Nem a crise internacional e o receio da redução de vendas por boa parte do comércio varejista são capazes de, ao menos por enquanto, reduzir os planos ousados de empresas especializadas em produtos eletrônicos como câmeras digitais, filmadoras, notebooks ou tablets, que terão uma precificação menor para atingir cada vez mais consumidores, estimam empresas como a Positivo e a Amazon. Já no caso da Sony no Brasil, a meta é fechar o ano de 2011 com cerca de R$ 40 milhões de investimentos apenas em mídia, valor considerado 60% superior ao aplicado no ano passado, após comemorar incremento de 65% no País, ante o ano anterior.
O desempenho da empresa no ano anterior, inclusive, foi responsável por levar a Sony Brasil a passar da 11ª para a 3ª posição nos negócios da companhia de origem japonesa, considerando sua atuação em nível mundial. Agora, a meta é despontar os ainda mais em cima dos 59% de market share na categoria cyber-shots (câmeras digitais compactas), além de levar o consumidor brasileiro a se interessar pela compra de produtos mais elaborados. A perspectiva é dominar a classe C e D, no sentido de quem adquire sua primeira câmera digital, e depois explorar o interesse do consumidor em produtos de maior valor agregado, com funções diferenciadas e, claro, mais caros.
Para Thiago Onorato, gerente de produtos de Digital Image na Sony Brasil, a ideia é levar a unidade brasileira ao mesmo desempenho de suas unidades nos Estados Unidos e China, os dois principais mercados para a companhia. Ele destaca o estudo da consultoria GFK sobre o segmento de câmeras, que apontou dados referentes ao último ano: os produtos com valor abaixo de R$ 299 cresceu 149%, porém quase na mesma proporção houve o interesse na procura por equipamentos acima de R$ 1 mil, que subiu 132%. “Existe demanda excepcional por material de alto valor agregado. Temos o objetivo de liderar os setores semi-profissional e profissional num curto espaço de tempo”.
Sobre os investimentos em divulgação da marca no mercado nacional, o executivo afirmou ao DCI que a ideia é repetir o aporte de R$ 40 milhões no próximo ano, caso as vendas atinjam a expectativa. “Não fechamos nosso orçamento ainda, mas a previsão é manter o patamar elevado”.
Cursos on-line
Afora os investimentos em divulgação, Carlos Paschoal, gerente-geral de Marketing e comunicação da Sony Brasil explica que outra estratégia de negócio para fomentar a procura por câmeras mais sofisticadas envolverá a oferta de cursos on-line, voltados para o consumidor final e para fotógrafos amadores, em parceria com o Interatividade em Educação Digital no Brasil (IEDB).
O projeto foi desenhado na unidade brasileira, mas dependeu da cúpula de 12 executivos da matriz japonesa para ser confirmado. A iniciativa faz parte de uma estratégia bilionária da companhia de, até 2014, transformar o setor de digital image em um negócio de US$ 2 bilhões, o dobro do que fatura hoje. Paschoal diz que são 16 as opções de curso, do básico (com 10 horas) ao avançado (com 30 horas). Os cursos básicos custam R$ 99 e podem ser pagos em dez parcelas mensais. Já os de fotografia profissional custam R$ 499 e também podem ser parcelados. “O brasileiro ainda é imaturo com tecnologia e com fotografia. O consumidor ainda acha que parâmetro de qualidade é megapixel. Nossa parceria com o IEDB irá educar o consumidor, trazer informação para ele”.
Tablet
Fora a venda de câmeras digitais que segue acelerada no Brasil, a oferta por tablets começa a chamar a atenção de gigantes do setor, como Amazon, Positivo Informática, Hewlett-Packard (HP) e Samsung. No caso da Amazon, a empresa lançou ontem o tablet Kindle Fire, o mais recente desafio ao domínio do iPad da Apple, ao custo de US$ 199. O Kindle Fire opera a partir do software Android, do Google, tem tela de 7 polegadas (17,78 centímetros) e pode acessar a loja de aplicativos da Amazon, baixando filmes e programas de televisão, e será comercializado a partir de 15 de novembro, mas as encomendas já podem ser feitas, segundo o CEO da companhia, Jeff Bezos.
As versões do iPad já venderam 29 milhões de dispositivos e a Apple tem dois terços desse mercado. O tablet da Amazon é apontado como beneficiado pelas várias parcerias da empresa com provedores de conteúdo, incluindo filmes, emissoras de TV e editoras.
No caso Positivo, que no mercado brasileiro vendeu entre abril e junho deste ano 520 mil computadores, subindo para 21,7% sua participação no mercado varejista, Hélio Rotenberg, presidente da Positivo, explica que a estimativa de crescimento de vendas para este ano foi ampliada pela consultoria IDC de 11,8% para 15,7% na comparação com o ano passado, com expectativa de que sejam vendidas 15,9 milhões de máquinas até o fim de 2011. Em relação aos preços dos tablets, que chegam a R$ 999, Rotenberg disse recentemente que a variação cambial vai definir os valores finais.
Por Agência via Equipe Metropolina