Conheça o Brave, um navegador que não rastreia seus usuários
O poder da Google para navegadores web nunca foi tão forte. Seu navegador Chrome tem quase 70 por cento do mercado e seu mecanismo de busca uma participação colossal de 92 por cento. São muitos dados – e receita de publicidade – para uma das empresas mais poderosas do mundo.
Mas o domínio da Google está sendo desafiado. Os reguladores estão questionando sua posição de monopólio e alegam que a empresa usou táticas anticompetitivas para fortalecer seu domínio. Ao mesmo tempo, uma nova onda de rivais do Google espera capitalizar sobre o maior desejo do público por privacidade online.
Não se deve utilizar o Chrome sem VPN
Lembre-se de que o modo anônimo sem VPN apenas não salva no histórico os sites que você visita, mas a privacidade não existe. Enquanto que a única forma de ter privacidade e anonimato quando utilizando o Google Chrome no Brasil é através de uma VPN brasileira, os rivais da Google estão desenvolvendo algumas novas alternativas, e uma delas é o Brave.
Dois anos depois de lançar publicamente um navegador voltado para a privacidade, a Brave, fundada pelo ex-executivo da Mozilla Brendan Eich, está assumindo o negócio de busca do Google também. O anúncio da Brave Search coloca o novato na rara posição de enfrentar o navegador do Google e o domínio da pesquisa.
Usuário anônimo
Eich diz que o Brave Search, que abriu uma lista de espera e será lançado no primeiro semestre deste ano, não rastreará ou traçará o perfil das pessoas que o utilizam. “A Brave já tem um modelo de usuário anônimo padrão, sem nenhuma coleta de dados”, diz ele, acrescentando que continuará em seu mecanismo de busca. Nenhum endereço IP será coletado e a empresa está explorando como pode criar um mecanismo de pesquisa pago e sem anúncios e um que vem com anúncios.
Mas construir um mecanismo de pesquisa não é simples. Leva muito tempo e, mais importante, dinheiro. Os algoritmos de pesquisa do Google passaram décadas rastreando a web, construindo um index de centenas de bilhões de sites e classificando-os nos resultados de pesquisa.
Liderança no mercado
A profundidade de indexação da Google ajudou a garantir sua posição de líder de mercado. Globalmente, seu rival mais próximo é o Bing, da Microsoft, que detém apenas 2,7% do mercado. O próprio index da web do Bing também ajuda a fornecer resultados em outros rivais do Google; como o DuckDuckGo, que o usa como uma das 400 fontes que alimentam os resultados de pesquisa.
Eich diz que a Brave não está começando seu mecanismo de busca ou index do zero e não usará o index do Bing ou de outras empresas de tecnologia. Em vez disso, a Brave comprou a Tailcat, uma ramificação do mecanismo de busca alemão Cliqz, que pertencia à Hubert Burda Media e fechou no ano passado.
A compra inclui um index da web criado pela Tailcat e a tecnologia que o alimenta. Eich diz que alguns usuários terão a capacidade de optar pela coleta de dados anônimos para ajudar a ajustar os resultados da pesquisa.
“O que o Tailcat faz é examinar um log de consulta e um log de clique anonimamente”, diz Eich. “Isso permite que ele crie um index, o que a Tailcat fez e já fez na Cliqz, e está ficando cada vez maior.” Ele admite que o index não será tão profundo quanto o do Google, mas que os principais resultados que ele apresenta são basicamente os mesmos.
“É a web que interessa aos usuários”, diz Eich. “Você não precisa rastrear toda a web em tempo quase real como o Google faz.” O que dá para entender pela promessa é que o Brave não terá Bots como o Google.
Novos desafios
A equipe do Brave Search também está trabalhando em filtros, chamados Goggles; que permitirão às pessoas criar uma série de fontes de onde os resultados da pesquisa são extraídos. As pessoas podem, por exemplo, usar filtros para mostrar apenas análises de produtos que não contenham links de afiliados. Um filtro também pode ser definido para exibir apenas os resultados de veículos de mídia independentes.
E em breve o Google poderá ter ainda mais concorrência.
Houve relatos não confirmados de que a Apple está construindo seu próprio mecanismo de busca; embora isso possa fazer com que ela perca bilhões de dólares que o Google paga para ser a opção de busca padrão em seu navegador Safari. Outra concorrência vem do Neeva; desenvolvido por ex-engenheiros do Google que planejam usar um modelo de assinatura de busca; You.com, que está em uma fase inicial de testes; e a startup britânica Mojeek, que rastreou mais de três bilhões de páginas da web usando sua própria tecnologia de rastreador.