No dia 11 de março de 2020, a OMS, Organização Mundial da Saúde, declarou a pandemia do novo Coronavírus. Poucos dias depois, em 16 de março, a quarentena foi implementada como medida de contenção do vírus no Brasil. Foi assim, de uma hora para a outra, que a rotina sofreu alterações e o mundo precisou readaptar o formato de estudo, trabalho e lazer.
Um ano depois, a situação continua igual e muitos relatam insatisfação diante de soluções encontradas.
Um estudo realizado pela empresa de recrutamento global Robert Half constatou que as videochamadas podem afetar a saúde dos usuários. Nesse estudo constatou-se que, das pessoas que utilizam reuniões virtuais, 38% relatam fadiga desde o início da pandemia, 26% observaram que a praticidade das videoconferências se dissipou nos últimos 8 meses e 24% afirmaram que as reuniões virtuais são exaustivas e ineficazes, preferindo se comunicar por outros canais, como telefone ou e-mail.
Cyro Masci, médico psiquiatra, explica que a pandemia fomentou tanto as reuniões quanto aulas virtuais de modo abrupto, não houve tempo para planejamento e implementação progressiva, o que seria o ideal. Diante desse cenário, o psiquiatra aponta os tipos de sobrecarga que essa situação pode oferecer e sugere algumas medidas para enfrentar o problema.
Ambiente ideal
Masci destaca que a luz da tela do computador provoca ressecamento e irritação ocular, já que faz com que os olhos pisquem menos. “Poucas pessoas se preocupam em umidificar os olhos periodicamente, seja com colírio específico, ou com um pouco de soro fisiológico. Além disso, a imagem da tela gera estímulos luminosos que, por sua natureza, provocam fadiga”, explica.
Cérebro ativo
Com muitas luzes e sons, o cérebro acaba recebendo muito mais estímulos do que apenas o conteúdo da atividade que está sendo realizada. “Nosso cérebro interpreta e toma decisões baseadas não apenas no conteúdo verbal, mas também em todas as informações disponíveis, como postura corporal ou pequenas contrações musculares no corpo da pessoa com a qual estamos falando. Somos animais sociais, e a convivência pessoal propicia informações que não estão disponíveis nas reuniões e aulas virtuais. Como consequência, realizamos mais esforços de comunicação pelas palavras, o que não é natural no nosso dia a dia. Essa é mais uma sobrecarga que pode levar à fadiga”, diz.
Por isso, a recomendação do especialista é tentar diminuir informações. Em uma reunião por videochamada, por exemplo, manter apenas as imagens dos participantes que estejam se manifestando num determinado momento pode ajudar.
Alternância de estímulos
Cyro explica que reuniões e aulas virtuais exacerbam o estado de Atenção Parcial Contínua. Isso quer dizer que um indivíduo precisa dar atenção parcial a muitas coisas ao mesmo tempo e, consequentemente, tem a impressão subjetiva de estar fazendo muitas coisas simultaneamente, mas essa não é a verdade.
“Nosso cérebro dá total atenção a um foco, depois migra rapidamente para outro e então volta para o foco original. O cérebro tem sua capacidade máxima prejudicada nessas mudanças rápidas, a perda de tempo produtivo pode chegar a 40%, além de comprometer as habilidades de compreensão e de controle dos nossos pensamentos, emoções e ações. Nas reuniões virtuais em que existem muitas imagens de pessoas participando, a tentação de olhar o celular ou checar e-mails quando não se está falando, ou até mesmo os vários cenários de fundo de cada participante são exigências neuronais que também contribuem para sobrecarregar e desequilibrar as pessoas”, sugere Masci.
Por esse motivo, o médico recomenda manter o foco em uma coisa de cada vez, evitando a dispersão. Isso é importante porque, segundo Cyro Masci, o corpo possui sistemas de autorregulação que podem ser sobrecarregados pelas reuniões e aulas online. “Um exemplo é o sistema muscular contraído por muito tempo, favorecendo dores e enxaquecas. Já no cérebro, a sobrecarga pode ocorrer nas regiões responsáveis por alarme a perigos, nosso Sistema de Resposta a Ameaças, o que contribui para o aumento da ansiedade, insônia e preocupações ineficazes”.
Por fim, o psiquiatra esclarece que “embora as mudanças de hábito diante de reuniões e aulas virtuais sejam muito desejáveis, podem não ser suficientes quando o desequilíbrio se instala, sendo necessário tratamento. Idealmente a abordagem deve ter por objetivo modular os mecanismos que regulam a tensão e as respostas emocionais”.
Médico psiquiatra
Cyro Masci é médico psiquiatra, atua em São Paulo utilizando a abordagem integrativa, conciliando a medicina tradicional com várias formas de tratamento não convencionais.
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