Por Luís Mário Luchetta, presidente do Instituto das Cidades Inteligentes (ICI)
A posse dos prefeitos eleitos, em janeiro de 2017, traz muitos desafios para os novos governos. Um dos mais importantes é diagnosticar a situação atual da administração e identificar quais são os serviços demandados pela população, que ainda não são atendidos ou que precisam de melhorias. Para ter resultados eficientes nesse trabalho é preciso traçar um plano de implementação de soluções integradas de Tecnologias de Informação e Comunicação, que vão gerar manutenção e atualização permanente das informações.
As chamadas TIC, conjunto de recursos tecnológicos que soluciona questões de comunicação em diferentes áreas e setores dos negócios, são grandes aliadas na gestão pública. Elas automatizam, padronizam e agilizam os processos, permitindo a transparência e simplificando o acesso do cidadão aos dados e serviços públicos. Novas soluções, como mobilidade urbana e iluminação inteligente, por exemplo, são gerenciados pelas TIC e favorecem diretamente os moradores das cidades.
Um cuidado importante a ser tomado pelos novos prefeitos é não subestimar a importância estratégica das TIC e nem deixar o tema ser tratado perifericamente na gestão. Será por meio dessas tecnologias que o governante conseguirá transformar o município em uma cidade inteligente, colocando as pessoas no centro do desenvolvimento e deixando o governo mais eficiente.
O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) publicou uma lista de cidades de várias partes do mundo com soluções inteligentes. São diversas iniciativas em cada uma delas, que vão desde sensores (IoT) em Barcelona, até dados abertos em São Francisco, com os quais busca-se resolver os mais variados problemas dos centros urbanos, de maneira ágil e efetiva.
As soluções tecnológicas de cidades inteligentes de outras partes do mundo podem ser aplicadas no Brasil. Tel Aviv, em Israel, que desenvolveu uma plataforma para integração com o cidadão por meio de um aplicativo, e San Diego, nos Estados Unidos, que possui um sistema de iluminação pública inteligente, são cidades com soluções perfeitamente aplicáveis à realidade brasileira.
TIC auxilia no processo decisório do governo, com informações organizadas de todas as áreas da gestão pública, em tempo real, e com previsões e alertas do que pode ser feito para evitar possíveis problemas. Na área da Saúde, por exemplo, um prontuário eletrônico de abrangência nacional pode integrar os dados dos diferentes provedores de serviços e os transformar em um único documento, que pode ser acessado dentro dos níveis de segurança pelo paciente, por médicos, hospitais e clínicas. Uma vez estruturado, esse sistema será a base para levar serviços on-line ao cidadão, entre eles agendamento de consultas e informações como a disponibilidade de medicamentos nas unidades, usuários em espera, especialidades disponíveis, resultados de exames, entre outros.
Na Educação, a transformação já é uma realidade com o ensino à distância e pode-se avançar principalmente na gestão pública. A estruturação de sistemas de gestão educacional, de conteúdos pedagógicos on-line e interação com a comunidade escolar são fatores determinantes para a melhoria do ensino. A tecnologia pode contribuir com o acesso e a igualdade na educação, na qualidade do ensino e aprendizagem, no processo de matrícula on-line, na chamada eletrônica, no desenvolvimento profissional dos professores, bem como melhorar a gestão, a governança e a administração educacional.
A transformação digital está acontecendo em todas as áreas da sociedade e questões como padrões, segurança, legislação e o desenvolvimento de algoritmos capazes de analisar dados e executarem uma determinada ação são os desafios deste momento. Na era cognitiva, as pessoas farão as perguntas e os computadores darão as respostas. As informações estarão em qualquer lugar, o tempo todo, ajudando os gestores a melhorar os municípios brasileiros. Mudaremos mais nos próximos 20 anos do que mudamos nos últimos 200. E esse é um grande desafio para todos nós.
Luís Mário Luchetta é bacharel em Ciências Contábeis, especialista em Planejamento e Marketing Empresarial. É membro do programa de educação continuada do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), do qual é conselheiro de administração e fiscal certificado. Empreendedor nacional e representante comercial, atua no trabalho coletivo do setor de TIC, no qual desempenha a função de vice-presidente da Federação Assespro e presidente do Instituto das Cidades Inteligentes (ICI).