Um homem foi liberado da prisão no dia 17 de março depois que a DPE/BA (Defensoria Pública da Bahia) comprovou em juízo que ele estava há três meses preso injustamente. O mecânico Rogerio de Asis de Paula, de 47 anos, foi preso em São Paulo, e condenado a 12 anos de reclusão por supostos roubos cometidos em Itabuna (BA). A Defensoria utilizou perícia grafotécnica para provar que o indivíduo que cometeu os crimes utilizou uma identidade falsa com os dados do acusado.
A perícia se debruçou sobre os documentos oficiais e comprovou a falsa identidade. Para tanto, o perito Ricardo Caires fez a análise grafotécnica, que consiste na verificação da autenticidade da escrita. O laudo atestou que o criminoso, que cometeu as infrações no interior da Bahia e apresentou um documento de identificação falsificado, não se tratava do mecânico, que sequer conhecia o estado da Bahia.
Evandro Correia Silva, perito e sócio-fundador da Nero Perícias, empresa que atua com perícia grafotécnica e avaliação de imóveis, afirma que a perícia grafotécnica tem ajudado na elucidação de casos como o do mecânico, por meio da identificação da falsificação de documentos.
“A perícia grafotécnica consegue apurar se uma escrita partiu de determinado punho, ou não. Com isso, podemos esclarecer se determinado documento é autêntico ou falso. Isto é possível, pois, assim como nossa digital, a escrita é única, individual”. Mais de 16 milhões de carteiras de identidade falsas circulam no Brasil, conforme estimativa divulgada pelo Acert Portal Antifraude, o maior blog antifraude do país.
O número de pessoas com alguma privação de liberdade no Brasil passou de 811.707 em dezembro 2020 para 820.689 em junho de 2021 – uma alta de 1,1%, de acordo com o último Levantamento de Informações Penitenciárias do Depen (Departamento Penitenciário Nacional), com dados até julho de 2021. Segundo dados divulgados pelo Infopen (Sistema de Informações do Sistema Penitenciário), cerca de 34,7% dos casos ainda não tinham sido julgados no ano passado.
Comparação de escrita ajuda a elucidar crimes
Segundo Silva, a análise de assinaturas de documentos e outros textos que exigem perícia grafotécnica tem sido um fator decisivo para a elucidação de casos como o de De Paula. “A perícia grafotécnica trabalha com comparação de escrita e tem ajudado a elucidar crimes desta natureza, que vêm se proliferando cada dia mais”.
O perito e sócio-fundador da Nero Perícias destaca que, além de ser útil para diversos fins, a perícia grafotécnica também pode ajudar na elucidação de crimes e na correção de sentenças erradas.
“A perícia grafotécnica é útil na elucidação de todo crime que envolve escrita, pois permite, através da confrontação de escritas, determinar a autenticidade do lançamento caligráfico em que se tem dúvida quanto à autoria”, conclui.
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