Objetivo é tornar-se o primeiro banco digital brasileiro e atender 11 milhões de brasileiros
Inspirados na aderência às criptomoedas, o Banco Maré nasceu com o propósito de facilitar a vida de milhões de brasileiros. Idealizado pelo carioca Alexander Albuquerque, trata-se da primeira iniciativa do País para a criação de um sistema de micro-pagamento com moeda digital. De forma simples e acessível, o objetivo é ajudar, por meio de um aplicativo mobile, agilizar pagamentos, transferências e compras de pessoas ainda desbancarizadas, e universitários que sejam engajados em projetos sociais e que tenham dificuldade de abrir contas em bancos por conta das tarifas altas.
“Hoje, 40% da população brasileira não possui conta em banco. Estima-se também que 11 milhões de brasileiros morem em comunidades carentes no Brasil, sendo 5,5 milhões somente na região Sudeste. Para muitas delas, pagar uma conta bancaria é um grande problema. Além da dificuldade de acesso às agências, em muitas regiões, não há nem mesmo lotéricas. É preciso se dirigir ao bairro mais próximo para liquidar uma simples fatura. Por outro lado, sabemos que o acesso à Internet cresce cada vez mais. O nosso objetivo é usar a tecnologia para facilitar todos estes trâmites”, diz Alexander Albuquerque.
Inovação e inclusão
A ideia de criação do Banco surgiu, de acordo com o executivo, a partir da demanda na comunidade da Maré, no Rio de Janeiro. A região, que envolve 16 comunidades, possui 200 mil morados e nenhum sistema de pagamento de contas, que fica ao lado da Cidade Universitária do Fundão (UFRJ). “No ano passado, comecei um projeto educacional junto a uma associação de moradores da Maré. Nos deparamos com uma carência muito grande de meios de pagamentos e começamos a ajudar a população local, com quitação de contas via o nosso próprio Internet Banking. A demanda por ajuda na associação foi tão grande que logo chamei o meu sócio David Oliveira para desenvolvermos uma solução especifica”, explica.
Naquele momento, começou a nascer a chamada “palafita”, uma moeda virtual que, via aplicativo, permite o pagamento de contas diretamente pelo celular. O sistema funciona como um carregamento de celular pré-pago. Os moradores correntistas dirigem-se até a Associação, carregam o aplicativo do banco com palafitas e realizam os pagamentos via aplicativo. O app possui uma interface com os bancos nacionais e concretiza a baixa dos títulos. Para facilitar todos as negociações, uma palafita equivale a R$ 1,00.
“O uso de aplicativos e moedas virtuais solucionou o problema de milhões de pessoas na África. No Brasil, temos um caso isolado no Piauí com a criação de uma moeda virtual. O Banco Maré surge para atender todos os brasileiro. Além do empoderamento da população, há outros benefícios indiretos, como a fomentação do comércio local e até a redução da violência. Ao carregar o aplicativo com palafitas, como se trata de uma moeda criptografada, evita-se roubos e garante a reserva de dinheiro para pagamento das contas”, afirma.
Criado em março desse ano, o Banco Maré quer ampliar a atuação da palafita para pagamento junto aos comerciantes e oferecer linhas de micro crédito. “Definimos uma tarifa mensal para os correntistas no valor de R$ 5,00 ao mês. Este número, além de acessível, é menor do que os gastos que qualquer morador da região tem com o simples deslocamento até uma agência bancária para pagamento de uma conta. Os gastos com condução começam em R$ 7,80”, completa.
Juntou-se ao grupo de empreendedores, o estudante de Direito Gestão e Controladoria Internacional da UFRJ do Fundão, Davi Monteiro, que está implantando o Banco Maré na faculdade que tem mais de 50 mil alunos e tem um grande engajamento social. A moeda digital “palafita” terá início no campus da UFRJ em agosto deste ano.
Em junho, o Banco Maré participou do primeiro CAMP – Cotidiano Acelera o Meu Projeto, programa desenvolvido pela Cotidiano, uma aceleradora de startups sediada em Brasília. Fundada por sete executivos do setor de Tecnologia da Informação, a Cotidiano nasceu com o propósito de promover a transformação digital no mercado corporativo brasileiro, identificando iniciativas disruptivas que facilitem o dia a dia das pessoas.
O modelo de negócios da Cotidiano tem como base três pilares principais: 1) Identificação de startups que visem receber os investimentos Série A; 2) Contato e intermediação com fundos de investimentos; e 3) Promover a TI Bimodal em empresas líderes em seus segmentos, ajudando a criar pequenos grupos que se dediquem, exclusivamente, à transformação digital.
“O Banco Maré foi selecionado, juntamente com outras três startups, entre 100 projetos recebidos. A seleção pela empresa deve-se ao alinhamento com a tese de investimento da Cotidiano. A proposta está relacionada à melhoria da vida das pessoas, tem um processo de aprendizagem validado, consistente com a avaliação da escala e do modelo de negócios”, explica Wesley Almeida, CEO da Cotidiano.
O programa de aceleração teve início no dia 30 de maio. O Demo Day das empresas aceleradas acontecerá no próximo dia 15 de julho.