Vender um carro durante uma pandemia com ordem de isolamento social parece tarefa impossível; e comprar um, então, não parece uma boa ideia, não é mesmo? Mas não são. Na terça-feira, dia 11 de agosto, a B3 (antiga Cetip), que opera o Sistema Nacional de Gravames (SNG), que, por sua vez, gerencia restrições financeiras sobre veículos, divulgou dados apontando que 97,3 mil veículos foram vendidos a prazo no mês passado contra os 78,8 mil de junho. Isso significa crescimento de 23,4%, indicando recuperação do setor, que se deve, em grande parte, a iniciativas inovadoras como o live marketing, que leva as vendas para a sala de casa das pessoas, e a uma série de descontos e vantagens para atrair os compradores.
Durante muito tempo, o caos urbano e o surgimento de aplicativos foram reais problemas para a indústria automobilística. Parecia não haver mais motivo para se comprar um carro, já que por quantias irrisórias era possível se deslocar com todo o conforto para qualquer parte das cidades. Porém, em meio a uma pandemia que já matou tantas pessoas (mais de 100 mil apenas no Brasil) pode se sentir segurança ao sentar em um banco, num carro fechado, que já foi utilizado por tantas pessoas diferentes?
Evidentemente, os cuidados já são conhecidos por todos e é claro que a maioria das pessoas, incluindo motoristas de táxi e os aplicativos de carros provavelmente tomam todas as precauções necessárias, mas não há como negar que a alta rotatividade de pessoas dividindo o mesmo espaço – pequeno e fechado – representa um risco a mais. Há enormes possibilidades de financiamento, as compras podem ser feitas na sala de casa – sem receber visitas! – e o caos das cidades grandes que durante tantos anos tirou o prazer das pessoas em dirigir foi atenuado pelo isolamento social.
De fato, inicialmente parece um paradoxo pensar em comprar um carro agora, mas se refletir um pouco melhor, é possível perceber que talvez não seja ideia ruim. Aliás, mais do que não ser uma ideia ruim, o momento para a compra é propício – para vendedores e compradores – como há muito, muito tempo não se via.