Mobilização nacional por Internet rápida em todos as instituições de ensino até o ano que vem convoca alunos, professores, coordenadores e diretores da rede pública de ensino de todo o país
Pioneira no Brasil, a iniciativa da Fundação Lemann e do Instituto Inspirare, em parceria com o Instituto de Tecnologia & Sociedade (ITS) e a rede de mobilização Nossas Cidades, tem como objetivo a universalização da Internet rápida em todas as escolas públicas brasileiras para tornar possível o uso de tecnologias da educação em salas de aula.
A campanha chama atenção para o fato de que, além da infraestrutura, é necessário que haja uma velocidade mínima para que a rede possa ser usada por todos os alunos no processo de aprendizagem. “A Internet rápida democratiza o acesso a recursos pedagógicos de qualidade e promove a personalização, permitindo que alunos com diferentes perfis aprendam no seu ritmo e a partir de seus interesses e necessidades”, afirma Anna Penido, diretora do Instituto Inspirare.
Além disso, o uso das tecnologias como ferramentas de ensino aproxima a escola da realidade digital já vivida pelo aluno, despertando seu interesse e ampliando suas possibilidades de expressão. “O professor também ganha muito com a Internet na escola. Ela facilita a organização do tempo em sala de aula, o que o possibilita atuar de maneira mais intensa como orientador na formação dos alunos e mediador do processo de aprendizagem”, afirma o diretor executivo da Fundação Lemann, Denis Mizne.
O movimento espera impactar o Governo Federal com a assinatura, até o final deste ano, de um compromisso formal por Internet rápida em todas as escolas públicas brasileiras, a ser implementado já em 2016. “Se não houver uma iniciativa neste sentido, a tendência é um aumento das desigualdades existentes na educação brasileira, já que somente parte das escolas tiveram a rápida introdução de tecnologias digitais conectadas à Internet”, conta Mizne.
Um mapeamento técnico encomendado pelo movimento mostra que, de acordo com dados do Censo Escolar de 2013, das 190.706 escolas incluídas no levantamento, apenas 58% delas (11.053) possuem acesso à Internet, índice que cai para 48% se levarmos em conta as que dispõem de banda larga. Ronaldo Lemos, diretor do Instituto de Tecnologia & Sociedade (ITS), ressalta que não se trata apenas de infraestrutura, mas principalmente da velocidade do acesso. “A campanha Internet na Escola quer não somente a qualidade mas também a equidade na educação do país”, afirma Lemos.
Anna Livia Arida, Diretora da Rede Nossas Cidades, lembra que a Pesquisa TIC Educação, realizada em 2013 pelo Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (CETIC.br), apontou que apenas 19% das escolas públicas brasileiras contam com conexão superior a 2 MEGA de velocidade. “A campanha de mobilização Internet na Escola pede o engajamento de toda a sociedade para mudarmos esse cenário”, convoca.
Para participar da campanha Internet na Escola, basta acessar o site internetnaescola.org. Lá, é possível realizar um teste online, rápido e gratuito que permite a alunos, professores e gestores escolares identificar a velocidade de conexão já disponível em suas escolas, enviar e-mail para a Presidência da República pedindo a assinatura do compromisso público por 10 MEGA de Internet em todas as escolas, além de compartilhar informações para ajudar namobilização de toda a sociedade. A campanha conta também com uma página no Facebook (facebook.com/internetnaescola) onde é possível curtir e acompanhar todas as informações e ações relacionadas ao tema.
Iniciativas em conectividade ao redor do Mundo
Em diferentes partes do globo já existem políticas para levar Internet de alta velocidade para escolas, alunos e professores. O acesso à rede já se tornou parte integrante do Direito à Educação.
Em 2007, o Uruguai, por exemplo, criou o Plano Ceibal, que promoveu a inclusão digital no país e vem trabalhando para colocar a tecnologia a serviço da pedagogia. Este foi o primeiro país da América Latina a distribuir computadores portáteis a todos os 300 mil alunos de ensino fundamental e médio de suas 2,3 mil escolas. O Plano Ceibal aumentou de 5% para 80% os índices de acesso a computadores e Internet nas famílias de baixa renda. Além disso, o Uruguai foi apontado pelas Nações Unidas como o primeiro no ranking de inclusão digital e transparência governamental.
Na Ásia, o exemplo inspirador vem da Malásia, onde a responsabilidade de viabilizar e manter a Internet nas escolas foi repassada para uma empresa privada, por meio de um leilão. Em contrapartida, ao conectar todas as escolas a organização deve colocar antenas de 4 GIGA em cada uma delas. O acesso à Internet é fornecido às escolas através da SchoolNet, uma colaboração nacional entre os ministérios do governo federal e empresas locais que fornecem acesso à rede. Além disso, a Malásia foi o primeiro país no mundo a criar uma plataforma única de personalização do ensino e da aprendizagem.
Nos Estados Unidos, o programa ConnectED, do governo Obama em parceria com grandes empresas, promete no mínimo 50 MEGA via fibra ótica por escola e wi-fi nas salas de aula. Mais recentemente, ao lançar o ConnectHome, que fortalece o uso educacional da Internet ao expandir seu uso também em todas as casas do país, o presidente americano declarou que o acesso à Internet não deve ser luxo e sim uma necessidade básica.