Para o fotógrafo esloveno Evgen Bavcar, que perdeu a visão em dois acidentes de guerra, a pior cegueira não é uma condição física: é dar as costas ao mundo dos sentidos, é acreditar que só se vê com os olhos. No documentário Janela da Alma, ele diz que vivemos um estado de cegueira generalizada pois desaprendemos a fruir o mundo com o corpo todo: “A televisão nos propõe imagens prontas e não sabemos mais vê-las, não vemos mais nada, porque perdemos o olhar interior, perdemos o distanciamento”.
Pensando nisso é que a Cia. Dança Sem Fronteiras montou o espetáculo Olhar de Neblina, que propõe uma experiência de ver calcada no corpo. O olfato, a audição e o tato juntam-se à visão nesta peça para mostrar que o corpo é mais que um receptáculo de estímulos, mas um ente onde reside a subjetividade humana. A coreografia, montada por Fernanda Amaral, reproduz a técnica do danceability a fim de que os intérpretes com e sem deficiência consigam interagir uns com os outros no decorrer da peça. Camilla Rodrigues do Carmo, Beto Amorim, Lucineia dos Santos, Rafael Barbosa e Zilda Gonçalves são os bailarinos convidados.
Olhar de Neblina será apresentada nos palcos da SP Escola de Teatro e do Centro da Cultura Judaica em setembro e outubro. Com entrada gratuita, a peça pode ser vista nos seguintes dias/horários:
- SP Escola de Teatro (Praça Roosevelt, nº 210): dias 24/09, 01/10 e 08/10, às 21 horas;
- Centro da Cultura Judaica (Rua Oscar Freire, nº 2500): dias 18/10 (às 20 horas) e 19/10 (às 19 horas).
Para mais informações, acesse a página da Cia. Dança Sem Fronteiras no Facebook.