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Como criar um negócio de R$ 100 milhões em 4 anos

por Agência Canal Veiculação

Atrás de suas siglas e termos técnicos muitas vezes misteriosos para o comum dos mortais, o mercado de tecnologia sempre soube esconder surpresas que, quando reveladas, causam espanto ao se mostrar como negócios de milhões de reais capazes de transformar a maneira como vivem as pessoas ou como opera o mercado corporativo. A experiência singular do nascimento de um desses projetos começou a ganhar contornos visíveis no Brasil nestes primeiros meses de 2015, quando duas médias empresas se uniram para gerar um negócio de R$ 100 milhões em 4 anos – e com viés de independência do cenário econômico.

Juntas, a carioca EloGroup – startup criada em 2007 que dobrou várias vezes de tamanho desde então – e a paulista Lecom, pioneira fabricante de software nos anos 90, estão investindo R$ 20 milhões para começar sua transformação em uma nova estrela na constelação das grandes companhias de tecnologia brasileiras e, a partir daí, se consolidar no mercado internacional de exportação de software de alta usabilidade para administração de negócios.

Somadas, Lecom e EloGroup já mostram músculos nada desprezíveis: reúnem mais de 300 funcionários – a maior parte dos quais de pós-graduados trabalhando em pesquisa e desenvolvimento –, têm presença em todos os estados brasileiros além de operações em mais de 10 países e atendem a mais de 500 clientes corporativos. Com faturamento consolidado previsto em pouco menos de R$ 40 milhões em 2015, a meta das empresas é chegar a R$ 80 milhões dentro de 2 anos e ultrapassar os R$ 100 milhões em 2019. “São metas bastante factíveis e até conservadoras”, diz João Cruz, fundador e CEO da Lecom, que nos últimos 5 anos tem investido 50% dos resultados da empresa em pesquisas, conta na qual foram ainda agregados aportes obtidos junto ao BNDES e à Finep.

Premiada por três anos pelo Instituto GPTW (Instituto Great Place to Work®) como melhor empresa para se trabalhar entre as consultorias de gestão, a EloGroup vê o projeto conjunto como resposta à “necessidade vital” de ampliar a competitividade do País para fazer frente ao custo Brasil. “A baixa produtividade das empresas brasileiras é um dos maiores entraves para o crescimento do País”, diz Leandro Jesus, um dos fundadores da EloGroup. “Nosso compromisso é dar uma solução tecnológica para superar esse desafio, possibilitando que se alcancem níveis de competitividade internacionais.”

A Bematech, multinacional brasileira de tecnologia para o varejo, food service e hospitality presente em 500 mil estabelecimentos comerciais, desde 2014 vem usando soluções da Lecom para automatizar processos críticos de negócios.

A decisão, parte do planejamento estratégico que se estende até 2016, teve seu debut em outubro passado em um projeto piloto – com resultados que surpreenderam positivamente a alta direção da companhia. O processo escolhido, ligado a pleitos de redução de carga tributária sobre produtos fabricados no País com 100% de insumos locais, atingiu seu objetivo em questão de semanas. O procedimento, que até então demorava cerca de três meses, passou a ser feito em apenas nove dias e, melhor, de forma rastreável.

“Hoje o incentivo que temos por conta deste processo representa em média 5% do nosso faturamento”, diz o Coordenador de Processos Organizacionais da Bematech, Ronaldo Zanetin, “o que demonstra o impacto que uma medida aparentemente simples pode ocasionar.” No último ano fiscal, a Bematech faturou R$ 425 milhões. O sucesso incentivou a companhia a ir em frente no uso de sistemas de “business process management” para otimizar fluxos de trabalho – e vários outros processos de negócios estão no momento passando pelo pente fino da automação.

Já a Penalty, que tem hoje 30 processos ativos sob gestão do sistema Lecom (inclusive o crítico Cadastro de Produtos), utiliza a solução desde 2008 com absoluto sucesso, segundo o gerente de TI Márcio Maldonado. No total, 300 usuários fazem uso diário da ferramenta no escritório de São Roque, Grande SP, e em outras quatro plantas fabris.

Mas os programas para gestão de processos não valem apenas para empresas privadas. Recentemente, a prefeitura de Santos, no litoral paulista, iniciou a implantação de sistemas criados pela Lecom para dar uma chacoalhada nos procedimentos públicos – com a meta de diminuir em 500% o tempo médio de tramitação de 50 diferentes tipos de processos administrativos. “Vamos garantir maior eficiência e transparência no andamento de rotinas”, diz o prefeito santista Paulo Alexandre Barbosa. Segundo ele, ao lado de “benefícios sem precedentes” na agilização de serviços para a população o uso de programas de suporte à gestão dará ao município condições de tornar cem por cento digitais 93 mil processos por ano – 75% do total gerado na prefeitura – com economia anual de R$ 500 mil.

Situações como essa são comuns no dia a dia da Lecom e da EloGroup, que colecionam casos de clientes que revolucionaram a forma como trabalham com o auxílio de consultoria & inteligência em processos e softwares de gestão de negócios – ou BPM (Business Process Management), na sigla em inglês. “O que nossos sistemas fazem é muito simples. Difícil é explicar de forma simples o que eles fazem”, brinca João Cruz.

Segundo ele, só no último ano mais de 1 milhão de processos de negócios foram feitos por meio da plataforma da Lecom instalada em cerca de 100 companhias, a exemplo da BMW, Honda e Melitta. “Um ‘processo de negócio’ pode ser desde a compra de lápis até a maneira de produzir um motor”, diz João, “cada qual envolvendo às vezes dezenas ou centenas de passos e decisões. No fundo, ajudamos as empresas a redefinir a forma como elas trabalham, tornando cada passo o mais otimizado possível.”

João, Leandro e seus 300 colaboradores têm agora mais esse desafio pela frente – além de desenvolver em 2 anos um sistema que segundo eles será “a mais sofisticada plataforma de gerenciamento de processos de negócios já feita no Brasil”, terão de criar uma forma simples de explicar como funciona a tecnologia que produzem.

O que é BPM
Os softwares concebidos pela Lecom e EloGroup não são daqueles de prateleira, que “qualquer um” tem, mas de outro perfil, bem mais corporativo – o dos programas que as empresas e seus funcionários, do PC ou do mobile, usam para gerir a forma como suas atividades são criadas e tocadas. O produto com que as duas empresas pretendem chegar aos R$ 100 milhões de faturamento em 4 anos se baseia em uma tecnologia de nome complicado – Business Process Management, ou gestão de processos de negócios – mas que pode ser facilmente entendida: tratam-se de programas para refinar a maneira como as empresas fazem coisas – quaisquer coisas. Uma reles compra de papel de impressora pode implicar em dezenas de passos, tomadas de decisões e tempo de funcionários, com custos que acabam somados ao preço das resmas e, lá no fim da cadeia de produção, agregados ao preço final do que é produzido. Softwares de BPM olham processos como esse e mostram caminhos novos para torná-los mais simples, eficazes e baratos.

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