Os impactos das ações humanas no surgimento de pandemias como a do novo coronavírus é um tema recorrente no meio acadêmico e científico. A renomada primatologista britânica Jane Goodall, de 86 anos, que dedicou sua vida à defesa dos animais e do meio ambiente, defende a ideia que o “desprezo” pelo meio ambiente causou a crise do novo coronavírus. De acordo com o coordenador do Programa de Pós-Graduação em Gestão Ambiental (PGAMB) da Universidade Positivo (UP), Maurício Dziedzic, esta não foi a primeira vez na história da humanidade e não será a última em que a vida da população fica ameaçada por uma pandemia. Ele recorda que a migração de doenças de animais para humanos vem desde a Era Medieval: peste bubônica, raiva, ebola e, mais recentemente, a gripe aviária, são alguns exemplos. “Se o ser humano não mudar o seu modo de vida e o modo de conduzir a sua existência no planeta, essa lista de doenças só vai crescer – e rapidamente. Está provado que o planeta não está pronto para isso, haja vista o número de mortos e desamparados por conta da pandemia”.
No entendimento do coordenador, o formato mais comum de perseguir riqueza e poder sem se importar com as consequências, levou o planeta “à beira do abismo”. Dziedzic admite o receio de que toda a gravidade do momento atual ainda não mude a humanidade. “Apesar de toda a tragédia, tem muita gente que duvida que isso é grave, e não aproveita a oportunidade de aprender com os erros alheios”. Para o planeta sair fortalecido, ele sugere cinco pontos a serem trabalhados por todos:
1 – Individual – Menos consumismo. Reduzir a busca desenfreada de ter sempre o mais novo, o maior, o mais bonito, um de cada. Dar mais ênfase ao ser do que ao ter.
2 – Coletivo – O que se faz em uma parte do planeta vai afetar outras. Pensar que o planeta é compartilhado. Parar de querer levar vantagem em tudo. Pensar que o planeta é compartilhado e cada um tem que fazer a sua parte para mantê-lo em boas condições.
3 – Político – O poder público deve atuar em prol do bem comum, não em busca de vantagens políticas, poder e vantagens financeiras. “O governante precisa assumir o papel de representante do povo e trabalhar pelo bem comum, o que tem sido raro em vários cantos do planeta”, argumenta Dziedzic.
4 – Privado – Na iniciativa privada, as empresas podem equilibrar a busca incessante pelo lucro com a justiça social. É claro que a empresa precisa sobreviver, precisa ter lucro, mas o lucro não precisa crescer o tempo todo e se buscar cada vez melhores resultados financeiros; dá para pensar em distribuir esses ganhos entre quem faz a organização, que são as pessoas. “Se todo mundo crescer junto, a empresa vai sobreviver e a longo prazo ser tornar mais lucrativa, porque terá mais pessoas em condições de consumir os seus produtos”, ressalta.
5 – Internacional – É preciso buscar um acordo, uma boa convivência planetária. Um conglomerado de governantes nacionais que se reúnam pelo bem do planeta, deixando de priorizar somente o lucro e o poder.
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