Preço dos produtos orgânicos ainda é barreira para o consumo
Segundo pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), os brasileiros têm adotado mais ações relacionadas à conservação do meio ambiente no dia a dia. 81% dos brasileiros estão engajados em ter hábitos sustentáveis sempre ou na maioria das vezes (em 2022, eram 74%), mas ainda há espaço para expansão do consumo sustentável com base por exemplo nos produtos orgânicos.
Por exemplo, a compra de alimentos orgânicos é uma alternativa para praticar e adquirir novos hábitos sustentáveis diariamente, mas o preço mais alto dos orgânicos comparado aos convencionais faz com que seu consumo ainda seja um obstáculo para muitos consumidores. A pesquisa mostrou que 32% compram alimentos orgânicos só se não houver diferença no valor com os não orgânicos.
Mas algumas startups estão usando tecnologia para democratizar o acesso dos produtos orgânicos, oferecendo opções mais acessíveis
Diante deste problema, algumas startups vêm mudando a forma de democratizar o acesso a alimentos orgânicos, transformando subprodutos, sobras e ingredientes não convencionais em novos produtos ou refeições, e com isso, barateando o preço dos produtos.
A Diferente, principal foodtech de alimentos orgânicos do Brasil, é uma das companhias que está atuando para conscientizar e tornar esses alimentos mais acessíveis. Fundada em 2022, ela investe no modelo farm to table, em que compra diretamente de pequenos produtores itens extremamente frescos, colhidos entre 2 e 3 dias antes da entrega, e os revendem aos consumidores com preços até 40% mais baratos do que a concorrência – tanto de mercados tradicionais quanto os online.
Com o cliente podendo escolher se deseja receber semanalmente ou quinzenalmente, cada cesta pode conter de 20 a 50% dos itens “fora do padrão” e o restante “dentro do padrão”, mas sempre tudo orgânico.
“Temos o compromisso inabalável de redefinir o cenário alimentício no Brasil.
Estamos dedicados a combater o desperdício de alimentos e tornar os produtos orgânicos acessíveis a todos. Acreditamos que a mudança começa pela conscientização, e é por isso que investimos em iniciativas educacionais para empoderar as comunidades sobre a importância dos alimentos orgânicos e práticas sustentáveis.”, afirma Eduardo Petrelli, CEO e cofundador da Diferente.
Perfil das pessoas
No segundo semestre de 2023, a foodtech realizou a sua primeira pesquisa sobre o perfil das pessoas que consomem alimentos orgânicos. Entre outros dados, o levantamento revelou que 88% dos entrevistados buscam por alimentos orgânicos pensando na questão da saúde, enquanto 46% dos consumidores justificam a sua escolha em virtude da preocupação com o meio ambiente. A amostra, que contou com a participação de mais de 1.000 pessoas da Grande São Paulo, reforça a busca por um estilo de vida mais saúdavel como tendência em crescimento.
Redução no consumo de gorduras
Segundo Eduardo Petrelli, os resultados da pesquisa confirmam uma percepção antiga de que a população tem reduzido o consumo de gorduras, açúcares e alimentos com glúten e buscando por produtos mais saudáveis e livres de agrotóxicos. “É inegável que desde a pandemia o brasileiro tem focado mais na saúde e os orgânicos se tornaram uma opção mais acessível. Além disso, a população está mais consciente com relação ao meio ambiente e também vê uma maneira de contribuir com o ecossistema a partir do consumo desses itens”, explica.
A foodtech Diferente
Startup: Diferente, a maior foodtech focada no acesso a alimentos saudáveis na América Latina.
A startup entrega na casa dos clientes itens orgânicos e frescos até 40% mais baratos em relação aos preços praticados em mercados, ao mesmo tempo que combatem o desperdício alimentar. Isso porque parte das cestas são compostas também por alimentos que são perfeitos para consumo, porém considerados “diferentes” demais para irem às gôndolas dos supermercados.
Lançada no início de 2022, a foodtech já captou R$ 40 milhões e projeta forte expansão nacional nos próximos anos.
Especialista: Eduardo Petrelli. Antes de co-fundar a Diferente, o empreendedor foi um dos responsáveis pela criação do aplicativo James Delivery. além disso, liderou projetos no Grupo Pão de Açúcar, onde identificou o problema do desperdício de itens perecíveis nas gôndolas do varejo tradicional e se inspirou para criar a Diferente. É formado em Engenharia de Produção pela Universidade Católica do Paraná e pós-graduado em Business e Finance pela Universidade de Berkeley (EUA).