O mundo está prestando atenção no Brasil e nós temos tudo para dar exemplo ao mundo ao criar um modelo de desenvolvimento sustentado que combina, de modo equilibrado, crescimento econômico com inclusão social e preservação ambiental. A análise é do ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, e foi feita durante a abertura da 64ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na noite deste domingo (22), em São Luís (MA).
Compatibilizar essas necessidades é um grande desafio e, ao mesmo tempo, uma grande oportunidade, afirmou o ministro. Nesse arranjo, a ciência e a tecnologia passam a ter uma atuação sem precedentes na vida nacional. A tendência é que contribuam cada vez mais com a formulação de políticas públicas em áreas como saúde, educação, transporte, meio ambiente e habitação.
O tema oficial do encontro, que reúne mais de 15 mil pessoas entre pesquisadores, professores, estudantes e lideranças sociais até sexta-feira (27), é Ciência, Cultura e Saberes Tradicionais para Enfrentar a Pobreza. Raupp lembrou que, nos últimos 20 anos, o Brasil conquistou avanços importantes, como a estabilização da economia, os 40 milhões de brasileiros que deixaram a pobreza e a universalização da educação básica compromisso dos Objetivos do Milênio, da ONU. Além disso, afirmou, o desmatamento está em queda e o país assumiu metas voluntárias e quantificáveis de redução das emissões de gás carbono.
Estamos promovendo a inclusão social e temos todas as condições de adentrar na economia do conhecimento, afirmou. Boa parte da nossa matriz energética é renovável, somos líderes em agricultura tropical e um dos três maiores exportadores de alimentos do mundo, tudo isso com a contribuição do conhecimento científico, completou.
Essas condições são a base para a transição do país para uma economia verde inclusiva, um conceito que incorpora as dimensões econômica, social e ambiental do desenvolvimento, definiu. A economia verde inclusiva deve promover a geração de empregos, a inovação tecnológica, a inclusão social, a proteção ambiental e a conservação dos recursos naturais, detalhou.
Desafios
Apesar dos progressos recentes, avaliou o ministro, o país ainda precisa construir um novo modelo para as atividades de ciência e tecnologia, de modo que o setor possa cumprir seu papel com êxito. Um dos gargalos a serem superados é a definição de um novo marco legal para a exploração sustentável da biodiversidade. Segundo Raupp, o Brasil tem a maior diversidade biológica do planeta 13% de todas as espécies conhecidas da Terra e quatro dos biomas mundiais com maior biodiversidade: Cerrado, Pantanal, Amazônia e Mata Atlântica mas só utiliza uma pequena parte desses recursos naturais para produzir conhecimento.
Temos 55 mil espécies naturais, mas ocupamos uma posição tímida no cenário internacional da ciência da biodiversidade, situou. A biodiversidade brasileira é uma fonte de novas moléculas e compostos, que podem ser utilizadas, aperfeiçoadas ou servir de modelo para o desenvolvimento de novos fármacos, cosméticos, alimentos ou defensivos agro-silvo-pastoris.
Outro desafio para os cientistas, citado pelo ministro, é o resgate e o reconhecimento dos saberes tradicionais, sua incorporação ao conhecimento científico e a repartição de seus benefícios com os povos e comunidades tradicionais. Esse imenso repositório de conhecimento constitui um patrimônio cultural internacionalmente reconhecido e valorizado, disse.
No campo econômico, Raupp destacou a importância de se aumentarem os investimentos em inovação, que levam a ganhos de produtividade para o país e melhoram a capacidade das empresas competirem no mercado internacional. O consenso sobre a importância da inovação deve unir os setores acadêmico e empresarial, convocou Raupp. Precisamos, especialmente, de uma grande mobilização em torno das pequenas e médias empresas. A formação de empresários inovadores é uma iniciativa que deve ser apoiada, segundo ele. Isso é o novo em educação.
No plano institucional, o ministro destacou a tramitação do projeto do novo Código de CTamp;I, nas duas casas do Congresso Nacional. Lembrou que a comunidade científica deve se empenhar pela aprovação do texto, assim como se mobilizar para garantir que os parlamentares destinem um percentual da receita da exploração do pré-sal para investimentos em educação, ciência, tecnologia e inovação.
Texto: Ascom do MCTI