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Agostinho Celso Pascalicchio
Deve-se ter cautela, ou cuidado, ao falar sobre a perspectiva de evolução de alguns preços que podem causar redução da inflação neste e no próximo ano. A tarifa de energia elétrica para os consumidores em baixa tensão vem apresentando redução em algumas áreas no Brasil. Entretanto, até o momento, ainda não estão nestas áreas do Brasil, as principais metrópoles que de forma acentuada podem provocar imediatos e significativos efeitos sobre a inflação, em especial sobre o IPCA/IBGE, que avalia a inflação oficial do país.
Conforme o IBGE, este indicador de inflação mede a variação dos preços apenas das regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador, Curitiba e Vitória, além do Distrito Federal e dos municípios de Goiânia e Campo Grande. É a partir da agregação dos índices regionais referentes a uma mesma faixa de renda (rendimentos de um a quarenta salários mínimos), que se obtém este índice nacional.
A estrutura de pesos regionais ponderada pelo IPCA/IBGE possui a seguinte distribuição para as regiões metropolitanas pesquisadas:
Região Peso regional (%)
Campo Grande 1,51
Fortaleza 3,49
Recife 5,05
Belém 4,65
Brasília 2,80
Porto Alegre 8,40
Goiânia 3,59
Curitiba 7,79
São Paulo 30,67
Salvador 7,35
Belo Horizonte 10,86
Vitória 1,78
Rio de Janeiro 12,06
Brasil 100,0
Fonte: IBGE
As tarifas de energia elétrica podem ser favorecidas por diversas reduções, como a do repasse tarifário quinzenalmente avaliada em dólar norte-americano da Hidroelétrica de Itaipu. Este benefício, entretanto, será revertido ao consumidor apenas se houver coincidência com o período de reajuste e de repasse das distribuidoras às tarifas de energia à população, e que ocorrem apenas uma vez ao ano. Assim, por exemplo, o reajuste tarifário da AES Eletropaulo, distribuidora de eletricidade para a maior metrópole do Brasil e com participação de 30,67% no índice agregado do IPCA, já ocorreu no meio deste ano.
O benefício em cascata a partir da tarifa de energia elétrica para os demais setores dependerá de diversos outros fatores, como os mecanismos de indexação e de inércia inflacionária.
Agostinho Celso Pascalicchio é professor de economia e especialista em energia. Está disponível para entrevistas.