Começa 2014 e faltam apenas seis meses da Copa do Mundo. Desde 2011 foram diversos os debates abordando o legado de TI que o maior evento de futebol entre seleções irá deixar no país. E, infelizmente, nenhuma das conversas avançou, e estamos no mesmo patamar em que nos víamos antes.
Há tempos, tive a oportunidade de mediar um debate sobre como o país está se preparando na área de TICs para a Copa do Mundo de 2014. Representando o setor de TI, mediei um painel que ainda contou com a participação de Artur Coimbra de Oliveira, diretor do Departamento de Banda Larga do Ministério das Comunicações; João Moura, presidente executivo da TelComp – associação das operadoras de telecomunicações; e Rodrigo Meira, assessor do Ministério dos Esportes.
Em um debate envolvendo todos os players, tanto membros do governo como os representantes de entidades privadas de TI e Telecom, era essencial para um primeiro balanço da evolução da preparação do país no que diz respeito ao uso de recursos de TICs para a Copa do Mundo. A importância de se fazer esse balanço agora era justificada pelo fato que, se fosse necessário efetuar correções de rota, o prazo para identificá-las e conseguir implementá-las a tempo está praticamente no fim, o que não ocorreu de fato.
À época, o presidente da Telcomp foi muito feliz ao afirmar que, para tornar realidade o legado positivo que o governo promete deixar para o país após o mega-evento, não era possível deixar os planos para a implementação dos recursos de TICs para a última hora: nesse caso eles viriam num container antes do evento, e seriam devolvidos logo após, gerando apenas custos para o país.
Hoje é possível ver o que realmente tentávamos evitar: o tratamento das TICs foi comparado ao tratamento dispensado aos móveis e decoração dos estádios e demais locais envolvidos na Copa, que só depois de todas as obras civis prontas e inauguradas é que esses gastos são autorizados, e a entrega se dá em curto prazo, impedindo qualquer prazo para seu desenvolvimento – que bem sabemos como é necessário na área de TICs para dominar a tecnologia.
Outro ponto que ficou claro é que a área de TICs dentro dos estádios não foi contemplada como parte do projeto básico apresentado pelos construtores para a obtenção dos recursos financeiros.
Por fim, essa atitude se opõe à preocupação do governo com o legado que a Copa deixará para o país, que na área de TICs inclui o “desenvolvimento local de conteúdo específico para a Copa do Mundo”.
Embora este item seja parte dos objetivos elencados pelo governo, não houve qualquer ação até o momento para concretizá-lo e vemos o Brasil em um mesmo patamar aos discutidos em 2011, 2012 e até mesmo na urgência de 2013.
Roberto Carlos Mayer ([email protected]) é diretor da MBI,
vice-presidente de Relações Públicas da Assespro Nacional e presidente
da ALETI (Federação das Entidades de TI da América Latina, Caribe,
Portugal e Espanha)