A Plantar Carbon, empresa de manejo florestal em Minas Gerais, obteve uma redução de 5.568 toneladas na emissão de gases de efeito estufa por meio da parceira com o Projeto Siderurgia Sustentável, executado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD e com coordenação técnica do Ministério do Meio Ambiente. A parceria também contribuiu para a melhoria do rendimento gravimétrico, que teve um aumento médio de 36%.
“O Programa Siderurgia Sustentável proporcionou uma importante oportunidade de redução de emissões de GEE nos processos de carbonização da empresa, por meio ganhos de produtividade com respectiva”, explica Adriano Scarpa Tonaco, analisa de projetos da Plantar. Segundo ele, isso foi viabilizado por meio do pagamento pelos resultados de redução de emissões. “Além disso, houve troca de experiências e interação com as outras empresas participantes através dos encontros e workshops que foram muito importantes”, complementa.
Criado em 2016, o Projeto Siderurgia Sustentável, que iniciou as atividades em Minas Gerais em 2016, vem implementando uma série de ações para estimular a produção do carvão vegetal, incluindo tanto o desenvolvimento de novas tecnologias quanto a qualificação dos produtores de carvão. Tonaco disse que a parceria proporcionou o desenvolvimento de um projeto piloto com a instalação de 60 fornos para a produção de carvão vegetal com medidas de controle para melhoria do rendimento gravimétrico e consequentemente diminuição da emissão de metano.
Segundo ele, a ampliação do uso de carvão vegetal depende de condições mercadológicas, que podem ser impulsionadas pela economia de baixo carbono, tendo em vista que é um produto renovável e com uma emissão de CO2 significativamente menor ou até mesmo nula em alguns casos em comparação à utilização de insumos de base fóssil. Um fator crucial para a ampliação do uso de carvão vegetal na siderurgia é justamente valorizar a demanda por essa alternativa, que é renovável e pode resultar num diferencial do Brasil na economia global de baixo carbono.
Forno Container
Também em Minas Gerais, a Rima Industrial aproveitou a parceria com o Siderurgia Sustentável para o aprimoramento tecnológico e a ampliação da capacidade instalada do Forno Container, tecnologia que já havia sido desenvolvida pela empresa para produção mais sustentável de carvão vegetal. “Desde o ano de 2013, período em que passamos a produzir de maneira regular através do Forno Container, a redução de emissões de CO2 totalizaram aproximadamente 23 mil toneladas de CO2”, diz Arnaldo Luiz de Lima Ivo, gerente de Defesa Comercial da Empresa.
A tecnologia Forno Container de carbonização consiste em um processo acelerado por exaustão, com carregamento da lenha em fornos metálicos cilíndricos e os gases combustíveis gerados são direcionados para uma câmara de queima. Além disso, o sistema, dotado de coleta de alcatrão e extrato pirolenhoso, é monitorado em tempo real, com automação da entrada de ar, peso, vazão e temperatura. Para cada tonelada de carvão produzido deixa-se de emitir uma tonelada equivalente de CO2.
Segundo Ivo, a tecnologia do Forno Container passou por diversas melhorias ao longo dos anos. “Sendo que o período inicial, quando tínhamos o forno de laboratório (capacidade de 5m³) a produção era menor e não havia a contabilização das reduções de CO2. Ivo explica que a tecnologia do Forno Container atualmente não conta com a geração de energia elétrica, pois além dos custos elevados para a implantação de um empreendimento destes, o foco do desenvolvimento da tecnologia foi direcionado para aumentar o rendimento gravimétrico e a produtividade da planta.
Mas, detalha ele, o potencial para a geração de energia elétrica é de 440-500kW/(ton CV/h), considerando somente a queima do gás de apenas uma plataforma de carbonização. “Cumpre lembrar que atualmente possuímos duas plataformas. Durante o período da parceria entre a RIMA e o PNUD, a produção de carvão por hora do forno oscilou entre 0,6 e 0,9 ton CV/h”, afirma. Contabilizando todo o período da parceria com o PNUD, o Forno Container poderia ter contribuído com aproximadamente 13,5 MW (Média de 670kW/mês) de energia elétrica, calcula.
Origem do projeto
O Projeto Siderurgia Sustentável foi criado para incentivar a redução das emissões de gases de efeito estufa na siderurgia brasileira. A iniciativa é implementada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) com coordenação técnica do Ministério do Meio Ambiente, tendo ainda apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), do Ministério da Economia (ME) e do Governo de Minas Gerais. Os recursos do Projeto são do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF).
Para atingir seu objetivo, o Projeto busca o desenvolvimento e a demonstração de tecnologias e processos sustentáveis para a produção e o uso de carvão vegetal na indústria de aço, ferro-gusa e ferroligas. O carvão vegetal, além de ser utilizado como agente termorredutor por 20% das siderúrgicas, possibilita o aproveitamento de coprodutos, como o bio-óleo, reduz a geração de resíduos, cria empregos e diversifica a produção no setor rural. O projeto será concluído em 2021.
Como parte da Agenda 2030 das Nações Unidas, suas atividades se alinham aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Os resultados contribuirão de maneira efetiva para o ODS 7 – Energia Limpa e Acessível; ODS 8 – Trabalho Decente e Crescimento Econômico; ODS 9 – Indústria, Inovação e Infraestrutura; ODS 12 – Consumo e Produção Sustentáveis; e ODS 13 – Ação contra a Mudança do Clima.
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