Cinquenta anos atrás, surgia no Brasil a modalidade de capacitação prática que ficou conhecido como estágio. Nela, o estudante completa os conhecimentos adquiridos na universidade com a atuação prática nas empresas.
Com isso, ganhava o aluno, que iria aprofundar seus conhecimentos na carreira para a qual estava estudando, e as empresas, que treinariam novas gerações de talentos para complementar seus quadros. Hoje o estágio é uma realidade, regulamentado por uma lei específica (Lei 11.788/2008), abrangendo estudantes do ensino médio, técnico, tecnológico e superior.
Quem desenvolveu essa prática como o primeiro agente de integração no Brasil, foi o CIEE entidade filantrópica de caráter de assistência social que nasceu com o intuito de promover a inserção dos jovens no mercado de trabalho. A instituição está comemorando nesta semana meio século de atividades em favor da juventude com números superlativos: ao longo do percurso, encaminhou 13 milhões de jovens para estágio em 250 mil empresas.
Um feito extraordinário para uma organização não-governamental que percorreu todos esses anos em meio às instabilidades políticas econômicas e sociais, e cresceu com a ideia de responsabilidade social, solidariedade e cidadania.
Da primeira sede, instalada numa casa no tradicional bairro do Bixiga, para os 350 pontos de atendimento por todo o Brasil, houve um processo de crescimento movido pela vontade de servir à população, principalmente nas áreas carentes, onde a inclusão no mercado de trabalho sempre foi uma tarefa mais complicada. Para capacitar esses estudantes foram elaborados cursos de desenvolvimento estudantil, de educação à distância, alfabetização e suplência de jovens e adultos e programa de inclusão de pessoas com deficiência.
Nos últimos dez anos, o CIEE investiu também na aprendizagem, pelo programa Aprendiz Legal, uma parceria com a Fundação Roberto Marinho, que insere, no mundo do trabalho, jovens entre 14 e 24 anos. Atualmente 60 mil jovens estão em capacitação pelo programa, na maioria deles, provenientes de áreas de vulnerabilidade social. Nesses 50 anos de vida, a missão do CIEE foi mais do que cumprida, mas a instituição já pensa no futuro com atividades que contribuam para a capacitação e ampliação de oportunidades profissionais à juventude, visando sua inclusão no mercado de trabalho e o consequente exercício de cidadania.
* Luiz Gonzaga Bertelli é presidente executivo do Centro de Integração
Empresa-Escola (CIEE), da Academia Paulista de História (APH) e diretor da
Fiesp.