Os efeitos do aquecimento global e a necessidade de desenvolver metas para a descarbonização do planeta têm feito governadores e prefeitos brasileiros se mobilizarem na busca por soluções sustentáveis, visando ao futuro das novas gerações.
Em São Paulo, uma das alternativas encontradas foi o compromisso com o Race to Zero, um movimento das Nações Unidas para combater os efeitos climáticos e ajudar países a alcançar os objetivos fixados no Acordo de Paris.
Para conseguir atender as demandas, o governo paulista lançou o Plano de Ação Climática do estado de São Paulo “Net Zero 2050”, visando à neutralidade das emissões de gases de efeito estufa nos municípios paulistas até 2050.
O projeto foi apresentado no dia 28 de julho deste ano e traz uma série de estratégias para mobilizar investimentos no setor de energias renováveis, com foco no fomento da geração da fonte solar.
Ao todo, o programa será baseado em cinco eixos: eletrificação acelerada, combustíveis avançados, eficiência sistêmica, resiliência e soluções baseadas na natureza, e finanças verdes e inovação. O investimento total será de 5% do PIB paulista até 2050.
Em entrevista ao Canal Solar, Eduardo Trani, subsecretário estadual de Meio Ambiente, explica que o plano ainda prevê fixar novas soluções para as renováveis, visando atender metas como: restauração e preservação de florestas, controle da poluição e garantia de uma melhor qualidade do ar, valorização dos transportes sustentáveis e garantia de uma maior segurança hídrica.
Segue os principais trechos da conversa:
Canal Solar: Como foi o processo de criação do Plano de Ação Climática do estado de São Paulo?
Eduardo Trani: No começo do ano, o governador João Dória (PSDB) demonstrou sensibilidade para que nós apresentássemos a ele a possibilidade de adesão às campanhas globais, como a “Race to Zero”. Com as relações internacionais que temos, sobretudo com o Reino Unido, fomos impulsionados a esse desafio. Hoje, somos o único estado do país que aderiu ao movimento por meio da criação de um decreto.
Como o estado pretende implantar o novo plano? Já existe algum cronograma pré-estabelecido?
O Plano de Ação Climática do estado de São Paulo é dividido em cinco planos de diretrizes e cinco linhas de ação. Faremos um plano de ações até junho do ano que vem e outro de adaptação até o final de 2022. Além disso, teremos metas para diferentes períodos: primeiro para 2030, depois para 2040 e, por fim, para 2050.
Por causa disso, decidimos oferecer à sociedade um texto-base, que está em consulta pública até o dia 31 de setembro, por meio da qual a sociedade poderá nos ajudar com contribuições. No momento, estamos fazendo várias discussões setoriais com profissionais do agronegócio, agricultura, comércio, transportes e muitos outros. Essas conversas serão importantes para aprimorarmos o documento de diretrizes.
Ou seja, nesse momento, o Plano de Ações Climáticas ainda não está pronto. Correto?
Exatamente. Vamos fazer isso de forma conjunta com toda a sociedade e com todos os setores. Vamos incluir todas as contribuições nesse processo de consulta. A primeira fase se encerra em setembro para terminarmos as diretrizes. Depois, vem a segunda fase, de dezembro até março, onde aprofundaremos as metas de investimento e de mecanismos de financiamento.
O Plano possui políticas de transição energética voltadas para o setor de energia solar?
No plano de ação climática, o peso e a importância da energia solar será bastante relevante. Ainda vamos desenhar como será feita a transição energética e econômica. O fato é que precisamos fazer um estado com maior composição de energia elétrica com base em renováveis e para isso grandes setores serão trabalhados.
Além dos biocombustíveis, focaremos nas fontes solar fotovoltaica, biomassa de cana-de-açúcar e biogás. São áreas que já estamos, inclusive, incentivando. A capacidade de geração da solar fotovoltaica no estado é enorme e estamos olhando para esse componente com muita atenção. Temos que investir cada vez mais em tecnologias e inovação nessa área.
Uma das ações que vamos fazer é apoiar, por meio de nossas universidades, as linhas de pesquisas nas áreas de energia renovável (entre elas a solar), porque só vamos ser competitivos mundialmente se tivermos melhores condições e preços mais acessíveis.