Apesar do desemprego empresas de tecnologia estão contratando, mas têm que investir em qualificação
Com a taxa de desemprego em mais de 12%, segundo o IBGE, muita gente acredita que em todos os setores da economia existe um grande déficit de vagas.
Para um setor específico isso não é exatamente verdade.
A área de tecnologia navega na contramão da crise e possui atualmente pelo menos cinco mil postos de trabalho somente em startups, de acordo com a Associação Brasileira de Startups (Abstartups).
Ideia é melhorar qualificação dos profissionais de tecnologia mercado que possui vagas sobrando
De acordo com a entidade, as vagas não estão sendo preenchidas porque os cursos estão com grades desatualizadas e fora de sintonia com as exigências do mercado atualmente.
Além disso, outra questão levantada é a falta de atualização, com cursos, por exemplo, dos profissionais formados há algum tempo.
Segundo a a Abstartups, o número de vagas para o setor de tecnologia pode chegar a 70 mil até 2024.
A preocupação, porém, é se os cargos serão plenamente preenchidos.
Currículo defasado é só um dos pontos
A empresária Sylvia Bellio, CEO e fundadora da it.line, empresa eleita quatro vezes consecutivas a maior revendedora da Dell no Brasil, pontua que além da defasagem no currículo, existe ainda no Brasil uma dificuldade em aliar o conhecimento teórico à prática nos espaços universitários.
Como exemplo, ela cita que nos Estados Unidos os programas de “internship”, como se fossem os estágios aqui no país, são muito comuns.
O país da América do Norte tem ainda os estágios de verão, que são realizados durante as férias e servem para complementar o conhecimento aprendido em sala de aula.
Só a faculdade não é o bastante
“Você não consegue só com a faculdade complementar um conhecimento novo, isso para todas as áreas.
E quando se fala de TI, que é uma área que se atualiza muito mais rapidamente, requer mais atenção.
Existem várias vertentes na área que podem ser estudadas e se você não se atualizar na prática com as novidades dos fabricantes e desenvolvedores, você acaba não tendo o conhecimento necessário para trabalhar com aquilo”, comenta.
“Em 2016 perdemos alguns profissionais que estavam prontos para o mercado, então, começamos um momento diferente dentro da empresa.
Nós fizemos algumas contratações de profissionais de diversas áreas e estamos preparando a empresa para 2019″, complementa Sylvia.
Importância do estágio
O Centro de Integração Empresa Escola (CIEE) reitera que o estágio é fundamental para formar um profissional na integra.
De acordo com dados da Associação Brasileira de Estágios (Abres), em 2017 somente 8,9% dos jovens universitários estavam estagiando.
Ou seja, mais dos 8,2 milhões de estudantes do Ensino Superior somente 740 mil estavam em programas de estágio.
Sylvia comenta que a it.line entendeu essa defasagem do mercado e decidiu abrir um processo próprio de treinamento.
Para complementar a formação de quem estava cursando uma faculdade em alguma das dezenas de áreas de tecnologia, a empresa iniciou no ano um programa de estágio e treinamento.
A ideia é buscar e lapidar novos talentos para contribuir com o crescimento da empresa e da indústria de tecnologia.
“Em setembro do ano passado nós contratamos a primeira equipe, com quatro estagiários, sendo dois meninos e duas meninas.
Eles foram preparados com um conhecimento técnico, comercial e geral da empresa, para que eles pudessem atuar na área de vendas.
Percebemos que esse tipo de trabalho é fundamental e faz a diferença na vida dos jovens profissionais”, explica.
O programa de estágio teve sequência e neste ano já houve mais quatro contratados depois da primeira fase de seleção.
Além da parte de vendas, estão sendo procuradas pessoas para atuarem na área de especialização, como arquitetura de programas, instalação e implementação de softwares.
Sylvia, que é uma das mentoras do programa, explica que toda a formação complementar é realizada junto com os times de especialistas, marketing e vendas da it.line.
A ação acabou virando uma parceria entre a it.line e a Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS) na busca de novos talentos.
“Buscamos novos talentos novas pérolas, para que possam entender que a tecnologia é sim um ramo e uma área onde você pode ter não só um bom emprego, mas fazer um bom trabalho e ser reconhecido.
Porque não conseguimos mais pensar no mundo atual, num futuro próximo ou distante, em que a tecnologia não esteja envolvida”.
Investimento contínuo em qualificação
No mercado de TI, como em outros, além de preparar os jovens talentos também é preciso se manter atualizado ao longo da vida profissional.
De acordo com dados da 54º Pesquisa Salarial, realizada por uma empresa de classificados de empregos do Brasil, quem se mantém atualizado, seja com pós-graduações ou cursos livres, chega a ganhar 118% a mais.
No mercado tecnologia isso é mais válido ainda porque as ferramentas estão em constante evolução.
Por causa disso, para profissionais de ponta a exigência é alta em relação a atualização teórica e conceitual.
Sylvia explica que na empresa onde é gestora, há mais de dois anos, eles aplicam workshops com frenquência.
Ela pontua que todo o quadro de funcionários passa, durante um período, por cursos dentro da própria empresa onde todos são ensinados sobre questões próprias da área de atuação e ainda outras lições como noções de administração e mindset positivo, por exemplo.
Treinar funcionários qualificando-os
Com essa expertise em treinar os próprios funcionários, a empresária pontua que a it.line deve sair para o mercado e lançar cursos próprios de extensão.
Chamado de it.line Education, o curso terá convênios com universidades do ABC, incluindo a USCS, que já possui uma parceria com a empresa.
“Um bom profissional está sempre em desenvolvimento.
Ele não pode parar.
Como ainda estamos em um período pós-crise, para se destacar nesse cenário tão complicado é preciso se especializar e buscar crescer profissionalmente cada vez mais”, finaliza.