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A computação nas nuvens tem atraído muitos investimentos nos últimos anos. Em 2012 o valor mundial gasto na área foi de aproximadamente 16 bilhões de dólares e a previsão é de que em 2016 esse valor chegue a 52 bilhões de dólares – 27% a mais.
Mas o que é essa nova tecnologia que envolve tal demanda de investimento? A computação nas nuvens (Cloud Computing) é um novo modelo de arquitetura computacional usado para definir um ambiente computacional baseado em uma imensa rede de servidores – virtuais ou não – que fornecem às empresas e aos usuários o benefício de amenizar a preocupação de armazenar dados e informações em uma máquina local. Uma vez que eles estão na “nuvem”, podem ser acessados de qualquer lugar, através de qualquer aparelho eletrônico com acesso à Internet.
Mas quais são os benefícios que a computação em nuvens traz que a torna tão atraente? Poderíamos enumerar vários, mas os que mais se destacam são: mobilidade, flexibilidade, escalabilidade e economia de recursos. Nessa nova tecnologia não existe a necessidade de se ter um parque tecnológico enorme, com máquinas de última geração que custam uma fortuna hoje e que no mês seguinte já estarão defasadas. A ideia é de que as máquinas virtuais possam rodar em qualquer parte da nuvem, buscando a otimização dos ambientes e melhor utilização dos recursos disponíveis.
Um exemplo bem concreto e corriqueiro de computação nas nuvens é o uso dos nossos webmails. Quando acessamos diariamente nosso webmail, seja ele Gmail, Hotmail, Yahoo ou qualquer outro, provavelmente não paramos para nos perguntar onde nossas mensagens ficam armazenadas e como é possível acessá-las de qualquer lugar por meio da Internet. Todas nossas mensagens são acessadas e ficam armazenadas nas nuvens, em computadores espalhados ao redor do mundo.
Diante de todos esses benefícios trazidos pela Computação nas Nuvens, vale a pena observar como esse novo cenário repleto de possibilidades pode ser utilizado também para prática de crimes através da rede mundial de computadores. Desse modo, torna-se fundamental estruturar uma metodologia de investigação da perícia forense que foque no combate aos crimes cometidos em um ambiente tão diversificado quanto ao de computação nas nuvens. Assim, o perito especializado tem que buscar uma nova metodologia para identificar, coletar, armazenar e analisar os vestígios dos delitos praticados pelos infratores no espaço cibernético de computação nas nuvens.
Esse novo cenário de processamento de dados, distante fisicamente da empresa, pode trazer vários problemas com relação à segurança das informações. No caso da computação forense e perícia digital, em especial, essa mudança dos centros de processamento de dados de uma área local para um lugar remoto em qualquer lugar do mundo, é um dos grandes desafios. Não existe mais um sólido “perímetro de segurança” como se conhecia há alguns anos. Agora o perímetro de segurança tornou-se qualquer lugar onde pessoas tenham acesso à rede e à sistemas de serviços que são providos pela Internet.
Portanto, a necessidade de uma nova metodologia de investigação pericial para computação nas nuvens torna-se vital e deve possuir um padrão mínimo de trabalho que leve em consideração:
• O conceito de computação nas nuvens;
• Como estão organizadas estruturalmente as aplicações que se utilizam de computação nas nuvens;
• As possíveis falhas de segurança que podem ser encontradas em aplicações que se utilizam de computação nas nuvens;
• Análise das técnicas existentes de computação forense e perícia digital que possa ser utilizada buscar as evidências dos crimes praticados no ambiente de computação nas nuvens;
• Pesquisa das metodologias de desenvolvimento de software que podem ser aplicadas na perícia de computação nas nuvens.
Com base nessas premissas mínimas será possível criar uma metodologia para se realizar a investigação pericial nesse novo mundo tecnológico da computação nas nuvens.
José Helano Matos Nogueira
Mestre em Informática e Professor da disciplina “Introdução a Criminalística e Informática Forense” do curso de especialização Computação Forense e Pericia Digital do IPOG (www.ipog.edu.br)