Em cinco meses, os brasileiros usaram o Pix em 393 milhões de transações, movimentando R$ 278 bilhões. De acordo com o Banco Central, mais de 75 milhões de brasileiros têm pelo menos uma chave cadastrada no novo sistema de transferência bancária em tempo real. A melhor notícia, no entanto, é que o Pix não é apenas um novo jeito mais rápido e prático de transferir dinheiro, mas é a ponta do iceberg de uma onda de inovação e disrupção nos serviços financeiros.
Gratuito, instantâneo e disponível 24 horas por dia, sete dias por semana, não é de admirar que o Pix tenha sido adotado com tamanha rapidez por tantas pessoas. Esse fenômeno também ocorreu em todos os mais de 50 países que já usam o sistema. Há cinco anos, eram apenas 15.
A definição do que é um sistema de pagamento instantâneo ou real time payment foi feita pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS) em 2016. Nele, o dinheiro tem de cair em tempo real, funcionar 24 h x 7 dias da semana e avisar o usuário instantaneamente sobre a efetivação da transação.
Entre os primeiros a adotar essa nova modalidade estão o Reino Unido, em 2008, e a China e a Índia, em 2010. A Índia é o país que registra mais pagamentos em tempo real, com 41 milhões de transações por dia e a Coreia do Sul o que tem maior número de transações per capita, com 75 operações por pessoa por ano, segundo o relatório Flavors of Fast 2020.
O sistema pode ser usado por qualquer um, mesmo quem não tem conta em banco (uma solução para o problema dos chamados desbancarizados). Os pagamentos são feitos em uma plataforma única e podem ser entre pessoas físicas, entre pessoas e estabelecimentos, entre empresas e entre pessoas ou empresas com o governo. Isso porque a plataforma pode ser usada por qualquer entidade ligada à iniciativa. O banco de dados e a administração ficam sob responsabilidade do Banco Central.
Ou seja, a plataforma pode ser usada por bancos grandes ou pequenos ou fintechs ou mesmo por empresas de tecnologia, aumentando a concorrência e reduzindo a concentração do setor financeiro nos grandes bancos. E, ao que tudo indica, esse é um passo decisivo na transformação para o Open Banking.
Open banking: mobilidade das informações financeiras
O sistema bancário aberto, em português, parte do princípio de que o consumidor deve ter liberdade para decidir a quem quer fornecer seus dados e suas informações financeiras. E, para isso, as instituições devem usar uma camada de tecnologia padronizada, que permita a portabilidade dos dados. Isso é possível com o uso de um API (Application Programming Interface), um software que faz a interface entre vários aplicativos ou plataformas.
Com a adoção de APIs no sistema financeiro, o histórico de crédito dos clientes (as contas, pagamentos, créditos recebidos, perfil de gastos) não ficam mais em poder do banco, mas sim do cliente, que pode transferi-las para outra instituição a qualquer momento. E ninguém pode acessá-las sem autorização do cliente.
Os bancos, fintechs ou outras instituições financeiras continuam tendo autonomia para desenvolver produtos, definir a tecnologia a ser adotada e os procedimentos de segurança em seu ambiente, mas passam a poder interagir de forma padronizada uns com os outros.
As transformações no setor financeiro, com novas tecnologias e sistemas vão ampliar a oferta de produtos e serviços, a personalização de opções, aumentar a eficiência nas transações e diminuir a burocracia, tanto para pessoas físicas quanto para as empresas.
O Pix, por exemplo, que, ao contrário do que muitos pensam, não é uma sigla, muito em breve fará desaparecer opções mais caras e demoradas de pagamento, como o cheque ou a transferência, como DOC e o TED, que são siglas.
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