O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou em seu relatório Monitor Fiscal que a dívida pública bruta do Brasil deve avançar dos 84,7% do PIB em 2023, para 86,7% em 2024, e projeta para 2025 e 2026, uma dívida pública bruta de 89,3% e 90,9% do PIB respectivamente, aumentando o risco de calote, dificultando a obtenção de dinheiro no mercado e aumentando a taxa de juros da dívida.
Com o crédito mais caro, a inflação elevada e a redução do poder de compra da população, as empresas estão apertando os cintos, mas nem sempre é o suficiente.
Os 983 pedidos de falências distribuídos em 2023 representam um aumento de 13,5%, em comparação aos 866 registrados em 2022, enquanto os pedidos de recuperação judicial cresceram quase 70% no mesmo período, ultrapassando o patamar de 1.400 pedidos, como apurado pelo Serasa.
De acordo com levantamento realizado pelo Serasa, de janeiro a maio deste ano foram realizados 363 pedidos de falência e 837 pedidos de recuperação judicial, das quais 676 foram deferidas.
Segundo Ricardo Vivacqua, sócio fundador da Vivacqua Advogados, “a recuperação judicial é um remédio que serve para a empresa ganhar fôlego, seja para viabilizar a superação de crise econômico-financeira mediante reestruturação a ser realizada em um ambiente de negócios diferenciado ou para se reinventar, adequando seu modelo operacional a uma nova realidade. Mas a recuperação judicial não pode ser vista como único remédio para o momento de crise das empresas, pois existem outros mecanismos que podem se adequar melhor ao momento da empresa”.
O setor econômico com maior número de requerimentos de recuperação judicial em 2023 foi de serviços com 651 pedidos, seguido pelo de comércio com 379 pedidos, muitos deles realizados por redes varejistas, já vinham combalidas pela pandemia, inflação, altas taxas de juros e mudança do hábito de compra dos consumidores, que atualmente preferem o e-commerce ao varejo físico.
No Brasil o e-commerce que movimentou R$ 69,88 bilhões em 2018, fechou 2023 com faturamento de R$ 185,7 bilhões, e a estimativa é que em 2028 atinja R$ 277,81 bilhões, o que coloca o mercado brasileiro desde 2022 entre os 10 com maior expectativa de crescimento.
Para José Campello, da Vivacqua Advogados, que atua a mais de duas décadas no mercado varejista, “além da concorrência on-line e a mudança nas preferência do consumidores, colaboraram também para o atual cenário vivido pelo varejo nacional o endividamento excessivo, a imobilidade ou resistência à mudança, os custos operacionais elevados, a gestão financeira inapropriada e as mudanças no ambiente regulatório e econômico”.
Afirma Campello que “existem boas possibilidades das redes varejistas superarem este momento, mas para isso é necessário ir até seu cliente, atraí-lo e fidelizá-lo, isso não acontece mais na porta da loja física, mas sim no ambiente virtual, nas redes sociais quando o consumidor se depara com o perfil da loja ou com um anúncio pago e faz a compra sem sair do canal em que se encontra, mas para isso é necessário se adaptar a atual realidade, não basta ter vários canais de atendimento, eles precisam ser integrados, de forma que o consumidor não veja diferença entre o mundo on-line e o off-line, esta integração, conhecida como ‘omnichannel’ é uma estratégia que busca a sinergia entre as lojas físicas, virtuais e compradores”.
E conclui Campello, “mas se reconectar com os antigos clientes e se conectar aos novos clientes, não é o suficiente, além disso a rede varejista deve adequar sua operação a nova realidade mercadológica, torná-la eficiente sob o aspecto financeiro e operacional, para se tornar competitiva neste novo mercado, o que normalmente importa na reestruturação de seu passivo e no redimensionamento de sua estrutura e quadro de colaboradores”.
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