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Mercado empreendedor segue desafiador para startups

por Paulo Fernandes Maciel

Mercado empreendedor segue desafiador para startups, mas oportunidades e recursos continuam disponíveis


Em um momento de cautela para o mercado empreendedor diante do atual cenário político e econômico, soluções inovadoras e de resultados imediatos, como a automatização de processos e a racionalização de custos, podem ser importantes diferenciais para que jovens empresas se destaquem

O empreendedorismo e o universo das startups sempre foram fundamentais para a transformação dos mercados. Em um contexto cada vez mais competitivo e desafiador, a inovação deixa de ser apenas um diferencial e se torna elemento essencial para a sustentabilidade dos negócios. Seja na indústria, nos serviços ou no agronegócio, incorporar tecnologias, repensar processos e adotar modelos mais ágeis é o que permite ganhos reais de eficiência, produtividade e impacto.


Embora seja indispensável, o empreendedorismo é sensível às oscilações políticas e econômicas e, em cenários de instabilidade, acaba sendo diretamente afetado, como vimos ao longo do último ano. Após um período de forte expansão, o mercado empreendedor e o ecossistema de startups adotaram uma postura mais cautelosa.

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No agronegócio


O agronegócio é um exemplo prático de como os movimentos do mercado empreendedor que podem impactar o desenvolvimento de inovações. Nos últimos anos, o produtor rural perdeu grande parte de sua margem de contribuição. Na região do MATOPIBA, composta por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, em 2023, as margens médias variavam entre 30% e 34%. Atualmente, esse índice caiu para cerca de 18%, o que torna o produtor mais cauteloso com investimentos e tomadas de decisão.


Em outros estados, a situação é ainda mais crítica. Segundo a ProConsult, consultoria que realiza pesquisas no Brasil e no exterior, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Mato Grosso apresentam hoje as menores margens finais, que variam entre 2% e 4%. “Isso significa que algumas estruturas já operam no prejuízo”, afirma Pompeo Scola, CEO da Cyklo Agritech, aceleradora de startups e especialista em inovação.


Com essa redução, o Brasil do agro, que vem diminuindo sua lucratividade nos últimos dois anos, também deve impactar o mercado de startups. “Em momentos de grandes margens, a tendência é que produtores invistam mais e testem mais inovações. Por outro lado, quando a margem encolhe, as soluções de rápida resposta e redução imediata de custos se tornam prioritárias”, destaca Scola.


Seleção criteriosa e expansão


Diante dessas movimentações do mercado, a Cyklo, nos últimos dois anos, passou a priorizar em seu processo seletivo startups alinhadas a essa nova realidade, ou seja, negócios com produtos e serviços capazes de gerar resultados práticos e rápidos.
Segundo Scola, é fundamental que startups desenvolvam um modelo de negócios que permita pulverizar vendas, evitando dependência de regiões tradicionais. “Felizmente, as startups que desenvolvemos já têm esse DNA de autossobrevivência e muita resiliência”, reforça.

Demanda por inovação


Como a demanda por inovação não se restringe ao agronegócio, a Cyklo está expandindo, neste ano, sua atuação para outros segmentos da indústria. Com a abertura de uma nova filial em Joinville, o objetivo é apoiar empresas catarinenses com a expertise acumulada no setor agro. “Em conversa com a FIESC, soubemos que o estado terá déficit de cerca de 54 mil trabalhadores para suprir a demanda industrial. Santa Catarina tem hoje apenas 2% de desemprego, há escassez real de mão de obra”, explica Scola.


Esse cenário impulsiona a necessidade de automatização de processos, incluindo logística e robotização de funções operacionais. “Por isso, nosso edital deste ano terá forte foco em soluções tecnológicas, como robôs, que possam substituir atividades pesadas e repetitivas”, completa.
Essa tendência integra o movimento conhecido como IndTech — tecnologias voltadas à automação de processos industriais. “Esse é o caminho do empreendedorismo para os próximos quatro anos. Startups que tragam soluções capazes de automatizar rotinas e reduzir custos de maneira rápida terão chances muito maiores de sucesso”, acrescenta.


Recursos disponíveis


O Senai de Santa Catarina, por exemplo, possui acesso a recursos de programa como Finep e Embrapii e outros, para investir em bons projetos. Se a startup tiver consistência e necessitar de apoio financeiro, a instituição pode se tornar parceira na formatação do projeto e ainda disponibilizar cientistas e equipes de suporte para aprofundar estudos na vertical desejada.
Segundo Scola, as aceleradoras estavam distantes de ecossistemas mais estruturados, e a tendência agora é replicar o movimento da Cyklo ao montar operações em Santa Catarina, em parceria com o Senai. “Essa é uma tendência natural para fortalecer o empreendedor e motivá-lo. Além do recurso próprio da aceleradora, ele passa a ter acesso a um ambiente com mais possibilidades e menor concorrência”, finaliza.

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