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Importação de Hardware ou peças: o Brasil implodindo num CAOS de mercado

por Carlos Xandelly

Ultimamente muito se tem falado e especulado sobre o valor do dolar no Brasil, a suas altíssimas taxas de R$ 2,13 (20-06) para o mercado de peças e componentes de informática, o que direta ou indiretamente acabou atingindo os valores dos produtos nas principais lojas nacionais e comércios online.

Logicamente os produtos continuam com seus valores comerciais sugeridos idênticos no mercado global, inclusive ainda alguns deles tendo uma ligeira queda (caso dos processadores Intel i5 e i7 de 2º Geração – Sandy Bridge). Hipoteticamente antes desta desenfreada e maluca alta do dólar causada pela situação sócio-política econômicas do País, era um pouco mais vantajoso (pelo menos no primeiro olhar – sem levar em conta a questão da garantia) comprar algo no mercado internacional mesmo sabendo-se da taxação de impostos federais(algo em torno de 60% do valor do produto mais o valor do frete) e também dos 6,7% cobrados diretamente como transação internacional no Cartão de Crédito (exemplo do VISA através do Itaú).

Algumas lojas de informática da região de Campinas tem queda de até 70% das vendas de peças e componentes de informática ! A queda livre é inevitável diante da situação caótica do País, quebrando literalmente a relação cliente/consumidor e mercado nacional - Foto Divulgação OverBR

Cenário Caótico nas lojas Brasileiras

Lojistas estão num verdadeiro buraco de sinuca, com seus produtos em estoque e pouco vendendo em comparação a meados de Janeiro e Fevereiro (mesmo considerado um dos piores meses de venda para vários segmentos, e dentro dele o de informática). Não vendem não é porque não querem e sim porque foram obrigados a entrar neste marasmo causado por um ciclo da alta do dólar. Vamos aos fatos.

Por exemplo um determinado produto nesta loja custa atualmente R$ 1.000 (o mesmo produto é valor sugerido como padrão pelo fabricante no mundo global de US$ 240). Ponto, mas ainda bem longe do final. Este produto está na loja (vamos supor) desde quando o dólar estava cotado em US$ 1,87, o que reduziria este preço para pouco mais de RS 860,00. Nesta linha de raciocínio e conversando com ótimos clientes que são consumidores fiéis de lançamentos esempre fazem aquele upgrade neste período me informou que não pretendem (pelo menos agora) a adquirir nenhum produto de informática com o preço que o dólar está atualmente. OU seja, em outras palavras, e seguindo este pensamento, centenas de milhares de usuários estão aguardando que o dólar caia novamente para que possam fazer suas compras e não ‘pederem’ tanto com a desvalorização do mercado.

Por sua vez o lojista, não pode vender o produto mais barato, porque certamente não terá lucro algum e ainda para piorar, não comprará sequer o mesmo produto para repor no seu estoque. E novamente, fechamos o tal ciclo desta situação catótica e insustentável que o País enfrenta no segmento de informática (e alguns outros também).

O usuário/cliente quer e precisa comprar seu hardware, mas o faz por questão da alta do dólar, pelo outro lado o lojista com seus custos operacionais (que são fixos) precisa vender e ter capital de giro rápido, mas não vende por estar justamente na boca da cassapa. Parecendo ao meu ver uma partida de sinuca totalmente entravada e sem resultado prático para nenhum lado. Todos perdem, quem ganha? Isso que estou querendo descobrir.

Importações, compra de hardware no exterior

Supondo que o usuário deseja se aventurar a encomendar ou comprar o mesmo hardware que utilizamos no exemplo anterior, ou seja de US$ 240 lá fora (sem valor do frete). Então vamos a um exemplo prático deste cenário nos dias atuais levando-se em conta o valor do dolar.

Produto ‘Y, com preço de’ US$ 240, o frete para até 2kg via USPS direto de EUA (10 a 20 dias com rastreio) custará exatamente US$ 42.O Usuário certamente pagará com cartão de crédito e terá um imposto cobrado de 6% (aproximadamente) em sua próxima fatura por transação internacional (pelo menos o Itaú com a Bandeira do VISA cobra 6,7% do valor do débito), se não estiver perdido e não errei, este valor custou exatamente US$ 282 + Impostose taxas. Quais Impostos, Taxas ???Que como?

Calma, explicamos direitinho….pegue o papel e caneta e uma boa calculadora.

Produto Y US$ 240 * R$2,13 = R$ 511,20.

Frete do Produto Y via USPS até 2kg vindo de EUA = US$ 42 = R$ 89,50

Ufa…até agora temos o valor exato de R$ 600,70 (este então é o valor final do produto???) – hihihi antes o fosse. Continuamos a saga matemática….

Carga Tributário, taxas, impostos e tarifas

Partindo-se da NF (Invoice) do produto no valor de R$ 600,70 teremos mais R$ 43,00 que serão automaticamente debitados em sua fatura do cartão de crédito. Chegamos então ao valor final do produto (REFERENTE tão somente ao pagamento pelo cartão de crédito) no valor de R$ 643,70.

Quando este produto chega ao despacho aduaneiro e fiscalização alfandegária do péssimo serviço de Correios do Brasil, certamente (99,99%) será taxado. O Fiscal atualmente não utiliza mais o Invoice(NF) com o valor estipulado, optando pela Tabela de preços e em caso de sua dúvida ele irá recorrer a alguns sites e lojas do País de origem do produto. Em ambos os casos a taxação é certeira. 60% exatos e cravadinhos sobre o valor real do produto.

Mais um pouquinho de contas, e estaremos quase no preço final do hardware Y.

Taxado, Produto Y R$ 600,70 (valor do produto mais o valor do frete X o valor do dólar). Este terá a guia DARF emitida pela Receita no valor exato de R$ 943,30 ! Pronto, se tudo correr certinho e dependendo do ‘humor’ do tal fiscal não taxar sua mercadoria a olho ou no peso (levando as próprias medidas de valores pessoais) o produto chegará após 20 dias em suas mãos.

Aos Fatos Reais

Produto na Loja brasileira

  • preço R$ 1.000
  • retirada de imediato (pouco comum, mas alguns lojistas trabalham com pedidos e entregam após 5 dias)
  • Garantia total no Brasil inclusive de até 30 dias de reposição ou troca imediata pelo mesmo produto ou por um similar (geralmente a maioria das políticas de trocas em e-commerce no Brasil seguem este procedimento)
  • Nota Fiscal emitida em seu nome e com direito a inclusão no Programa da Nota Fiscal Paulista (que concorre a prêmios e sorteios) por enquanto somente no Estado de São Paulo
  • Suporte pós venda pelo pessoal técnico da loja
  • possibilidade de retirar em mãos e no ato o produto

Prateleiras lotadas de peças e componentes: O Lojista Brasileiro está na 'boca da cassapa', se ficar vai cair, e se tirar, vai sumir ! | Foto: Divulgação OverBR

 

Produto na loja internacional

  • preço R$ 943,30
  • entrega de 18 a 25 dias se nada ocorrer de atraso no péssimo serviço dos Correios Brasileiro
  • Garantia de 30 dias para troca (o que acaba em vias de fato não acontecendo e perdendo) , pois certamente o tempo entre inda e vinda do produto (origem a destinatário e vice-versa – levará pouco mais de 46 dias em melhor dos casos e bem otimista
  • Nota Fiscal sem nenhum valor dentro do território brasileiro para efeitos de garantia do fabricante
  • Suporte ? Não existe, e quando notam que é um Brasileiro existe uma certa repugnância por parte da maioria das lojas internacionais
  • caso o produto venha com defeito ou qualquer probleminha durante o trajeto, perdeu toda sua compra. O seguro atualmente praticado pelas lojas não cobre o produto e sim apenas o reembolso do valor do frete. E o dinheiro pago e recolhido através do DARF será perdido.
  • Em ótimo e bom caso, precisando de um RMA terá que preencher 4 longas folhas do fabricante e mais uma a ser retirada nas lojas dos Correios informando que o produto será devolvido via RMA e o processo volta ao início com mais lá seus 2 ou 3 meses

 

Comentários quase conclusivos (ou não !?)

Quando será que teremos realmente um mercado digno e respeitado? Compras no exterior deixaram de acontecer e já fazem um bom tempo, pelo menos por minha parte depois que tive problemas em uma placa-mãe. Acabei desencanando dessa história de comprar ou adquirir qualquer produto lá fora. Perdi o que paguei, a placa apresentou defeitos com 2 dias de uso, e quando acionei a garantia ? Brasil tirou o corpo fora, e a loja (newegg) segue a política de trocas de 30 dias. Enfim, saco preto numa placa com 2 dias de uso e que gastei praticamente o mesmo valor de um produto dentro do Brasil.

O Usuário, atualmente é mais informado e sabe que não compensa desde algum tempo atrás a adquirir um produto no mercado estrangeiro (salvo em último caso ou caso o equipamento não se encontre em nenhuma loja brasileira). Não é de hoje que este cenário caótico e bagunçado zoa todo mercado nacional, e quem mais perde com tudo isso?

Novamente o tal ciclo que falamos logo na abertura deste pequeno artigo, que ficou parecendo um desabafo (mas não o é…ou é?!). O Lojista deixa de vender porque o usuário/cliente aguarda a queda do tal dólar para fazer sua compra e assim em vias de fato fica nessa sinuca que não existem gahadores.

Bom, não esqueçam, mesmo que o dólar acabe voltando aos seus R$ 1.80 ou R$ 1.85, leve em conta todo o mencionado e mostrado aqui com valores e casos reais. Será que vale a pena economizar alguns poucos reais e ter tanta dor de cabeça?

Ou será que realmente devemos aguardar o dólar abaixar novamente?

Ou será que abrimos mão de tudo e paramos de vez em consumir…consumir….e consumir? O Lojista, caso isto ocorrá, entrará sinucado neste jogo e ficará abaixo de uma mesa totalmente falida e sem jogadores…

Pro Alto e Enter !o Brasil precisa…

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4 comentários

Otavio Marcondes 28 de junho de 2012 - 09:48

Xandelly, para minha surpresa chegou ontem o teclado (um Logitech G510).
Acabei não sendo taxado, o vendedor colocou no “Invoice” que se tratava de um gift no valor de $20.00 (não sei se moeda corrente de lá ou americana).
Enfim: custo final do teclado: R$290,00. No BR: procurando encontra na faixa de R$400,00 pra cima, tem um usado no Mercado Livre abaixo deste valor.
Em termos de valores, “mordi a língua”, mas ainda penso que o estresse e o risco de ser taxado, não compensa. Exemplo: se eu fosse taxado, o teclado custaria no final em torno de R$400,00 e teria garantia do vendedor aqui no país.
O teclado até tem garantia da loja onde comprei, mas tenho de enviá-lo a China…logo ali…

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Fabricio 25 de junho de 2012 - 23:46

O problema é que tem produtos que não dá para comprar aqui de jeito nenhum. Estou tentando comprar um Óculos 3D vision 2 a alguns meses e pelo visto terei que importar. Como é um óculo acho que não terei muitos problemas quanto a defeitos.

Mesmo assim o valor é muito alto no Brasil, encontrei só o óculo 3D vision 1 e está custando mais que o dobro do preço em dolar. SE eu comprar pelo ebay posso ter sorte e não ser taxado. Já comprei até controles na Play Asia e não fui taxado.

Então, dependente da sua disposição para esperar, vale muito apena importar.

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Otavio Marcondes 25 de junho de 2012 - 13:24

Perfeita sua colocação Xandelly.
Estava analizando comprar um SSD de 240/256 GB, porém atualmente, se for comprar, não pensarei 2x em optar por comprar aqui no BR mesmo.
Comprei um teclado em uma loja da China pela diferença de preço que no primero momento me pareceu muito vantajosa, já tem mais de 2 meses que estou aguardando o dito chegar e ainda tenho de esperar quanto de imposto vai ser cobrado.
Esta aventura não recomendo por enquanto a ninguém. Não vale o estresse.

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Carlos Xandelly 25 de junho de 2012 - 13:47

Oi Otávio ! Este cenário já não é de hoje que não compensa…basta fazer as contas e colocar friamente no papel mesmo os tais lucros que parecem ser vantajosos ao primeiro olhar…só não enxerga quem não quer….
mas faz parte….um dia aprendem…. e sempre acabam aprendendo do jeito mais doloroso, quado a água bater na….e precisar usar a garantia…lamentável

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