O modelo SDN (Software Defined Network) marca o fim do império das redes rígidas e o início da era da infraestrutura física compartilhada, com custo menor e transferência da inteligência para a camada de software; pesquisa da Wiretap Ventures indica que, até 2018, este novo mercado vai valer US$ 35 milhões
O impacto econômico do modelo SDN (Software Defined Network, rede definida por software) é tremendo e vai mudar a face do mercado global de TIC para sempre. Quando essa cultura se estabelecer plenamente, os projetos de infraestrutura de TIC poderão custar de 20 a 40% a menos do que custam hoje. Isso significa pagar muito menos pelo hardware – que, com o SDN, vira commodities e será compartilhado de forma virtual –, desembolsar um preço justo pelo software e, acima de tudo, economizar tempo e dinheiro nas fases de projeto, implementação e trouble shooting. Com o SDN, o período entre o projeto e a entrada em operação de uma rede corporativa – com todos os ajustes, testes e garantias de segurança que se fizerem necessários – passa de meses para dias.
Uma pesquisa da Wiretap Ventures para a comunidade independente SDN Central mostra que muitos novos projetos de infraestrutura já nascem, hoje, compatíveis com a visão SDN, mesmo que essa visão ainda não esteja plenamente implementada. Segundo esse levantamento, o mercado SDN valerá 35 bilhões de dólares até 2018; a cada projeto que estará sendo criado e colocado em produção naquele ano, entre 30 e 40% dos gastos serão com soluções SDN.
Por trás de expectativas como estas está a situação atual das redes corporativas. O relatório Network Agility Research 2014, do instituto de pesquisas Dynamic Markets, é fruto de uma pesquisa realizada ao longo de 2013 com grandes corporações da América do Norte e da UK. Só entraram no processo empresas com 250 ou mais funcionários que, a cada janela de manutenção, têm realizado uma média de 10 ações de mudança (change) na rede corporativa.
Erros de projeto e configuração podem derrubar a rede
Os resultados deste relatório apontam para redes rígidas e engessadas, incapazes de atuar como uma infraestrutura fluida, aptas a dar plena vazão aos novos processos de negócios das empresas. O relatório aponta, por exemplo, que o tempo médio da janela de manutenção de uma rede é de 27 dias. Das empresas pesquisadas, 82% sofreram downtime por causa de erros na configuração da rede. Ficou claro, ainda, que 1/5 do downtime das redes é causado por imprecisão de projeto e configuração.
Diante de uma realidade como esta, o SDN pode ser uma saída. A força do SDN está em transformar o hardware de rede em um ambiente programável, e programável por software. As configurações mais usadas de roteadores, switches e controladores de entrega de aplicações (ADC), por exemplo, estarão disponíveis no software SDN como uma linha de menu, um template que, acionado, automatiza todo o processo de implementação da nova tecnologia. A cada novo desafio de negócios e seu impacto sobre a rede, a camada SDN pode ser programada, com muita rapidez, para provisionar uma nova, testada e segura configuração de rede.
Repetibilidade X configuração manual das redes
Trata-se de aplicar um dos conceitos chave das indústrias manufatureiras – a repetibilidade – a uma área que, antes, vivia projeto por projeto, de forma artesanal e manual. Muitas redes foram criadas para serem rígidas, incapazes de passar por rápidas e fluidas configurações. Essa realidade faz com que, em alguns casos, a área de TIC fique há anos-luz do que acontece no mundo dos negócios, onde as mudanças são rápidas e, muitas vezes, mortais.
O ambiente SDN, ao contrário, é a natural continuidade da computação em nuvem e, acima de tudo, da virtualização, tendência que começou com servidores e hoje atinge todos os segmentos, inclusive os data centers. O SDN traz para a corporação a capacidade de ter uma área de TIC que responde com agilidade, segurança e controle aos novos desafios de negócios. Na verdade, o SDN marca o fim da era das redes rígidas e o início da era das redes projetadas e implementadas com leveza, ambientes aptos a responder com a máxima agilidade a todas as demandas do negócio e da tecnologia.
[author image=”https://overbr.com.br/wp-content/uploads/2014/05/overbr.com_.br_1.jpg” ]André Mello
Atualmente é Country Manager da F5 Networks Brasil.[/author]