Projeto está entre os 10 finalistas da 9º edição do Solve For Tomorrow Brasil, conhecido por estimular alunos e professores da rede pública a criarem soluções para demandas locais
Um grupo de cinco alunos do Centro Territorial De Educação Profissional Do Sisal II, na cidade de Araci, Bahia, está concorrendo à 9ª edição do programa Solve For Tomorrow Brasil com um projeto com foco no desenvolvimento de luvas a partir do bioplástico produzido com uso do sisal, uma planta orgânica cujo nome científico é Agave sisalana. O protótipo está entre os 10 finalistas do programa global da Samsung, que tem coordenação geral do Cenpec e estimula alunos e professores da rede pública a criarem soluções inteligentes para demandas das comunidades onde vivem, por meio da abordagem STEM (sigla em inglês para Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática).
A ideia do protótipo surgiu em uma aula de laboratório, quando os alunos foram questionados sobre a demanda de lixo produzido em ambiente laboratorial, principalmente de luvas. “Nosso objetivo foi usar o sisal porque se trata de um material pouco valorizado localmente, mas que é exportado ou enviado para cidades maiores. Queremos agregar valor ao produto local e produzir bioplástico a partir dele, criando matérias de uso geral, como as luvas. Pensamos nessa solução principalmente porque a pandemia gerou um aumento na demanda por equipamentos de proteção individual (EPIs)”, explica Pachiele da Silva Cabral, professora de anatomia e fisiologia e orientadora da equipe.
Em período de testes, o protótipo idealizado pela equipe está na metodologia inicial de produção do bioplástico. Já foram realizados testes com materiais comuns, usados no dia a dia, como o amido. Os alunos também utilizaram o uso do ácido acético e, claro, do sisal. Após a produção do bioplástico, o desafio é outro: moldá-lo para alcançar o formato de luvas e iniciar a produção das mesmas.
“O sisal dá mobilidade e maior resistência para a produção das luvas. Além disso, a planta tem uma substância chamada linguinina, que a protege contra pragas. Isso torna desnecessário o uso de agrotóxicos. Dessa forma, nossa expectativa é que a luva seja feita a partir de material biodegradável e tenha ação microbiana, matando vírus e bactérias que entrem em contato com as luvas”, explica Pachiele.
Agora em período de mentoria, os alunos do 1º ano de análises clínicas estão recebendo orientação para aplicar possíveis melhorias a seu protótipo. Para Pachiele, esse é um período importante do projeto porque o mentor mostra os caminhos que podem ser percorridos pela equipe. “A etapa de mentorias é muito positiva, já que o mentor traz questionamentos às ideias apresentadas pelos alunos. Ele costuma apontar o que pode ser feito e o que pode ser repensado dentro do projeto. E tudo isso levando em conta também as limitações de escolas que não têm laboratório ou equipamentos adequados para pesquisa científica”.
“Observar a falta de EPIs e trazer alternativas para essa demanda, faz com que esses alunos mostrem novas formas de combate a doenças, contribuindo para a saúde e bem-estar da população e dos profissionais de saúde. Essa é também uma alternativa com forte impacto na economia local, uma vez que o projeto agrega valor ao uso de uma planta típica da região”, afirma Anna Karina Pinto, diretora de Marketing Corporativo da Samsung Brasil. “O Solve For Tomorrow está entre as iniciativas criadas pela Samsung em âmbito global para capacitar futuras gerações e ajuda-las a alcançarem seu potencial máximo por meio da educação. Essas iniciativas fazem parte da nossa visão global de Responsabilidade Social, a ‘Together for Tomorrow! Enabling People’”.
Beatriz Cortese, Diretora Executiva do Cenpec, destaca a intersetorialidade e o alcance da proposta da equipe. “O projeto conjuga as necessidades e possibilidades locais com um desafio que, na verdade, é global: como reduzir o impacto do descarte de EPIs. Estamos diante de uma equipe formada por uma professora e por estudantes da educação básica propondo uma solução para além do ambiente escolar, nos campos da saúde pública e da sustentabilidade”.
Pachiele conta que os alunos ficaram muito felizes de participar do Solve For Tomorrow Brasil com destaque entre os 10 finalistas da edição. “O fato de terem sido selecionados, mostra que tudo é possível. E como professora, eu sempre tento mostrar que o mundo é grande e que as ideias deles devem ser colocadas em prática. O Solve For Tomorrow traz à tona o que acreditamos enquanto educadores: que existe relevância em tirar nossas ideias do papel. Principalmente porque é nesse tipo de trabalho que eles colocam em prática todo o conhecimento adquirido em sala, adicionando os saberes de todas as disciplinas. Eles acabam aprendendo bem mais através de iniciativas como esta”, conclui.
Solve For Tomorrow
O Solve For Tomorrow está no Brasil desde 2014 e, na edição atual, tem uma programação diversa composta por webinars, workshops e mentorias para ajudar os participantes a alcançarem seus objetivos aplicando possíveis melhorias a seus projetos. No total, a iniciativa já envolveu mais de 168.559 estudantes, 36.420 professores e 6.049 escolas públicas. E em 2022, registrou um aumento de 65% no número de alunos inscritos, em comparação ao ano anterior.
A edição brasileira do Solve For Tomorrow conta com uma rede de parceiros, como a representação no Brasil da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO no Brasil), da Rede Latino-Americana pela Educação (Reduca) e da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI), além do apoio do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e a coordenação geral do Cenpec.
Para saber mais sobre o programa, acesse https://respostasparaoamanha.com.br/ ou acompanhe o Solve For Tomorrow nas redes sociais. A iniciativa está presente no Facebook, Instagram e YouTube.