O Brasil é um dos países no mundo que mais gera resíduo plástico e diversas organizações têm repensado tanto o consumo quanto o descarte do material à medida que pautas ecológicas passam a compor cada vez mais o debate público e político. De acordo com o relatório “Solucionar a Poluição Plástica: Transparência e Responsabilização”, apenas 1,3% das 11,3 milhões de toneladas de plástico são recicladas no Brasil. Em termos globais, a pesquisa Perspetivas Mundial do Plástico aponta que mais de 90% do plástico no mundo não é reciclado.
A perspectiva da esfera pública é de atenção e cuidado em relação ao material. A WWF (Word Wild Fund for Nature) divulgou dados de uma pesquisa realizada pela Ipsos, apontando que uma média de 90% das pessoas entrevistadas em 28 países são a favor de um tratado global de plásticos para combater a crise causada pela poluição dos resíduos no meio ambiente. Segundo o relatório, os países latino-americanos lideram em termos de preocupação com ações de menor impacto que os resíduos causam, tendo 93% dos entrevistados mostrando interesse. Em seguida estão os países da Europa e Ásia.
A pressão das organizações ambientais, assim como a conscientização da população global, faz com que grandes corporações e multinacionais de diversos setores como mineração, alimentos e cosméticos, repensem e tracem estratégias de redução de danos que há tempos perpetuam no globo. É o caso da Unilever, por exemplo, fabricante mundial de bens de consumo, que utiliza em larga escala embalagens plásticas e inseriu, no último dia mundial da reciclagem, 17 de maio, outras 10 toneladas de plástico reciclado na confecção de embalagens de produtos de limpeza e cosméticos de marcas da companhia. Tal iniciativa tem a ver com a estratégia de negócios da Unilever Compass assim como contribui com projetos como o Movimento Repense o Plástico e demais agendas organizacionais que tem por objetivo, se não findar, repensar estratégias globais para o reaproveitamento máximo de resíduos plásticos da natureza.
Zita Oliveira, gerente de sustentabilidade da Unilever para a América Latina, afirma que a redução do uso de plástico virgem, substituído pelo material reciclado e reciclável no portfólio, faz com que a maioria das marcas de cuidados com a casa e cuidados pessoais da companhia apresentem avanços na agenda do plástico e comecem a atingir uma das principais metas da companhia: utilizar minimamente 25% de plástico reciclado nas embalagens até 2025.
Essa iniciativa vai à esteira de outras empresas que buscam se adequar cada vez mais às pautas de sustentabilidade, seja no âmbito do plástico, seja em demais esferas ambientais, como o impacto que os produtos causam na fauna e flora local.
“O consumidor já está mais exigente e, com isso, suas expectativas com relação ao papel das empresas em suas vidas aumentaram significativamente. As novas gerações apresentam maior preocupação e vínculo com questões sociais e buscam empresas e marcas que estão dispostas a unir objetivos do negócio aos objetivos da sociedade”, aponta Oliveira. De fato, a procura por uma sustentabilidade maior através do consumo de empresas conscientes é o mote da geração Z (nascidos na segunda metade dos anos 1990 até o ano 2010).
“Pesquisas recentes, como a da Nielsen, de 2019, deixam claro que 94% dos brasileiros acham importante que as empresas invistam em projetos de proteção ao meio ambiente. Aliás, essas pessoas estão dispostas a pagar até 73% mais caro por marcas que se preocupem com questões ambientais”, afirma a executiva. Sua perspectiva é de que as marcas devem criar uma relação de confiança com o consumidor, principalmente através de ações sustentáveis que influenciem hábitos igualmente sustentáveis e o consumo consciente.
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