O achado ocorreu no âmbito de uma escavação arqueológica preventiva, executada pela Dryas Arqueologia – num local destinado à construção de um parque de estacionamento subterrâneo – e abre caminho a uma investigação mais profunda sobre o modo de vida e o tratamento mortuário dado a estas pessoas nos tempos da escravatura.
Os esqueletos dos escravos africanos que encontramos em Lagos foram inumados numa lixeira que funcionou entre o século XV e o século XVII. Na realidade, não podemos falar de um verdadeiro cemitério de escravos, porque na maioria dos casos os corpos foram descartados, mas alguns deles há também sinais de ter havido cuidado na forma de depositar os cadáveres, colocados inclusivamente em posições que evocam os seus cultos de origem africanos.
Que outros passos serão dados na pesquisa?
A curto prazo, o mais importante é dar seguimento aos estudos que estamos a realizar em conjunto com investigadores e cientistas da Universidade de Coimbra, no âmbito de um projeto financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian. Isto porque estes estudos são o primeiro passo para um programa de pesquisa mais amplo e vão permitir aumentar o conhecimento existente acerca do modo de vida e do tratamento mortuário a que estas pessoas foram sujeitas, bem como da própria História do tráfico de escravos africanos.
Por ANA RITA CORREIA/CATARINA FERREIRA
Numa breve entrevista ao Boas Notícias, Maria João Neves explicou a singularidade desta descoberta e falou da história escondida por trás dela.