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Acordo entre Airbus e Bombardier preocupa a Europa

por Paulo Fernandes Maciel
jatos E175

A parceria em aviões até 150 lugares pode ameaçar a brasileira Embraer, líder de mercado no setor.

Airbus

Em Portugal,a empresa dá trabalho a centenas de pessoas nas suas fábricas em Évora.
Foi o burburinho de fundo que imperou nos AED Days, o evento anual do cluster português da aeronáutica;

Espaço e defesa (AED), que aconteceu entre quarta e sexta-feira em Oeiras.

Os profissionais do setor temem o impacto no país do acordo entre a Airbus e a canadense Bombardier.

A empresa francesa quer entrar, com uma participação maioritária, no programa de construção de aviões CSeries da companhia do Canadá, principais concorrentes das aeronaves E-2 da brasileira Embraer, líder de mercado no setor de aparelhos até 150 lugares e com fábricas em Portugal.

A transação, que ainda necessita da aprovação das entidades reguladoras competentes, deverá ficar concluída em 2018.
“Foi a notícia que passou à margem do evento. Soube-se na terça-feira e pode vir a ter impacto para nós,”

Explicou ao DN/Dinheiro Vivo Paulo Chaves, vice-presidente do cluster AED e representante do setor da aeronáutica.

“É um acontecimento de características tectônicas.

Há uma série de fatores que ficarão alterados e não há forma de prever o resultado final.

O que sei é que vai ter, para Portugal, um impacto bastante razoável.

Se para o lado positivo ou negativo, só o tempo o dirá.”
No Brasil, no dia do anúncio do acordo entre a Airbus e a Bombardier, a Embraer deu um surto na bolsa, com as ações caindo 5,41%.

Airbus

Cuidado sim mas extress não

 

Ao jornal Valor Econômico, o presidente da companhia, Paulo Cesar de Souza e Silva, assumiu-se tranquilo.

“A primeira leitura é de uma pressão maior, uma vez que a Airbus é uma empresa bastante grande.

No entanto, é uma comprovação de que o segmento de aviões com até 150 assentos é relevante no mercado.

” Em Portugal, a Embraer tem duas fábricas em Évora, onde trabalham centenas de pessoas, e detém ainda uma participação maioritária na OGMA, empresa de manutenção aeronáutica.

Paulo Chaves assume que o acordo pode vir a alterar a presença da empresa no país e atrapalhar o objetivo atual;

Do cluster AED, que atualmente vale 1% do PIB nacional e no futuro quer duplicar, para os 2%.

“Neste momento, a Embraer conta como fator imprevisível.

Pode ajudar-nos ou não. Sabemos que queremos chegar aos 2% do PIB no futuro, mas não consigo dizer se a curto, médio ou longo prazo.”

Por outro lado, o acordo entre a Airbus e a Bombardier pode colocar a Embraer como possível parceiro estratégico futuro da Boeing.

A empresa norte-americana manifestou reservas em relação à parceria.

“Trata-se de um acordo discutível entre duas empresas concorrentes fortemente subsidiadas pelos seus governos”;

Disse a Boeing em nota enviada ao Valor Econômico.

“A nossa posição é que todas as partes devem seguir as mesmas regras para que o livre-comércio seja justo e efetivo.”
A Embraer também já se tinha posicionado contra a injeção de capital do governo do Canadá na Bombardier, que recebeu uma ajuda pública de mais de quatro mil milhões de euros para o programa de construção de aviões CSeries, antes da entrada da Airbus.

A semelhança de posições entre as companhias brasileira e norte-americana pode indicar um acordo futuro entre as duas;

Cujo impacto em Portugal é ainda desconhecido.

“Como disse, tudo é uma incógnita neste momento,” conclui Paulo Chaves.

Fonte: Reuters / https://www.dn.pt

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