Home Entretenimento Lucas Silveira promete “Mega Fresno” no palco do Lollapalooza Brasil 2020

Lucas Silveira promete “Mega Fresno” no palco do Lollapalooza Brasil 2020

por SimbiekJP

São mais de 20 anos de banda e milhares de quilômetros rodados dentro e fora do Brasil. Uma banda que alcançou tudo, conquistou muita coisa, e que soube a hora de dar passos para trás que, na verdade, representaram o avanço e a evolução musical que todo mundo espera ter algum dia. Estamos falando da Fresno, que se apresenta no Lollapalooza Brasil no dia 05 de abril.

Quem tem lá seus 25, 30 anos, viu de perto a maior parte da caminhada do grupo gaúcho formado em 1999. Das primeiras demos gravadas na acústica de um banheiro, ao reconhecimento da maior banda independente do país, dos anos de mainstream ao retorno à cena que os consagrou. Os fãs da Fresno passaram por muitos momentos ao lado da banda, e chega junto deles em 2020, com a consagração de um novo álbum, ‘Sua Alegria Foi Cancelada’ (2019).

Batemos um papo com o Lucas Silveira para entender o momento da banda, as mudanças e como eles chegam no Lollapalooza Brasil 2020.

A Fresno já passou por muita coisa, são 20 anos de banda, foram algumas formações diferentes, mas parece ter encontrado a definitiva agora contigo, Guerra, Mario e Vavo, parece que a banda evoluiu nesta formação. Qual é a parte de cada um na construção de uma música?

Então, a gente não divide a música como uma linha de montagem, às vezes a função do baterista é justamente dizer que não vai ter bateria na música. Acho que nós quatro pensamos na música e no que ela precisa, e cada vez mais nos vemos livres do formato da banda que todo mundo compõe a sua parte. Não precisamos estar os quatro lá tocando o tempo todo. Somos um grupo de pessoas que faz música e opina no material sem se prender ao formato de guitarra, baixo, bateria e teclado.

Nosso disco mesmo tem coisas diferentes. Se pegar “O Arrocha Mais Triste do Mundo” e como ele vira para “We’ll Fight Together”, é justamente isso. Tá lá um arrocha que é só synth, voz e uma bateria que é um sample de arrocha mesmo, e aí vira um rock. Assim, é tratar a obra como uma coisa que a gente faz, não necessariamente uma linha de montagem. Tem música que nasceu pra ser violão e voz, às vezes levo a demo e a gente tenta encontrar um contexto no disco. Às vezes discordamos, e procuramos outros caminhos.

Para o Lollapalooza, parece que vocês tem algumas novidades para o show, como que é inserir novos músicos ao formato?
Vai ser a mega Fresno, é tipo um Megazord. como seria se a gente tivesse uma armadura muito foda? Como seria a versão de gala da banda? Porque o Lolla é um evento de gala pra gente, vamos tocar em um puta de um palco, para um puta de um público, um puta de um som, toda preparação. Na minha visão é meter naipe de metais, arranjos, fazer com que aquele público que tá passando lá atrás queira ver.

Nossa músicas mesmo já existem, estão feitas, como podemos fazer elas serem vistas ali no palco? No Planeta Atlântida tivemos um teste disso, levamos o nosso naipe e já foi um show que deu o que falar. Tem isso de cada vez mais ter um show que, pode chorar, mas vamos dançar também, tipo, pode bater cabeça numa música, se abraçar na outra, rebolar na outra… É fazer uma experiência que nunca teve no nosso som, uns grooves dançantes, como em “Cada Acidente” e algumas outras músicas.

E as músicas antigas entram nesse novo formato ou só as novas?

Ah, com certeza. Toda tour que a gente lança vem com uma revisão do que a gente já fez e quais músicas dessa fase tem a ver com a nova fase. Temos materiais o suficiente pra isso, mas que músicas tem a vibe do ‘SAFC’? “Milonga” tem a ver, algo do ‘Revanche’ tem a ver. A gente pega essa músicas e incorpora no repertorio novo caso elas conversem.

Felizmente não somos aquela banda que precisa tocar tal música senão a galera vai nos matar, público se divide quanto a qual é a favorita. Mas se é um disco de “sofrência rock”, porém rebolante, o que tem no repertório que possa contribuir, por exemplo, é “Diga, pt 2”, que é a música que é o nosso maior hit, a galera gosta muito. A gente pensa “pô, o Emicida toca no sábado, por que não tocamos “Manifesto” com ele no domingo?”, lembrando que isso não é spoiler, pois nem falei com ele ainda.

Boa, falando nisso, vocês terão algumas participações durante o Lollapalooza? O SAFC conta com a Jade Beraldo e Tuyo em faixas muito conhecidas da galera.

Ah sim, até já fizemos shows com eles lá no Rio. Sempre que dá chamamos um ou outro pra esses shows, sempre que dá a gente coloca e sempre dá muito certo. Mais vozes no palco sempre ajuda. A ideia é que algo assim aconteça no show. Sem garantias, mas uma chance tem!

Então é uma surpresa até pra vocês?

Isso, até para a gente.

O SAFC é um disco muito bom, é diferente de tudo o que vocês fizeram. Ele é mais pop, mas também é mais complexo, o que ajudou a Fresno a perder alguns rótulos antigos que já não faziam muito sentido. O que ele representa na carreira da Fresno, é o álbum mais importante?

É, todo disco novo é o mais importante, mas todo novo disco vem da necessidade da banda dizer alguma coisa. E às vezes, quando se faz um disco, o fato de dizer alguma coisa não quer dizer que as pessoas vão entender o que você quer dizer. E nesse disco as pessoas entenderam, a mensagem ficou mais clara e objetiva. Um dos grandes pecados do compositor é achar que as pessoas vão ouvir a sua música prestando muita atenção, tipo, “como assim você não pegou aquela referência”.

Esse disco teve o desafio de ressignificar a banda para um público que talvez não conhecesse, trazer coisas que a gente mesmo lutava contra nos outros álbuns e se reapropriar de lances como a melancolia, o que se entendia por emo, fazer um álbum emo em 2020, não em 2014, com as ferramentas e a sabedoria que temos hoje. O disco se colocou com essa missão e, pela recepção, ele super cumpriu.

E o que vocês estavam ouvindo? Por que ele é diferente, especialmente para compor as faixas “menos Fresno”, como “O Arrocha”, “Natureza Caos”, “SAFC”…

Pois é, as influências nem ficaram tão claras, as vezes deixamos na cara, mas nesse disco conseguimos fazer a nossa criação falar mais alto. Mas eu gosto muito de post rock, até bandas que não tem nada a ver com a gente, tipo Sigur Rós, Radiohead, Björk, e um pouquinho disso que consigo incorporar na nossa música, nos diferencia de outras bandas de rock. Ao mesmo tempo a abertura que temos por causa do Guerra (baterista) que traz referências de percussão e música brasileira, e o Mário (tecladista), que é um cara que pira em Nine Inch Nails… Como incorporamos isso, essa mistureba é o que vai fazendo a nossa música.

A banda conta agora com dois pais, isso interfere na hora de fazer uma tour longa? Essa tour de vocês está sendo mais enxuta, porém, com shows sempre lotados. Essa é uma estratégia para não gastar a banda?

É, eu acho que passa mais pelo lance de não gastar a banda, preservar as cidades que os shows dão certo, mas também por fatores econômicos do país, as pessoas, os fãs, as companhias aéreas. O quão treta acaba sendo fazer shows de uma maneira que a gente não pode se arriscar tanto sem um patrocínio.

Mas o principal mesmo era fazer diferente do que as bandas fazer, que é parar. A gente desacelerou a vida na estrada. Claro, isso ajuda a gente. Depois que você tem filho, passa a pensar se vai valer a pena, aquele lance de pau pra toda obra fica por terra. Isso não quer dizer que tenha cidades que a gente olha e fala “ah, não vou nessa cidade”, normalmente a gente deixa de fazer um show porque, com a estrutura que a gente tem, que nem é muita, já impossibilita ir para alguns lugares. Cada show que a gente faz é um show nosso, e viabilizar ele é um trabalho braçal, e todo mundo que tem banda sabe como é complicado viajar pra fazer show. Você consegue, mas se sustentar e ganhar dinheiro é outra história.

E é o caso de vocês, vocês vivem disso.

É, a gente vive disso, tipo, não tenho trampo de escritório e a banda é uma diversão. Não, no caso a gente tem que fazer a banda ser viável.

São 20 anos de banda de uma banda que conquistou tudo o que bandas costumam sonhar. Foram o fenômeno independente, foram mainstream, ganharam disco de ouro… Existe um planejamento do “próximo passo” ou vocês “entram numas”?

A gente já alcançou o sucesso de diversas formas, mas não de todas as maneiras que a gente almeja. Já tivemos um disco de ouro, mas o que é um disco de ouro? É um disco de plástico que simboliza que tu vendeu 50 mil cópias, mas será que eu consigo fazer o equivalente a um disco de ouro em streaming? Com uma música que eu acredito mais, produzida por mim, sem estar numa máquina do mainstream, sem concessões feitas contra a nossa vontade. Será que eu consigo?

Hoje em dia o sucesso, mais do que ter um hit, é viver bem do que tu faz, sem fazer aquelas concessões que o mercado exigia antigamente, e que nem exige mais. Dar uma vida digna pra quem vive e trabalha contigo e fazendo música. E por muito tempo, não existe sucesso de dois anos, já vimos bandas que surgiram e sumiram, artistas que acabaram, faliram, morreram. A gente sabe mais o que não quer do que a gente quer.

E o trabalho de arte do álbum é bem específico, o trabalho que vocês e a Camila Cornelsen fizeram juntos é muito marcante, isso se reflete no clipe de “Cada Acidente”, em roupas… enfim, isso vai pro palco também?

Sim, isso vai, especialmente pelo lance de ter um telão gigante nas nossas costas e pelo show ser de dia. A ideia é levar a experiência do disco, as cores, levar isso pro 3D, a vida real ali do palco.

Pra fechar, os fãs da Fresno sempre interagem bastante nas nossas redes, quer deixar algum recado pra eles?

Venham de coração aberto que vai ser massa!

Se a ansiedade do fresner já estava rolando solta, agora então vai sair do controle. Nos vemos todos no Lollapalooza Brasil, cantando todas as músicas e torcendo para que cada vez mais bandas atinjam a mesma noção do mercado que a Fresno tem.

Garanta o seu ingresso, o Lolla tá chegando e a Fresno está te esperando: http://bit.ly/LollaBR2020

Fonte: https://www.lollapaloozabr.com/

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