleração no ambiente econômico desde 2020 inviabilizou, do dia para a noite, uma parte ou a totalidade de suas atividades. Assim, somente reduções drásticas de custos podem impedir que as empresas desacelerem sua produção em níveis que comprometam sua competitividade.
O atual cenário brasileiro para esses investimentos é favorável. De fato, a crise demonstrou que instalações caras não são mais necessárias, e que o próprio trabalhador prefere produzir de casa.
Além desse quadro, iniciou-se uma expansão da terceirização de processos de negócios baseados em TI, ou os BPOs. Ou seja, as empresas estrangeiras estão buscando prestadores de serviços internacionais, mais baratos, e em locais cuja moeda seja mais fraca. “As instituições financeiras estão mudando, as empresas estão mudando, e a força de trabalho está mudando. O momento de antecipar novidades e oportunidades é agora.”, diz o executivo.
Website: https://www.learmachs.com