Durante os últimos cinco anos, o flash surgiu aparentemente do nada e passou a dominar as conversas sobre armazenamento corporativo. Porém, embora a tecnologia tenha evoluído rapidamente nesse período, os debates sobre o flash permaneceram os mesmos.
Vamos fechar o capítulo que trata sobre o que é o flash e avançar para o que o flash faz. Vamos sair da tecnologia e pensar num uso melhor para ela.
Com cerca de 105 fornecedores, recomendando diferentes versões do flash, é crucial que essa mudança no foco aconteça logo, caso as empresas queiram evitar investir em sistemas que na verdade não atendem às suas necessidades.
Na minha opinião, há três princípios básicos do flash que qualquer empresa deveria saber antes de dar início ao importantíssimo processo de aquisição.
1° princípio: a economia do flash está mudando
Quando o flash chegou à cena do armazenamento, ele era muito mais caro do que as opções alternativas de armazenamento em disco. Entretanto, assim como acontece com todas as tecnologias, seu preço diminuiu com o tempo. Boa parte dessa diminuição se deu graças às tecnologias de desduplicação, compactação e snapshots com uso eficiente de espaço, que ajudaram os negócios a obter o máximo de retorno dos investimentos na tecnologia.
A boa notícia para as empresas é que a economia do flash irá melhorar ainda mais. Isso se deve a um tipo de efeito da Lei de Moore, no qual o volume de capacidade de armazenamento em cada SSD (Solid State Drive) aumenta com o passar do tempo, diminuindo o custo bruto por gigabyte.
Não estou dizendo que os debates sobre flash, disk arrays, arrays híbridos e nuvens híbridas acabaram. É claro que o custo do flash está diminuindo, mas o do disco também — e as tecnologias de desduplicação e compactação funcionam muito bem, tanto para disco quanto para flash.
A mudança na economia do flash está longe de ser exclusivamente uma conversa sobre o custo relativo de um tipo de armazenamento em relação a outro. Ela é importante porque significa que hoje em dia as empresas têm mais opções disponíveis do que nunca.
2° princípio básico do flash: o software está ficando inteligente
Como os clientes podem ter certeza de que estão fazendo as perguntas certas? Bem, o primeiro passo é esquecer que o flash é uma mídia de armazenamento: a chave para uma implementação bem-sucedida do flash é considerar os resultados da aplicação. Os SSDs flash são meramente os componentes modulares — é a maneira como você arruma os blocos, onde você os coloca e como você os utiliza que realmente importa. Portanto, o software é uma consideração central sobre qualquer implementação bem-sucedida do flash, mas ainda assim não é um tema debatido da maneira correta.
O software é o catalisador do flash. É o que dá vida a ele e permite que as empresas utilizem este meio de maneiras inovadoras.
Sempre existiu muita inovação na área de classificação por níveis para flash arrays híbridos e arrays totalmente flash, mas o software inteligente está fazendo com que ela avance ainda mais. Novas ofertas de software mais inteligentes de classificação por níveis permitem que os sistemas executem automaticamente a orquestração entre armazenamento em cachê em tempo real e drives back-end (ou seja, entre flash e disco) para balancear as necessidades tanto de desempenho, quanto de custo. A nova economia do flash mudou tanto que agora também é possível fazer a classificação por níveis entre diferentes tipos de flash. Essa é uma dinâmica interessante e que torna as propostas de “totalmente flash” e “flash híbrido” altamente cativantes.
O software guarda a chave para essa classificação por níveis, permitindo que os usuários corporativos transfiram dinamicamente os dados na pilha conforme desejarem. Ele também será cada vez mais importante para a movimentação horizontal de dados entre plataformas. Ao tratar todo o hardware como nada além de um pool de recursos, o software inteligente garantirá que as empresas estejam obtendo o máximo de seus sistemas, tanto em termos de economia quanto de desempenho.
Outro exemplo novo é a gestão integrada de dados de cópia. A IDC estima que mais de 60% de todo o armazenamento corporativo é composto por cópias de dados de produção reutilizados para desenvolvimento e teste, proteção de dados ou lógica analítica downstream. Algumas plataformas novas de armazenamento oferecem serviços de cópia otimizados para flash que possibilitam snapshots instantâneos, graváveis, com desempenho integral e uso totalmente eficiente de espaço. Com isso, várias equipes de aplicativo estão promovendo inovações em processos de negócios e na agilidade de novos workflows, pois agora elas podem fazer quantas cópias quiserem com a frequência que desejarem, sem riscos de capacidade ou SLA (Service Level Agreement – Contrato de Nível de Serviço).
3° princípio básico do flash: deixe que a aplicação encabece a aquisição
A nova economia do flash e o surgimento do software inteligente significam que as empresas podem fazer praticamente o que quiserem com seus sistemas de armazenamento. Na verdade, a gama de opções disponibilizadas é tão grande que não é de se impressionar que muitos achem o assunto todo atordoante. Então, o que as companhias podem fazer?
Qualquer pergunta que comece com o hardware e siga em direção aos negócios está errada. O ponto inicial de qualquer implementação de flash precisa começar com a empresa que será o usuário final perguntando o que deseja que a aplicação faça e o que ela precisa, do ponto de vista de hardware e software, para atingir tais objetivos. Na verdade, este é o princípio básico mais importante para o flash: que o usuário final lidere a parte da conversa sobre as aplicações do sistema, e não o fornecedor.
Pouquíssimos profissionais estão sentando e falando: “é assim que vou implementar o flash em minha empresa, esse é o tipo de flash que desejo. Meu aplicativo faz leituras assim e gravações desta forma. Aqui está a latência e o tempo de resposta que desejo, e preciso de uma infraestrutura que forneça isso”. Entretanto, muitas vezes encontro empresas que compraram um sistema há algum tempo e descobrem que ele não está fazendo o que elas queriam da maneira que elas desejavam. Isso acontece porque a jornada começou errada — elas fizeram a primeira pergunta da forma errada.
Sendo assim, as empresas não podem comprar flash da mesma maneira que sempre compraram armazenamento (ou seja, de olho no preço por gigabyte, considerando desduplicação e compactação). Em vez disso, as empresas precisam ter uma ideia clara e definida de transformação da aplicação em relação ao que a empresa está fazendo e para onde ela está indo, só então analisar quais tecnologias atendem os objetivos da melhor maneira.
Flash em qualquer lugar
O flash não é apenas uma mídia, mas sim o que você pode fazer com ele. Agora as empresas precisam se perguntar qual estratégia precisam desenvolver para o flash de uma maneira que seja adequada aos objetivos comerciais. Porque o flash tem um lugar em qualquer parte da empresa, de bancos de dados OLTP e ferramentas de lógica analítica de Big Data até o servidor. O local e a hora exata do seu uso dependerão de apenas um fator: seu uso nos negócios.
Marcio Sanchiro Utida é o Sr. Cloud, Storage and Application Specialists Manager – Brazil & SOLA na EMC