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Atualização no ChatGPT insere função de cuidados com a saúde

por Paulo Fernandes Maciel

Atualização no ChatGPT insere função para incentivar pausas e cuidar da saúde mental dos usuários

Em um movimento que desafia a lógica dominante das plataformas digitais — que vivem da atenção prolongada dos usuários — a OpenAI começou a inserir no ChatGPT lembretes para que as pessoas façam pausas. A decisão parece simples, mas carrega uma ambição maior: reposicionar a IA não como um fim em si mesma, mas como um meio. E, talvez mais ousado, assumir que bem-estar digital também significa saber a hora de ir embora.

“Nosso objetivo não é manter sua atenção, mas ajudá-lo a usá-la bem”, declarou a empresa em nota oficial. A frase contrasta com a estratégia de redes sociais e outros aplicativos que se alimentam da permanência contínua. A OpenAI propõe o oposto: que o usuário vá viver a vida após conseguir o que procurava — uma informação, uma resposta, um consolo.

Atualização no ChatGPT

Essa mudança de foco não acontece isoladamente. Segundo a empresa, com a Atualização no ChatGPT, o ChatGPT está sendo treinado com o apoio de mais de 90 médicos em 30 países para aprender a identificar sinais de sofrimento emocional, estresse e crises pessoais. A meta não é substituir um terapeuta, mas tornar a ferramenta mais segura para quem, voluntária ou inconscientemente, busca apoio emocional no chatbot.

A mudança toca em um ponto delicado: o potencial de vínculo afetivo com uma inteligência artificial. Em vez de dar conselhos diretos diante de dilemas pessoais — como no caso de alguém que pergunta se deve se separar ou romper um relacionamento — o novo modelo será treinado para devolver a pergunta, provocar reflexão e ajudar o usuário a pesar prós e contras por conta própria. A intenção é clara: evitar que a IA assuma o lugar de uma voz determinante nas decisões humanas.

Cases

Casos recentes, como o de uma mulher que pediu divórcio após “confirmar uma traição” na borra de café, viralizam justamente porque evidenciam uma tendência humana de buscar validação externa para decisões difíceis. No ambiente digital, essa validação pode ganhar a aparência de precisão técnica, quando na verdade se trata de projeção emocional. “Embora a inteligência artificial ofereça oportunidades transformadoras em diversos setores, é essencial equilibrar o avanço tecnológico com considerações éticas, sustentáveis e inclusivas”, diz Bruno Nunes, especialista em tech e CEO da CEO da Base39.

Ciente desse risco, a OpenAI também anunciou a criação de um grupo consultivo com especialistas em saúde mental, desenvolvimento de jovens e interação humano-computador. O objetivo é garantir que o ChatGPT não gere dependência emocional nem alimente ilusões de intimidade ou conselhos infalíveis.

O avanço da IA generativa escancarou um dilema contemporâneo: não basta que uma ferramenta seja poderosa, ela precisa ser ética, autoconsciente e, paradoxalmente, humilde. Ao começar a dizer “basta por hoje”, a tecnologia não só propõe uma pausa, mas uma reavaliação de seu lugar na vida cotidiana.

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