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#CPBA: Tonico Novaes fala sobre Campus Party Bahia e da expansão da Campus Party

por Paulo Fernandes Maciel
campuseiros

Bahia realiza sua primeira Campus Party

A Campus Party, maior evento de inovação e tecnologia do mundo, chegou ao seu 10º ano no Brasil em 2017.

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Até o ano passado, era realizada apenas em São Paulo, mas recebia visitantes de todos os cantos do país.

 

Este ano o encontro de conhecimento e troca de experiências está se expandindo e acontecerá em Salvador, entre os dias 9 e 13 de agosto.

A TARDE conversou com Tonico Novaes, diretor da Campus Party no Brasil.

Ele falou sobre a expansão do evento, os grandes desafios em época de economia instável e o que o público baiano pode esperar da edição de Salvador.

A reportagem teve colaboração de Izabela Morais.

Nota o vídeo se refere à Campus Party Brasília.


Qual avaliação vocês fazem da Campus Party nos últimos 10 anos no Brasil e quais avanços o evento trouxe para o mercado de tecnologia do país?
A Campus Party já está há 10 anos no Brasil e hoje é uma das principais experiências tecnológicas do calendário nacional.

Nós temos dificuldade de classificar a Campus como um evento ou feira, é um grande acontecimento.

Acho que o evento já trouxe grandes legados para a cultura digital porque transformou novas profissões. Profissões que antes não eram tão reconhecidas pelo mercado, a Campus já consegue enxergar.

Ela está sempre na vanguarda das inovações, então a profissão de desenvolvedor hoje é muito reconhecida.

Atualmente, a impressora 3D, que para muitos é novidade, já é bastante conhecida pelo público da Campus. Além disso, deixamos muitos legados.

A Campus é um evento que deixa muitos legados, seja na educação ou no empreendedorismo, a gente conecta jovens com mentes brilhantes, também conseguimos trazer para esse universo os jovens de classe baixa e inseri-los nesse mercado de tecnologia.

A gente vê muito avanço em robótica, especialmente na escola pública.

As escolas particulares ainda não começaram a trabalhar tanto com robótica, são poucas.

No Norte e Nordeste as escolas públicas já têm isso na grade oficial.

Temos legado na área de ciências e na área de empreendedorismo, através do programa de startups, dos makers.

Estamos trazendo os makers para essa realidade.

Dentro dos makers, eles criam as próprias peças.

Nas oficinas de robótica ensinamos pessoas que nunca tiveram contato com programação a montar um robô em 30 minutos.

Então, tudo isso a Campus vai propiciando de uma maneira muito democrática e orgânica e contribui para que o conhecimento das pessoas seja ampliado.

Quais são os maiores desafios para organizar um evento desse porte?

São muitos desafios.

Primeiro, conseguir o local ideal e depois o recurso.

Estamos vivendo em um país que já viveu uma crise econômica e que hoje começa a se reerguer.

Mas hoje vivemos uma crise institucional, a gente não sabe quem será o próximo ministro ou o presidente daqui a dois meses.

Isso tudo dificulta.

A Campus tem um custo de produção muito alto.

Por mais que a gente cobre o ingresso, o valor é simbólico.

Ele é muito mais para filtrar o público do que garantir o evento.

O custo do evento vem das Parcerias Público- Privadas.

Se fôssemos cobrar do campuseiro o custo do evento, o ingresso teria que custar R$ 3 mil.

O universitário não teria como financiar isso.

A grande dificuldade é a captação de recurso.

Com toda essa instabilidade que o país vive, as empresas ficam receosas de investir e, por mais que os investimentos tragam retorno;

Seja de marketing, RH ou inovação, os empresários veem seu fôlego de investimento comprometido.

 

A Campus Party é um evento consolidado em São Paulo, mas está começando a se expandir.

 

Como foi a receptividade dos governos das cidades escolhidas?
Muito boa! É muito difícil o jovem arcar com os custos.

Em São Paulo, o preço médio do ingresso com camping é R$ 350.

Se você adicionar todo o custo de logística e alimentação que o jovem terá para vir de todas as cidades, mesmo que sejam próximas, o gasto seria de R$ 1,5 mil para uma semana.

Mesmo que traga conhecimento, network, uma série de atribuições e recursos intangíveis, o preço é pesado. Definimos que estava na hora de avançar com a Campus Party pelo Brasil.

O país tem dimensões continentais, é como se tivéssemos 26 países aqui dentro.

Se começarmos a levar o legado para essas cidades, daremos a oportunidade de outros jovens irem até a Campus.

O grande exemplo é Minas Gerais, que é o 4º Estado a levar público para o evento de São Paulo.

Depois que fizemos a primeira edição no estado o ano passado, Minas se tornou o 2º estado a levar público ao evento.

Então nessas edições regionais, além de aproximar o legado do jovem universitário e de baixa renda;

Você consegue fortalecer as comunidades regionais e trazê-las para o evento também.
Vocês decidiram expandir a Campus Party quando perceberam que havia demanda suficiente de outras cidades para participar?
Sim. Assim como tem muitos jovens que querem vir para cá, tem muita riqueza de conteúdo nessas regiões, então estamos explorando.

Não são apenas os jovens com as mentes brilhantes, também existem as empresas que querem se conectar com esses jovens.

E os palestrantes, professores, mestres em física, doutorado em inovação, ciências, astronomia;

E outros diversos assuntos que a Campus engloba, a gente acaba fomentando todo esse ecossistema.

Faltam ambientes como esse que juntam demanda e oportunidades e, quando eventos como a Campus acontecem, outros eventos menores acontecem também.

Isso que é importante, outros eventos, novas iniciativas também acontecendo para fomentar.

Cada vez mais o problema do trabalho será muito forte.

Vivenciamos uma época de transformação.

Vivenciamos a Revolução Industrial, agora estamos vivenciando a Revolução da Internet.

Isso trará mudanças para o formato da economia, da sociedade e a forma de monetizar.

Sempre se falou na geração de trabalho, mas agora temos que pensar em geração de renda.

Você começa a gerar renda e a sociedade precisa descobrir novas formas de geração de renda.

A população está crescendo de forma exponencial e os empregos diminuem de forma exponencial.

Cada vez mais um funcionário faz o trabalho de dois ou mais ou a máquina faz esse trabalho.

A Campus tem incentivado esse debate de como a população vai coexistir com computadores.
A molecada de hoje quer ter uma startup, ser o novo Bill Gates ou o novo Mark Zuckerberg.

Eles são brilhantes, aprendem sozinhos, já nascem digitalizados

Como foi a seleção das cidades que receberão edições da Campus Party?
Fizemos um plano.

Primeiro tem o interesse local, o primeiro a aparecer foi Brasília.

Vamos tratar a edição de Brasília como se fosse a do Centro-Oeste.

Depois foi Minas Gerais que apareceu, sendo tratada como a edição do Sudeste.

O governo de Recife (Roeu a corda) sinalizou que não conseguiria mais ajudar institucionalmente, então logo depois apareceu a Bahia;

Então podemos substituir Recife por Bahia para realizar a edição Nordeste.

Agora apareceu Natal, então realizar uma edição mais ao norte e outra mais ao sul do Nordeste faz sentido, já que é uma região muito grande.

Meu sonho é fazer 26 Campus Party por ano.

Se fizermos 26 edições da Campus Party no ano, significa entregar legado 26 vezes por ano para as cidades;

Popularizando a ciência, entregando a oportunidade dos jovens aprendendo a empreender.

Quando realizamos as áreas de empreendedorismo, podemos dar mentoria para esses jovens, ensinar como construir um business plan e como encontrar um investidor anjo.

Às vezes, você tem uma startup, está muito preocupado em encontrar alguém que invista R$ 1 milhão;

Mas um investidor com R$ 30 ou 40 mil, que é muito mais fácil de encontrar, pode entrar e dar várias dicas importantes para o jovem.
Você acha que as empresas controladas por jovens hoje em dia têm estimulado os brasileiros mais novos a entrar no mundo do empreendedorismo?
Se você voltar um pouco no tempo, o sonho dos meus avós era ter um emprego no Banco do Brasil, passar no concurso público.

Os meus pais tinham o sonho de se formar em Direito, Medicina, Engenharia e Administração.

Na minha época, o sonho era ser jogador de futebol, ter uma banda de rock ou ser ator de novela.

A molecada de hoje quer ter uma startup, ser o novo Bill Gates ou o novo Mark Zuckerberg.

Eles são brilhantes, aprendem sozinhos, já nascem digitalizados, mas eles têm outros problemas também.

Não aguentam pressão, foram educados no carpete, no leite com pêra.

Eles não aceitam o não e desistem fácil.

Falta um pouco de resiliência e maturidade de negócio.

A grande receita é mesclar.

Esses jovens que estão aparecendo têm mentes brilhantes, ideias fantásticas, pensam fora da caixa e são digitalizados.

Mas é muito mais fácil o profissional mais velho se digitalizar do que o jovem ganhar experiência.
Qual a expectativa para a Campus Party Salvador?
Acho que a da Bahia será muito boa.

Para você ter uma ideia, vendemos quase o dobro de barracas se comparar com Brasília, e vendemos tudo muito rápido, em apenas uma semana.

Os campuseiros estão eufóricos nas redes sociais e pela primeira vez em todas as edições da Campus Party no mundo;

Teremos uma edição dentro de um estádio de futebol, ( “porque o centro de convenções desabou” , nota do editor)

A expectativa é de um evento muito grande.

O governo “dos Malvadezas”está ajudando com uma participação muito importante, ajudou a gente na captação de conteúdos locais;

De forma bem positiva e conseguimos reunir muitos conteúdos da Bahia e do Nordeste como um todo.
A realização de uma Campus Party em Salvador pode estimular o mercado tecnológico na região?
Sem dúvida.

Visitei o parque tecnológico de Salvador e há muito espaço para crescer.

Ainda voltarei para visitar outras empresas.

É muito legal, um espaço muito bacana e com espaço para a construção de outros prédios.

A ideia da Campus Party é essa, fomentar todo o ecossistema e fazer com que o governo apoie cada vez mais essas iniciativas de ciência, tecnologia, inovação e empreendedorismo.
Qual a expectativa de público para Salvador?
Estamos esperando seis mil campuseiros na arena, com cerca de quatro mil acampados e na área open eu me arrisco a dizer que serão 100 mil pessoas.

Usaremos a Arena Fonte Nova, mas sem ações dentro do campo.

Na ferradura atrás do gol ficará a área open, no 1º anel a arena das bancadas e o camping será no final desse anel e no subterrâneo do EDG.

 

Por que um evento tecnológico e moderno escolhe o tradicional jornal A TARDE como parceiro exclusivo de mídia impressa?
A Campus Party é bem democrática e sempre trabalha com muita parceria, seja de jornal impresso, eletrônico, TV ou rádio.

Somos um hub de comunidades de gamers, cosplay, nerds e campuseiros e todas estão lá dentro.

Temos um ambiente democrático, queremos ampliar o debate e entender como será o futuro.

O jornal impresso está indo para o digital, precisa se reinventar para continuar sendo lido.

Ainda existem pessoas que gostam de sujar as mãos, mas é preciso mudar a forma de criar conteúdo para atrair o público jovem.
As cidades que recebem a Campus Party em 2017 já fazem parte do calendário para 2018?
Para o ano que vem já temos certas as datas de Natal, Brasília, Minas Gerais e São Paulo.

A Bahia com certeza terá a 2ª edição, devemos anunciar a data de 2018 no final do evento deste ano para os campuseiros.

Fonte: ATarde

Créditos: Luiz Serpa e Izabela Morais

Mais informações sobre a Campus Party Bahia acesse: brasil.campus-party.org/bahia/ ou

 

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