Plantações de milho, soja e hortaliças, entre outras, dependem de um elemento em comum para se tornarem mais resistentes às mudanças climáticas e menos vulneráveis ao ataque de pragas: o potássio. Como um mineral essencial para o processo de fortalecimento do solo, o potássio ajuda a garantir a qualidade das plantações, colaborando para o seu tamanho e formato, além de impactar diretamente no preço dos alimentos.
Aliás, dados divulgados pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) e publicados pela Folha de S. Paulo mostram que a inflação dos alimentos avançou 11,7% no primeiro semestre de 2022 – o maior percentual para o período nos últimos 28 anos. No acumulado dos últimos 12 meses, enquanto a inflação média teve alta de 11,7% em São Paulo, os preços dos alimentos subiram cerca de 20,1%, ainda de acordo com a Fipe.
Matt Simpson, CEO da Potássio do Brasil, empresa que atua com extração e tratamento do minério de potássio, conta que o potássio pode ser utilizado em conjunto com outros nutrientes, como Fósforo e Nitrogênio, a depender da condição em que está a plantação, de maneira a fornecer de forma equilibrada os nutrientes necessários para a plantação.
A continuidade da guerra na Ucrânia, iniciada no dia 20 de fevereiro, preocupa empresas do agronegócio, que dependem de elementos como o minério de potássio que, de acordo com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), vêm, em sua maioria, da Rússia e de Belarus. A participação do agro no PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro foi de 27,4% em 2021, a maior desde 2004, de 27,53%.
De acordo com uma pesquisa feita por pesquisadores da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) o Brasil tem reservas que poderiam garantir o abastecimento de potássio até 2100. Destas reservas, dois terços se concentram nos estados de Sergipe, São Paulo e Minas Gerais, conforme informou o professor Raoni Rajão, do departamento de Engenharia de Produção da UFMG, em entrevista à CNN Brasil.
Pesquisa investigou ciclo do potássio
Durante oito anos, a Potássio do Brasil estudou o mercado e a região onde a empresa opera com o objetivo de identificar os depósitos minerais de potássio, as particularidades do negócio e as necessidades do Brasil em relação ao minério.
Simpson explica que o potássio é encontrado em uma rocha chamada silvinita, que pode ser encontrada a 800 metros de profundidade. “Essa rocha é composta por Cloreto de Potássio e Cloreto de Sódio (sal de cozinha) e foi formada pela evaporação dos mares há milhares de anos. Equipamentos serão usados para abrir galerias subterrâneas para chegar à silvinita e coletar o material”, detalha.
Ainda segundo o CEO da Potássio do Brasil, a silvinita extraída do subsolo é levada para a superfície moída. Os grãos recebem uma injeção de água quente para dissolver o cloreto de potássio presente na silvinita. Depois, a água é resfriada, fazendo com que o sal volte ao estado sólido e se separe do líquido. O cloreto de potássio obtido neste processo é utilizado como fertilizante.
“Os fertilizantes elaborados com o potássio enriquecem o solo, tornam as lavouras mais resistentes a pragas e ajudam a melhorar a qualidade dos produtos obtidos. Além do mais, o potássio tem uma contribuição direta para a alimentação dos brasileiros, já que, por meio dele, os alimentos chegam à mesa da população enriquecidos pelo minério, o que é essencial para a saúde humana”, explica Simpson.
Para concluir, o CEO destaca a questão da reutilização que pode – e deve – ser explorada no trabalho com potássio: “O cloreto de sódio, que está junto com o potássio encontrado na rocha, também é comercializado, aumentando a utilização do que é colhido. O que não é aproveitado, será armazenado e, mais tarde, utilizado para fechar as galerias subterrâneas”, finaliza Simpson.
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