*por Pedro Arruda, diretor de Tecnologia da Accesstage
Luzes acesas automaticamente com sensores de movimento. Geladeiras que avisam quando o leite acabou. Parece um futuro distante? Há tempos que não. A Internet das Coisas já faz parte do dia a dia de muitas pessoas – seja em suas casas ou no trabalho. A tendência veio tão forte que já falamos, agora, em Internet of Everything (ou em tradução livre, Internet de Todas as Coisas).
A linha entre o mundo físico e o digital será cada vez mais tênue e o surgimento do termo IoE reafirma esse movimento. O conceito abrange tudo que promove a integração de dados, pessoas, processos e objetos. Dados da Cisco apontam que este mercado é, de fato, gigantesco. 99,4% dos objetos físicos que poderão fazer parte da Internet de Todas as Coisas em 2020 ainda estão, atualmente, desconectados. Conectar tudo o possível faz todo sentido já que isso tem impactos diretos com nosso conforto. A palavra do momento é praticidade, em toda e qualquer esfera.
Ainda segundo a empresa, havia cerca de 200 milhões de componentes conectados à internet em 2000 e projeções apontam que o mundo deve gerar US$ 19 trilhões a partir da IoE nos próximos dez anos. O Brasil será responsável por US$ 352 bilhões deste total. É um mercado com bastante potencial por aqui. Não à toa, já que nos mostramos, no geral, bem adeptos à tecnologia. Um estudo da Nielsen aponta, por exemplo, que o número de pessoas que já utilizam smartphones para ter acesso à internet chegou a 72,4 milhões no segundo trimestre de 2015. Pode não parecer tão expressivo, mas são cerca de 4 milhões de pessoas a mais em relação aos 68,4 milhões do primeiro trimestre.
O fato é que as empresas também devem buscar oportunidades relacionadas ao tema. A tecnologia nos oferece um mundo de possibilidades no âmbito dos negócios e não podemos (e nem devemos) nos limitar. No varejo, por exemplo, é possível investir na otimização das ações de marketing com a IoE. Por meio do mapeamento das preferências e do perfil de consumo de cada um dos clientes, os lojistas podem adaptar o ambiente de compra em tempo real – seja ele físico ou virtual. A ideia é proporcionar uma experiência única e inesperada. Imagine exibir um episódio da série favorita do seu consumidor no exato momento em que ele escolhe um home theater? Ou então toca a música tema de um casal enquanto eles escolhem o vinho durante um jantar? Pode até parecer um sonho, mas este conceito, conhecido como “momento mágico”, já é uma realidade e pode contribuir positivamente para a decisão de compra.
A IoE permite essa comunicação mais assertiva com o consumidor. A partir do momento em que eu sei as preferências do meu usuário, posso enviar promoções mais focadas, direcionando melhor todas as ações promocionais. Isso faz, claro, toda a diferença. E podemos ir muito além. Na saúde, por exemplo, é possível monitorar os sinais vitais de um paciente a todo momento para poder realizar diagnósticos preventivos. Os médicos podem tomar ações antes mesmo de o paciente adoecer de fato.
As possibilidades são muitas, mas as organizações devem estruturar-se desde já. Sabemos que a demanda por dispositivos inteligentes e interconectados requer estruturas de processamento totalmente capazes de comportar esse crescimento do tráfego de dados. Além dessa robustez, é preciso pensar, também, na segurança. Objetos conectados para uso no trabalho e pessoal, por exemplo. Como controlar informações sigilosas de uma grande empresa?
As companhias devem repensar, antes de mais nada, o modelo de negócios. Muito já mudou em nossa realidade, em função da tecnologia, e muito ainda deverá mudar. É preciso pegar carona nestes conceitos para estruturar processos mais preditivos – o segredo agora é saber o próximo passo do seu cliente e consumidor. E a Internet de Todas as Coisas é um grande aliado.