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Em um mundo sob demanda, abertura é a chave

por Agência Canal Veiculação

Para ajudar a aliviar a poluição do ar e reduzir o congestionamento nas grandes cidades da América Latina, os governos locais implementaram programas que restringem o uso de carros durante a semana, ao mesmo tempo em que criaram iniciativas para expandir o sistema de metrôs e aumentar a frota de ônibus nas ruas. Esses esforços alimentaram grandes expectativas para resolver as necessidades de transporte na região.

Embora esses programas tenham apresentado alguns resultados positivos, não conseguiram acompanhar o crescimento populacional da região. Não demorou muito para que os ônibus e metrôs ficassem tão lotados quanto as alternativas que existiam antes. A fim de resolver o problema, os governos e a sociedade adotaram medidas adicionais, construindo pistas de dois andares, cobrando pedágio para quem podia pagar a despesa extra para tornar a viagem mais rápida, ou então incentivando as empresas a começarem o dia de trabalho antes ou encerrarem depois do horário de pico, quando as pessoas vão e voltam do trabalho. Porém, alguns dizem que por todo o esforço e custos despendidos com essas medidas, a expansão da infraestrutura é ainda tímida em comparação com o atraso extremo em relação as formas eficientes para tornar suportável o trajeto até o trabalho para a maioria dos latino-americanos.

Em resumo, o que os motoristas almejavam começou a ficar cada vez mais distante do que as estradas podiam oferecer, gerando uma lacuna – uma lacuna que foi aparentemente preenchida pelos engarrafamentos.

Essa lacuna está começando a surgir na rodovia da informação (Information Superhighway), na medida em que mais usuários utilizam a rede e os provedores de conteúdo e nuvem movimentam mais e mais dados pelo mundo. Uma única transação para um único usuário agora tem o potencial de monopolizar uma quantidade significativa de recursos da rede. Isso não acontecia muito quando a rede servia apenas para tráfego de voz e acesso básico à Internet.

Na América Latina em específico, o engarrafamento aumenta rapidamente. Em nossa pesquisa realizada em parceria com a International Data Corporation (IDC) e publicada em fevereiro, foi revelado que 80% dos líderes empresariais de TI da América Latina preveem que as necessidades de conectividade de suas organizações aumentarão quase o dobro durante os próximos 24 meses. Líderes na região estimaram que quase metade (45%) do seu tráfego de rede têm origem de tablets e smartphones, e atribuíram a mudança em suas necessidades de conectividade empresarial a aplicativos como vídeo, comunicações unificadas, aplicativos de compartilhamento de arquivos e uma demanda crescente de serviços adicionais.

Com as demandas de negócios voltadas à interação software/hardware, é evidente que grandes mudanças estão chegando aos mercados da América Latina e Caribe – fato que eu pude reforçar enquanto percorria as sessões e apresentações da Futurecom, onde mais de 15.000 participantes e centenas de expositores se reuniram para discutir sobre como as redes de telecomunicação podem ser aperfeiçoadas a fim de atender às tendências emergentes.

O que os usuários querem e o que a rede pode oferecer é um desafio, pois as redes atuais – construídas com uma mistura de hardware antigo e soluções de ponta – não são projetadas para oferecer o que o usuário deseja em tempo real. Com novas redes inteligentes definidas por software, no entanto, não será mais necessário confiar apenas em recursos físicos para atender às exigências do usuário. Estamos migrando para um mundo no qual as redes poderiam oferecer serviços e capacidade de acordo com a necessidade – “sob demanda”.

Por exemplo, os provedores de nuvem e provedores de serviços de streaming de vídeo estão tentando largar na frente, criando novos aplicativos e serviços de última geração, que por sua vez, estão criando padrões imprevisíveis de tráfego. Provedores de nuvem, como o Dropbox, têm acordos de nível de serviço (SLA) bastante restritos, que garantem essencialmente um nível “sempre disponível” de conectividade e serviços, e a globalização desses provedores de nuvem significa que há uma mudança entre horas de pico de uso previsíveis para os picos que podem ocorrer a qualquer momento.

A cada dia, mais dispositivos e usuários se conectam à rede. Somente na América Latina, a IDC estimou que o mercado de TI se tornará um negócio de aproximadamente US$ 4 bilhões até o fim de 2014, com uma taxa de crescimento anual composta prevista de 30% até 2017 [1]. Isso significa que os provedores de serviços precisam de uma infraestrutura que seja programável e que possa dar suporte a picos de tráfego repentinos e imprevisíveis.

Enquanto o ambiente 4G da América Latina ainda está no começo, a infraestrutura da rede deve continuar evoluindo e crescendo. Porém, a capacidade de oferecer ou modificar um serviço existente e sempre em evolução – com a rede sendo capaz de entregá-lo – ainda é algo muito distante para a maioria dos provedores de serviços.

Pense em uma estrada, onde se leva tempo para pintar as linhas, instalar placas e alertar os motoristas sobre as novas normas. Hoje em dia, é preciso mais de 60 dias para que um serviço ao cliente final seja implantado ou modificado, sem mencionar que são necessários 18 meses, ou mais, para que uma nova estrutura de serviços seja criada e disponibilizada comercialmente. Isso não condiz com a dinâmica que a internet exige e coloca os provedores de serviços em crescente desvantagem em sua busca por novas receitas.

Apesar dos benefícios, as redes baseadas em protocolo são rígidas e fragmentadas. Para habilitar todos os potenciais aplicativos que os clientes desejam a cada minuto, os provedores de serviços precisam fechar o que chamamos de “lacuna de agilidade”, tornando a rede mais dinâmica e programável.

As redes atuais podem fechar a lacuna de agilidade trazendo um novo atributo vital para as redes: a abertura. As redes deverão estar abertas aos aplicativos de software externos e terão de ser programáveis e automatizadas, a fim de responder às solicitações feitas por esses aplicativos. A abertura alavanca os princípios da rede definida por software (SDN) para desobstruir a rede das restrições das operações baseadas em protocolo e colocar a inteligência e a capacidade do software (e o poder da TI moderna) no controle. A abertura faz com que a rede se torne mais adaptável e flexível – elementos importantes no mundo de alta disponibilidade atual.

Com a programabilidade do software, as operadoras podem criar uma base virtual de testes para novos tipos de serviços, que pode ser implementada muito mais rapidamente do que o período de 2 a 18 meses projetado em uma rede estática baseada em protocolo. Mudanças são muito mais fáceis de serem implementadas quando o que precisa ser mudado pode ser alterado com um clique.
O interessante da Futurecom 2014, possivelmente o evento mais importante de telecomunicações e TI da América Latina, em comparação com 2013, foi que no ano passado, a maioria das pessoas falavam sobre SDN/NFV de forma puramente teórica. Neste ano, mais empresas demonstraram soluções e software que contextualizam SDN/NFV. Isso mostra que o tráfego — para as redes, no mínimo, se não for para os carros — tem potencial para diminuir em breve.

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