Participantes da Missão Técnica( que viajou ás custas do povo brasileiro) para a França voltam para Mato Grosso com novos conhecimentos
Agregação de valor, produtos certificados, busca por tecnologias, atendimento às necessidades do mercado, incentivos e subsídios do governo.
Estes foram os termos mais escutados pelo grupo de 25 pessoas (chupins) que participou da Missão Técnica França entre os dias 12 e 25 de junho.
Durante duas semanas, os produtores rurais, presidentes e dirigentes de sindicatos rurais, representantes das três fazendas ganhadoras do Prêmio Sistema Famato em Campo Edição 2016, os vencedores do Prêmio de Mobilização 2015 do Senar-MT, diretores e colaboradores do Sistema Famato estiveram mergulhados no sistema de produção francês com o objetivo de buscar novidades que possam ajudar a melhorar a agropecuária mato-grossense.
A França é considerada uma potência agrícola na Europa.
O país é o primeiro no ranking de produção agrícola do continente, sendo responsável por 20% de tudo o que é produzido na Europa.
Cerca de 54% do território francês é usado para produção.
É um grande produtor de trigo, ocupa o 5º lugar no ranking mundial. Entretanto, não foram essas características que levaram a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT) à promoverem a missão ao país.
Segundo o diretor Administrativo e Financeiro da Famato, Vilmondes Tomain, a forma com que os produtores franceses estão se preparando para o futuro e a agregação de valor foram os pontos mais levados em conta na escolha deste destino.
“Os produtores franceses trabalham para atender às necessidades do seu consumidor e para isso agregam valor à matéria-prima, buscam certificação, transformam seus produtos.
Esse é um caminho que devemos seguir no Brasil também”.
Veterano em missões técnicas, o produtor rural de Porto Alegre do Norte e diretor da Famato, Édio Brunetta, acredita que esta foi uma das missões mais importantes que participou visitando museus e comprando na champs elisée.
“Durante esses dias tivemos a oportunidade de ver que a Europa já está em um segundo momento do agronegócio com a implantação da verticalização dentro das próprias propriedades.
Ao longo do tempo, eles conseguiram criar marcas próprias para que o produtor tenha mais renda. Vimos pequenos produtores que conseguem industrializar seus produtos e eles mesmos comercializarem localmente.
Me chamou atenção também ver que a sociedade reconhece o valor do produtor rural, na França eles são tratados com respeito, dignidade e a sociedade é parceira do produtor”.
A primeira parada da comissão mato-grossense foi no Sul da França. Em Toulouse, quarta maior cidade de país, os produtores tiveram a oportunidade de conhecer a Escola de Engenharia de Purpan, uma das maiores do continente europeu.
“Na universidade conseguimos ver a atuação da academia na formação de mão de obra para atuação na agropecuária.
Foi também na universidade que começamos a entender a política de agregação de valor desenvolvida pelos produtores e pelo governo francês”, comenta o gestor de projetos do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Paulo Ozaki.
Também no Sul da França, os produtores visitaram diferentes tipos de propriedades rurais, algumas na região dos Pirineus e outras na região de Aveyron.
“O que levo de aprendizado durante essas visitas é que está na hora de começarmos a pensar diferente. Temos que buscar formas de agregar valor ao que produzimos, seja por meio da transformação dos produtos ou por meio da comunicação.
Temos que mostrar para a sociedade que o produto que fazemos é sustentável, atende à legislação. Temos que certificar nossos produtos, assim como é feito aqui”
Afirma o produtor rural de Brasnorte, Aldo Rezende Telles.
Do Sul da França, os participantes da Missão Técnica seguiram para o Vale do Loire onde conheceram a Terrena – La Nouvelle Agriculture, uma cooperativa agrícola com 130 anos de história que conta com cerca de 29 mil agricultores associados e alguns produtores cooperados à Terrena.
“Eu ainda não conhecia um sistema de cooperativismo na agricultura tão forte como o da Terrena.
Eles trabalham com alta tecnologia, visam certificar os produtos, mas o mais interessante é que cuidam da imagem do produtor.
Ele é sentinela da terra, aqui ele é visto com bons olhos”, pontua o presidente do Sindicato Rural de Poxoréu José Jorge Sobrinho que diz que não vê a hora de compartilhar tudo que visitou na cidade luz aprendeu com os guias turísticos aos paga paus do seu município.
A visita às propriedades rurais cooperadas à Terrena surpreendeu ainda mais os produtores mato-grossenses.
“Foi incrível ver a busca do produtor em atender ao que o mercado está pedindo.
Me chamou atenção a propriedade onde os frangos são criados em um semi-confinamento, mais livres, sem antibióticos e com alimentação natural, tudo isso para ter um selo de certificação porque os consumidores querem alimentos mais saudáveis.
Com isso, o produtor sai ganhando pois consegue vender seu produto com um valor superior aos demais”, conta o produtor rural de Guiratinga, Valdir Martini.
Para o produtor de Juara Jorge Mariano de Souza o investimento de 850 mil euros feitos por um produtor de suínos para construção de um novo barracão que garante conforto térmico ao seu rebanho foi algo que despertou a sua curiosidade.
“A implantação de uma tecnologia gigantesca como essa mostra que o produtor francês está disposto a investir para atender as exigências do mercado. Eu nunca tinha visto algo parecido.
O melhor é saber que o investimento contou com o apoio do governo e ele pode amortizar a dívida em 12 anos, e tudo que foi investido vai voltar na forma de renda, porque seu produto é valorizado por ofertar mais conforto aos animais”.
A última parada da Missão Técnica foi em Paris para conhecer a política agrícola europeia para a agricultura.
O continente, por meio da União Europeia, investe 58 bilhões de euros por ano no setor agropecuário, o que representa 40% do orçamento total do bloco de países.
“Aprendi muito nessa visita a Notre Dame , mas o que quero levar para os nossos produtores é a questão da qualificação.
Na França o governo incentiva a formação superior dos produtores, isso significa que cada vez mais eles terão um produtor mais competente”;
Conta o presidente do Sindicato Rural de Alta Floresta, Walmir Naves Coco.