Neurocirurgião do Hospital Villa-Lobos explica como funciona a técnica e por que ela é tão importante nas cirurgias de coluna e nos procedimentos médicos em geral
Você certamente conhece alguém que já se queixou de dor nas costas. O incômodo problema afeta uma parcela considerável da população.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), aproximadamente 80% das pessoas têm, teve ou terá dor na coluna pelo menos uma vez na vida. Desse total, alguns conseguirão tratar o problema com medicamentos, homeopatia, fisioterapia ou mudando determinados hábitos.
Outros precisarão de cirurgia. É para esse último grupo que o assunto a seguir interessa.
Atualmente, com as inovações tecnológicas, os procedimentos médicos estão cada vez menos invasivos e mais precisos. No caso da cirurgia de coluna, quem diria que uma impressora poderia fazer tanta diferença técnica?
Claro, não é qualquer impressora. É uma impressora 3D. Daquela que parecia coisa de ficção científica, invenção futurista. A máquina não é só real, como está ajudando médicos a melhorar a eficácia dos procedimentos cirúrgicos. É o caso do neurocirurgião da Clínica da Dor do Hospital Villa-Lobos, Joel Augusto Ribeiro Teixeira. “A impressora 3D permite recriar o órgão – no caso a coluna – como ela realmente é. Antes disso, só poderíamos observar e pegar numa coluna humana usando peças anatômicas de pessoas já falecidas”, explica.
Funciona assim: a impressora 3D é capaz de criar um objeto tridimensional feito de plástico a partir de um arquivo de computador, do mesmo jeito que uma impressora comum imprime no papel. Acostumado a estudar doenças através de exames de imagem como RX, tomografia e ressonância, o médico só consegue ver, nesses casos, em duas dimensões.
“Para entender o órgão do corpo como realmente é, o médico deve criar uma imagem no seu cérebro usando vários exames diferentes. É como imaginar uma pessoa olhando apenas para uma foto. Perdemos informações. Temos uma noção, mas esta não é exata”, compara.
A importância da impressora 3D em cirurgias de coluna é que ela possibilita uma cópia da coluna real. De posse delas, o médico pode planejar melhor as operações, pois terá mais informações do paciente e da doença. Além disso, por ser mais precisa, a análise pode fazer o especialista reconsiderar a necessidade de um procedimento cirúrgico.
É possível também simular uma cirurgia em uma coluna de plástico idêntica a do paciente, antes da operação real. O médico explica que já fez esse procedimento no Hospital Villa-Lobos e que a técnica, apesar de ainda estar no início, tem muito para evoluir. “Muito se fala que no futuro poderemos imprimir órgãos inteiros.
Nesse caso, a impressora usaria células como material ao invés de plástico”, diz Teixeira.
Além do auxílio em cirurgias de coluna, a impressora 3D já foi utilizada em operações de reconstrução de face, prótese craniana e até para salvar a vida de um bebê que sofria de problemas respiratórios.