Um raro registro dos índios da etnia pirahã feito no início deste ano, durante a cobertura dos conflitos no sul do Amazonas, rendeu ao fotógrafo rondoniense Gabriel Ivan, de 24 anos, a participação no Festival da Luz, um dos maiores evento da fotografia internacional e que vai acontecer entre agosto e setembro de 2014 em Buenos Aires, na Argentina. Gabriel Ivan foi um dos 82 fotógrafos escolhidos para participar do evento.
As fotografias de Gabriel Ivan foram publicadas pelo Midia Ninja e pelo Amazônia Real, em sua própria cobertura sobre os conflitos. Uma galeria também foi publicada no site. (Leia a série de matérias que o Amazônia Real produziu sobre o assunto).
Para esta edição do Festival da Luz se inscreveram mais de 700 fotógrafos. Uma pré-seleção escolheu 263 autores. A seleção final chegou aos 82 participantes em duas categorias. Gabriel está na categoria 18 a 25 anos.
O Festival de Luz promoverá atividades de exposições, conferências, workshops, projeções, entre outras atividades, sobre fotografias. O evento reúne fotógrafos, críticos, colecionadores e editores. Em seu site, o festival informa que o objetivo é descobrir talentos emergentes, consolidar artistas consagrados e comparar as tendências que predominam no campo da fotografia artística. Também é um meio de intercâmbio entre fotógrafos latino-americanos.
Junto com o repórter Cley Medeiros, Gabriel Ivan esteve na Terra Indígena Tenharim-Marmelos em janeiro deste ano. Naquele momento, moradores dos municípios de Humaitá e Apuí e do distrito Santo Antônio do Matupi acusavam os índios tenharim de envolvimento no desaparecimento e morte de três homens.
Gabriel e Cley foram até a aldeia Marmelos e aproveitaram o momento para também fazer registro dos índios pirahã, cujo território fica na divisa da reserva tenharim.
Gabriel Ivan é estudante de artes visuais e membro do Coletivo Capta. Outros três brasileiros foram selecionados. Gabriel foi o único da região Norte.
Os pirahã é uma população indígena de pouco contato com não-indígenas. Muitos deles não falam português. Sua população também é pequena. Segundo dados de 2010 da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), quando esta ainda administrava a saúde indígena, a população é de 420 pessoas.
A língua falada pelos pirahã é considerada singular, com a utilização de diversos recursos incomuns. Seu mais famoso estudioso é o norte-americano Daniel Everett, que viveu entre os pirahã nas décadas de 70, como missionário (sem nunca ter conseguido evangelizá-los).