O Governo Federal recentemente publicou Portaria MCTI Nº 4.964, de 9 de julho de 2021, que lança o Programa InovaGrafeno-MCTI, que pretende estruturar o desenvolvimento do grafeno no país através de incentivos fiscais (Lei do Bem) e fontes de financiamentos (FINEP).
O Brasil é o terceiro produtor mundial de grafite, que pode ser quimicamente transformado em grafeno e seus derivados, os quais possuem grande apelo tecnológico, mas ainda carecem de extensas pesquisas e investimentos robustos para possibilitar a produção e aplicação em larga escala. Alguns impedimentos atuais relacionados à produção de grafeno estão ligados às poucas formas de sintetizar o material de forma econômica ou à dificuldade em reprodutibilidade de obtenção.
Através dos recursos investidos em atividades de pesquisa e desenvolvimento de inovação tecnológica pelas empresas que buscam beneficiamento pela Lei do Bem, o Brasil poderá ampliar a capacidade científica nacional em relação ao tema, principalmente quanto à superação das barreiras que dificultam o avanço de materiais de grafeno no mercado.
“A Lei 11.196/05, por exemplo, pode ser aplicada tanto para estudos estratégicos sobre novas aplicações do nanomaterial grafeno em áreas como: TIC, eletrônica e química – em projetos de Pesquisa Aplicada, quanto utilizada para incentivar projetos de Desenvolvimento Experimental, necessários para estruturar o desenvolvimento deste material no país”, explica André Moro Maieski, sócio-fundador da Macke Consultoria.
Thais Cheminski, mestre em Química na área de nanomateriais derivados do óxido de grafeno e Consultora Técnica de Negócios da Macke Consultoria, comenta que, para proporcionar viabilização de projetos de investimentos, uma ótima alternativa é a captação de recursos. “O aporte de recursos subsidiados é uma alavanca para que projetos de inovação como os de grafeno possam se desenvolver de forma eficiente e competitiva ante as empresas brasileiras”. A consultora ainda complementa que as iniciativas de apoio ao desenvolvimento em nanomateriais, como o grafeno, irão contribuir para a autonomia tecnológica do país, criando uma dinamização econômica e especialização do mercado nacional em diversos setores.
A Portaria MCTI Nº 4.964 estipula mecanismos de fomento amplamente utilizados para alavancar o Programa InovaGrafeno-MCTI
A nova portaria do MCTI indica os principais instrumentos e fontes de financiamento do Programa InovaGrafeno-MCTI, que poderão incluir:
Lei nº 11.196, de 21 de novembro de 2005 (Lei do Bem);
Lei nº 8.248, de 23 de outubro de 1991 (Lei da Informática/Lei das TICs);
Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP).
Com o Programa de Inovação em Grafeno, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), é previsto um cenário de desenvolvimento em ações governamentais na área de tecnologias em grafeno bastante otimista para investimentos estratégicos capazes de estruturar e vetorizar o desenvolvimento deste material. Com isso, é possível prever grande impulso na inovação na indústria brasileira no âmbito econômico e de especialização e expansão dos mercados.
Grafeno: material inovador e com grande potencial de crescimento no Brasil
O grafeno é um material mais forte que o próprio diamante, com estrutura plana que proporciona ótima condução elétrica, com excelentes propriedades térmicas, elevado poder de transparência e altamente impermeável. Seu formato é considerado um bloco de referência para construção de outros arranjos partindo do grafeno, como, por exemplo: fulereno, nanotubos de carbono, grafita, dentre outros.
Os compostos de grafeno possuem excelente versatilidade e aplicabilidade, as quais já vêm sendo amplamente exploradas em ramos tecnológicos de diversos campos de conhecimento e da indústria. Dentre as aplicações avançadas, pode-se citar: dispositivos mais finos e flexíveis, materiais com propriedades avançadas de superfície, inovações no ramo energético, dispositivos eletrônicos de alta performance, novas tecnologias em componentes de biossensores médicos, dentre muitas outras áreas de aplicação.
A potencialidade da fronteira tecnológica do grafeno deve ser aproveitada pelo Brasil, visto que dados do Ministério de Minas e Energia (MME) indicam que o país possui a terceira maior reserva de grafite natural do mundo, possuindo cerca de 70 milhões de toneladas. A produção ultrapassa mais de 100 mil toneladas por ano, onde a quantidade representa quase 27% da produção global de grafite.
Curiosidades sobre a história do grafeno
O grafeno foi descoberto em meados de 1940, pelo físico canadense Philip Russel Wallace, quando o pesquisador estudava teorias sobre a existência do grafite (precursor do grafeno). Philip suspeitava sobre a super-resistência do grafite, por conta das ligações de átomos de carbono, e sobre a estrutura de bandas do grafite.
Porém, apenas em meados de 2004, os físicos russos Andre Geim e Konstantin Novoselov conseguiram comprovar a existência de um material semicondutor de uma forma curiosa: colando e descolando uma fita adesiva em uma lâmina de grafite. Cada vez que a fita era aplicada ao grafite, uma camada de “grafeno” era depositada na fita. Esta camada era uma única e fina quantidade de átomos de carbono, a qual mantinha sua estrutura sem alterar a condutividade. Essa descoberta proporcionou aos cientistas o Prêmio Nobel de Física de 2010.
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