Um marco na indústria de energia renovável, o II Fórum da Indústria do Biogás, que aconteceu em São Paulo nos dias 2 e 3 de dezembro, foi um sucesso de público e revelou importantes notícias em primeira mão para seus participantes. Durante o evento especialistas, pesquisadores, políticos e empresários concordaram que o potencial do Brasil para instalação da tecnologia do biogás é indiscutível e novos passos para sua inserção na matriz energética foram apresentados.
O II Fórum da Indústria do Biogás aproximou o setor público e privado para promoção de um diálogo aberto e necessário no atual estágio de desenvolvimento da tecnologia do biogás. A importância do Fórum no atual contexto nacional foi ressaltado pelo Diretor de Articulação Institucional da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental, do Ministério das Cidades, o Senhor Ernani Ciríaco de Miranda, para quem “o diálogo entre a indústria e o governo é fundamental para aproveitar e difundir melhor os avanços e as tecnologias no setor de biogás.” Ernani observou ainda a latente necessidade do envolvimento da sociedade civil na promoção e defesa da tecnologia de biogás, para que ela seja inserida na matriz energética nacional.
A segunda edição do Fórum foi realizada pelo PROBIOGÁS e pela ABiogás, Associação Brasileira do Biogás e do Biometano, com apoio da Câmara Brasil-Alemanha. Além de ser uma fonte de energia renovável, o biogás se destaca das demais fontes alternativas por ser uma alternativa para o tratamento de resíduos e efluentes, por contribuir para a redução das emissões e por funcionar muito bem de forma descentralizada, como nas áreas rurais. Arno Jerke Júnior, Diretor do Departamento de Sistemas de Produção e Sustentabilidade, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), citou a suinocultura como uma atividade promissora para a aplicação das tecnologias de biogás e citou que o programa ABC (Agricultura de Baixo Carbono) disponibiliza alternativas de financiamento.
Casos de sucesso e notícias em primeira mão: Proposta de Programa Nacional do Biogás e do Biometano
A implementação do biogás e biometano em esgotos sanitários e resíduos sólidos urbanos (RSU) e agropecuários já é realidade em algumas cidades no Brasil. Casos de sucesso foram apresentados e debatidos. Além de planta de tratamento de resíduos orgânicos com co-digestão de lodo de estação de tratamento de esgoto prestes a ser inaugurada, foram apresentados casos de uso do biometano produzido a partir da digestão de dejetos de aves para abastecer frota de veículos e a realidade de uma fábrica da indústria de bebidas que conseguiu reduzir seus custos de produção com baixo investimento em sua planta por meio do aproveitamento energético do biogás. Estes e outros exemplos ilustraram como o crescente mercado do biogás vem se consolidando como alternativa inteligente, que contribui para preservação do meio ambiente, aumento da eficiência energética e é viável no Brasil.
O Centro Internacional de Energias Renováveis – Biogás, CIBiogás, aproveitou a ocasião do evento para apresentar para todos ali presentes um retrato atual das indústrias do biogás no Brasil. O mapa interativo visa compilar e disponibilizar dados sobre o setor de biogás de forma colaborativa, imparcial e transparente. O mapa contou com o apoio do PROBIOGÁS e está disponível para todos virtualmente: https://cibiogas.org/biogasmap.
Os quase 180 participantes tiveram ainda acesso em primeira mão à Proposta de Programa Nacional do Biogás e do Biometano – PNBB. Apresentado pela ABiogás, o PNBB propõe a primeira política pública específica para o biogás e o biometano. Elaborada pelos associados da ABiogás a proposta deverá ainda ser debatida pela sociedade civil em um seminário no início do próximo ano. O PNBB pretende estabelecer condições específicas para que os investimentos no biogás e no biometano sejam atrativos para potenciais produtores e usuários e que se estabeleçam como fontes de energia seguras, oficialmente inseridas na matriz energética, com qualidade e disponibilidade firme.
Avanços para investidores do biogás
O clima tropical do Brasil favorece à maior produção de biogás e os investidores querem aproveitar esse potencial nacional. Durante o II Fórum da Indústria do Biogás, os empresários puderam dialogar entre si, sobre os desafios e soluções para os investimentos em biogás. Alessandro Gardemann, vice-presidente da ABiogás comentou que o Fórum reforça a importância e o grande potencial dessa temática. “Chegamos a uma agenda comum, em que o setor privado, o governo, organizações e academia reconhecem a importância do biogás e trabalham em seu prol. Além disso, a parceria entre o PROBIOGÁS e a ABiogás tem disseminado o know-how, por meio de eventos e cursos, mudando a cara do biogás no Brasil”, complementa Gardemann.
Este evento refletiu o avanço do trabalho conjunto do PROBIOGÁS e seus parceiros. Para Cícero Bley, presidente da ABiogás, “o Fórum entra nesse contexto da construção do biogás no Brasil. Ele vai se tornando um marco anual de reflexão sobre essa fonte de energia, que já não é mais uma hipótese, é uma realidade no País.”
O biogás está em um momento propenso ao crescimento e agora mais que nunca é necessário unir forças para consolidar os planos. Como aponta Ricardo Dornelles, diretor do Departamento de Combustíveis Renováveis da Secretaria de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia (MME), “o Brasil tem potencial e tecnologia para chegar onde precisamos com o programa de biogás. O que nos falta é uma articulação institucional em todos os seguimentos com uma visão de longo prazo, onde a indústria seja autossustentável, buscando no biogás o seu potencial economicamente viável e eficaz”. O sucesso do evento revela que estamos todos no caminho certo.
Sobre o PROBIOGÁS:
O Projeto Brasil-Alemanha de Fomento ao Aproveitamento Energético de Biogás no Brasil, o PROBIOGÁS, tem o objetivo de ampliar o uso energético eficiente do biogás em saneamento básico e em iniciativas agropecuárias e agroindustriais, inserir o biogás e o biometano na matriz energética nacional e, por conseguinte, contribuir para a redução de emissões de gases indutores do efeito estufa. O projeto é fruto da cooperação entre o Brasil, por meio da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades, e a Alemanha, por meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH.